Não antes do capítulo 12 [do livro de Bereshit) Avraham e Sara entram em cena, e a partir de então a narrativa inteira muda seu foco, da humanidade como um todo para um único homem, uma mulher e seus filhos. Eles se tornam uma ampla família, então uma coleção de tribos, depois uma nação e por fim um reino.

De alguma maneira obscura e inconfundível – este é o tema fundamental da Torá, de que eles se tornariam os portadores de uma mensagem universal. Pois o D'us em que eles acreditavam não era uma deidade tribal, um D'us deste povo e não daquele. Ele é o D'us de todos, criador do céu e da terra, que,com amor, colocou Sua imagem em toda a humanidade.

1 – Qual é a atitude do Judaísmo com os não-judeus?

A Torá nos ensina a vermos valores em todos, não somente em membros do povo judeu. O Judaísmo não exige ou sequer encoraja não-judeus a se converterem. Também está aberto a ensinamentos vindo dos não-judeus, e Yitrô é um exemplo disso. Muitos sábios talmúdicos argumentam que Yitro se converteu ao Judaísmo, assim se tornando nosso primeiro convertido no Sinai. Ele foi um Sacerdote Midianita, e largou tudo e todas as suas crenças para devotar-se a um D’us único ao lado de seu genro Moshê. E é assim honrado pela Torá.

Somos todos diferentes. Isso é algo positivo. Há dignidade na diferença. Deveríamos todos ter orgulho das coisas que nos tornam diferentes. Porém, somos todos parte de uma humanidade universal, com um D'us acima de nós. O Judaísmo nos manda ser diferentes porém os mesmos. A mesmice nos leva a trabalhar juntos para construir um futuro melhor para todos. Este modelo dual nos ajuda a resolver o maior problema que a humanidade tem enfrentado desde o início dos tempos. Como posso reconhecer a dignidade e integridade do ‘outro’?

O Judaísmo respeita os não-judeus e a cultura não-judaica. Vê valores e dignidade naqueles que são diferentes. Isso não exige àqueles fora do pacto que se convertam ou mudem sua identidade particular ou ideias para entrar na Comunidade do Pacto. Comunidades não-judaicas podem criar seus próprios relacionamentos com D'us, e juntar-se como parceiros com o povo judeu para trabalhar nos desafio universais que a humanidade enfrenta.

A Ideia Fundamental

Embora religiões e grupos diferentes possam ter nomes diferentes para D'us, e possam até diferir teologicamente em sua abordagem, eles são todos adoradores do mesmo D'us. O D'us de Israel é como o povo judeu se refere a D'us, mas em parte alguma na Torá pode ser encontrada a alegação de que D'us somente está interessado numa relacionamento com o povo judeu. Há um D'us e Ele ama todas as Suas criações, e acolhe um relacionamento com toda humanidade.

2 – Se o Judaísmo é a Verdade Divina, por que não é a religião universal?

Não somos os mesmos e temos nossas singularidades e portanto não fazemos todo o necessário para adorar a D'us da mesma forma. Cada religião tem sua própria abordagem de amar a D'us. O Judaísmo é a verdadeira religião para o povo judeu, mas há uma necessidade para outras religiões, para outros povos, cada qual trazendo algo único ao mundo.

O Judaísmo é uma verdade Divina para o povo judeu, não para o restante da humanidade. Podem haver outras Verdades Divinas para outros povos. O oposto de uma verdade não é necessariamente uma falsidade. Pode ser outra verdade. Essas abordagens múltiplas a D'us devem estar dentro da estrutura teológica do Monoteísmo Ético. Mas além disso elas podem ter importantes diferenças particulares. Não há somente um caminho a D'us para a humanidade.

3 – Como o Judaísmo nos ensina a reconhecer a dignidade e integridade no ‘Outro’?

As coisas básicas que nos tornam humanos são aquilo que todos temos em comum. Na linguagem da Torá, somos todos criados à imagem de D'us. Cada um de nós tem uma centelha de divindade dentro de nós. Isso dá a todo ser humano o potencial para grandeza e santidade. Todos precisam de saúde, e amor, sentem medo e dor, e possuem esperança no coração. Essas coisas são todas mais profundas que aquilo que nos separam e diferenciam. São exatamente o que devemos focar para criar uma união forte e permanente. As coisas que nos separam são uma fonte de beleza e dignidade, e deveriam ser celebradas.

Este é o “particular” da nossa identidade e comunidade, que trabalhamos muito para garantir que traga uma contribuição única ao mundo. Ver a beleza em toda comunidade única é o que se chama de “Dignidade da Diferença”. É um desafio enxergar isso. Os seres humanos são tribais. Eles criam comunidades baseadas nessas coisas, e isso cria uma situação “nós e eles”, onde se torna um desafio não demonizar ou perceber que temos mais coisas em comum onde realmente importa.

O Judaísmo nos ensina que identidades distintas não estão necessariamente em pactos com D'us. Comunidades particulares podem se reunir em sua humanidade conjunta para reconhecer a dignidade e integridade do ‘outro’. Os exemplos na Torá do papel de não-judeus na história para o povo judeu, e o respeito com o qual a Torá apresenta esses caracteres, ilustram essas ideias. Ao frisar como Yitro trabalhou ao lado de Moshe para estabelecer um sistema de liderança judaica, a Torá nos ensina que a operação e o respeito mútuo são fatores-chave.