A Parashá dessa semana inclui a lei das cidades de refúgio; seis cidades em Israel para as quais todos aqueles que matassem alguém acidentalmente pudessem se refugiar e se salvar dos parentes das vítimas que poderiam, por direito, se vingar de acordo com a lei da Torá.

As cidades, certamente, não existem hoje quando esse tipo de vingança é proibida.  Mas, estranhamente, nossa parashá conta que Mashiach renovará essas cidades e ainda acrescentará três delas, chegando a um total de nove cidades de refúgio.

Por que serão necessárias cidades de refúgio quando Mashiach chegar e inaugurar uma época de paz?

Para entender aqui está uma história.

O Rabino Eliezer Sandler era o rabino chefe do exército Sul Africano.  Ele não gostava de brincadeiras e não tinha paciência para historias de milagres de Rebe e Chassid.  Ele dizia: “D’us faz milagres, Moshê e Eliahu o profeta faziam milagres, mas rabinos apenas dão conselhos e lideram congregações, eles não fazem milagres!”

Mas quando sua esposa estava tendo problemas na sua gravidez e todos os médicos disseram que ela deveria abortar, ele começou a pensar diferente.

Eles fizeram diversas consultas a diversos especialistas. E para agravar a situação, os exames de ultrasom revelaram que eram gêmeos! Os médicos lhe asseguraram que no futuro poderiam ter mais bebês, mas que no momento a gravidez deveria ser interrompida. Mas algo lhes dizia que deviam persistir na gravidez.

Rabino Sandler tinha muitos conhecidos que eram chassidim de Chabad e um deles era o famoso palestrante, Rabino Iossef Weinberg, de Nova York, uma grande personalidade nos estudos de Torá. Ele abriu seu coração ao Rabino Weinberg que assegurou-lhes que enviaria um pedido de bênção ao Rebe, o que fgez imediatamente.

A ligação deve ter sido rápida, pois apenas poucas horas depois houve uma batida na porta do Rabino Sandler, com um mensageiro anunciando um telegrama para o Rabino Sandler. Ele o aceitou e abriu imediatamente.  Era do Rebe de Lubavitch e estava escrito: “Rezarei para isso no túmulo de meu sogro.  Seria melhor se o senhor verificasse seus Tefilin e Mezuzot.”

Ele pensou que o Rebe mandaria uma benção ou coisa do gênero e só... para que verificar os Tefilin?

Naqueles dias (1977) ninguém jamais pensaria ou sonharia que Tefilin ou Mezuzot tinham alguma influência no mundo de verdade.  Eles eram rituais ou costumes.  Certamente não se comparavam à realidade.

Mas ele não tinha outra alternativa.  Faria de tudo para evitar o aborto e essa tinha sido a única opinião positiva que havia recebido. Ele removeu as Mezuzot de todas as suas portas, as colocou numa sacola junto com seus Tefilin, foi para o melhor Sofer (escriba) que conhecia e lhe entregou tudo.
O Sofer não quis aceitar a responsabilidade, pois não queria ser responsável pela vida de bebês, mas acabou aceitando.

Ele falou para o rabino retornar no dia seguinte e foi trabalhar.  Uma hora depois o telefone da casa do rabino tocou.  Era o Sofer com uma mensagem urgente.
“Rabino, o senhor tem que vir imediatamente ver isso!  Imediatamente!”

Ele correu ao encontro do Sofer assustado. O escriba estava segurando o pergaminho e apontou o erro.  Todas as letras estavam perfeitas e com um preto brilhante, a não ser por uma única letra; na frase que fala sobre ‘dar a luz’, a palavra ‘peter’, de ‘peter rechem’ (‘abrindo o útero’) estava completamente borrada e estava irreconhecível.

Rabino Sandler imediatamente comprou os pergaminhos mais caros que o Sofer tinha para venda, pediu para ele colocar nas suas caixas de Tefilin e voltou para casa.  Logo depois, no exame de rotina de sua esposa, os médicos ficaram extremamente intrigados sem entender como, sem a menor ideia do que viam em frente aos seus olhos: todos os riscos que envolviam a continuidade da gravidez de sua esposa  simplesmente não existiam mais. 

Dois meses depois sua esposa deu a luz a dois gêmeos lindos e saudáveis.


Isso responde à nossa pergunta.  As Cidades Refúgio não eram lugares apenas para propiciar o salvamento físico.  De acordo com a Torá, a lei de um assassino acidental também estava ligada à se fixar por um tempo em um ambiente espiritual capaz de refinar uma alma, fazendo a pessoa refletir e arrepender-se de seus atos, mesmo que involuntários, curando-a.

Nosso mundo físico está diretamente conectado ao mundo espiritual; as letras do Tefilin e a bênção do Rebe trouxeram uma retificação. Portanto, na Era Messiânica quando a prioridade da humanidade será apenas seu aperfeiçoamento espiritual, haverá a necessidade de mais cidades de refúgio.  Elas estarão lá para aqueles que acidentalmente ‘matarem’ sua alma espiritual e quiserem restabelecê-la.