Traduzido de L´Chaim Weekly
Adaptado das obras do Rebe de Lubavitch.
Devar Malchut – As Palavras do Rebe
O quarto livro da Torá, Bamidbar, que literalmente significa “no deserto”, é conhecido como o Livro dos Números. Isso porque o primeiro mandamento nele registrado é o de fazer um censo da população judaica no deserto. O comentarista bíblico, Rashi, explica que é óbvio que D’us sabia quantos judeus havia, sem precisar contá-los. Emitiu essa ordem, porém, para demonstrar Seu grande amor pelo povo judeu.
Como é que o recenseamento expressa amor?
Com uma análise superficial, parece ocorrer justamente o contrário. Ao se fazer um censo, não se faz distinção entre um indivíduo simples e outro importante. As qualidades e características inatas são totalmente ignoradas, cada um é idêntico, na contagem. Os poderosos e os humildes, cada um é uma unidade.
Porém, é precisamente com o ato da contagem que se expressa o conceito de amor. Quando um censo é realizado, não se leva em conta os talentos e as qualidades das pessoas recenseadas. O que importa é a característica inata, essencial, comum a todas elas. Cada judeu vale exatamente um porque, do ponto de vista da característica fundamental, cada judeu é exatamente igual ao próximo.
Como avaliamos nosso semelhante?
Podemos julgá-lo de acordo com seus talentos e habilidades, preferências, posição social, situação econômica. De acordo com tais padrões, os indivíduos são genuinamente diversos uns dos outros, e cada um distingue-se pelas circunstâncias em que se encontra. Mas tais características são apenas temporárias. O rico pode perder sua posição, se perder sua riqueza, e o sábio será esquecido, se seu conhecimento não tiver mais utilidade.
Mas se julgarmos nosso semelhante, não por esses critérios exteriores, e sim pela qualidade comum, essencial, que o classifica como “pessoa” – não haverá diferenças entre um e outro. Cada um de nós tem os mesmos traços, em grau idêntico.
Agora podemos começar a entender por que a mitsvá (mandamento) de contar os judeus demonstrava o amor que D’us tem por eles. Poderíamos pensar, equivocadamente, que D’us só gosta dos judeus em virtude de seus traços de caráter, ou por terem aceito a Torá, ou por suas boas ações. Se fosse assim, o amor de D’us pelos judeus seria limitado e dependeria dessas características. O que aconteceria se os judeus parassem de realizar a vontade de D’us? Será que D’us deixaria de amá-los?
Quando D’us ordenou que os judeus fossem contados, estava enfatizando que Sua relação com eles não está baseada em características externas. Apóia-se no fato de que cada indivíduo tem sua qualidade judaica essencial, que está presente em cada um de nós, de maneira idêntica. É como se D’us afirmasse: “Do Meu ponto de vista, amo a todos vocês igualmente, e não há, absolutamente, diferenças entre vocês, nem mesmo entre o justo e o pecador. Amo cada um de vocês igualmente, como amo a característica judaica íntima que cada um de vocês possui em igual intensidade.”
Esse conceito ainda serve para nos preparar, através da união e do amor ao próximo, para a Outorga da Torá, em Shavuot. A Parashá desta semana, Bamidbar, lembra-nos do verdadeiro valor de cada judeu e da igualdade de cada membro da nação judaica.
Clique aqui para comentar este artigo