“E ocorreu no terceiro dia quando a manhã nasceu, houve trovão e relâmpago... e a nação inteira que estava no campo estremeceu.” (Shemot 19:16)
Apenas para instilar medo, a tempestade com trovões e relâmpagos, que acompanhou a outorga da Torá, foi inteiramente supérflua. Certamente, a revelação do próprio D'us, no Sinai, como declara o versículo (20:19) “vocês viram que Eu falei com vocês do céu”, deixou, sobre o povo judeu, profunda reverência e assombro, ainda maior que o medo físico, causado pelos trovões e relâmpagos! Na verdade, essa explosão de som e luz não foi a causa do drama na outorga da Torá, mas num outro sentido, seu efeito; refletiu a chocante e surpreendente descoberta espiritual, que o mundo sentiu naquele notável momento.
O Midrash (Tanchuma Vaerá 15) descreve a revelação de D'us, no Sinai, como a quebra de um "decreto" e a divisão que separou “os reinos mais altos e os reinos mais baixos” – a realidade espiritual mais alta e o mundo físico. Até o ocorrido no Monte Sinai, a “verdade” da realidade física e tangível não era para ser questionada. Na outorga da Torá, no entanto, aquela percepção foi abalada, e nos foi mostrado que a verdade de toda a existência é derivada de D'us, o Um.
O golpe que foi desferido no Sinai, para a visão mundial da realidade, pode ser comparado ao choque e convulsões interiores, sentidos por alguém, que descobre que tudo que sabe, até então, é uma mentira, e tudo é o oposto daquilo que achava ser.
O alarmante estrondo de trovões e relâmpagos que tomou os céus e estremeceu todos os povos da terra eram meramente a incorporação física e a reflexão da tempestade espiritual, que varreu e chocou toda a existência, naquele momento surpreendente.
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