"D’us está levando vocês a uma terra muito especial. Tem água abundante, e é famosa por sete produtos: trigo e cevada – dos quais pode-se fazer pão – bem como deliciosas frutas: uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras.

"O sabor das frutas irá variar de uma tribo para outra. Por exemplo, as uvas na terra de Efrayim terão sabor diferente das uvas de Naftali. Se você experimentar as mesmas frutas de todas as tribos de Erets Yisrael, será como experimentar iguarias de doze países diferentes!

"E não é só isso! A terra é rica em ferro e cobre. Vocês terão os minerais necessários para edificar prédios e confeccionar ferramentas. Tornar-se-ão ricos.

"Mas enquanto se distraem com todas estas descobertas e maravilhas, poderão esquecer D’us. Para impedir que isso aconteça, devem bendizê-lo toda vez que forem comer ou beber.

"Não fiquem orgulhosos, pensando: Minha força e meu talento fizeram-se ter sucesso. Lembrem-se que tudo vem de D’us.

"Vocês poderão pensar: ‘A razão pela qual D’us nos concedeu todas estas maravilhas é porque somos tsadikim.’ Não é por isso que D’us deu-lhes Erets Yisrael. Lembrem-se de que pecaram muitas vezes e deixaram-No aborrecido. Estão sendo tarzidos a esta terra porque D’us assim prometeu aos descendentes de Avraham, e chegou a hora das nações que vivem no país serem expulsas por causa de sua perversidade."

Moshê ensinou aos judeus que o sucesso não deveria torná-los orgulhosos.

O Bircat Hamazon

A Torá ordena: "Bendiga D’us após ter comido e sentir-se satisfeito."

A Torá obriga um judeu a recitar uma bênção se ele comeu pão até ficar saciado. Nossos Sábios instituíram que deve-se recitar bircat hamazon (graças após a refeição) mesmo se comeu apenas um kezayit (pedaço do tamanho de uma azeitona) de pão.

Bircat hamazon consiste de quatro partes:

  1. Bircat Hazan – a bênção Àquele que alimenta todas as criaturas: Moshê instituiu esta bênção quando os judeus receberam o maná.
    O milagre do maná caindo do céu enquanto os judeus estavam no deserto demonstrou abertamente a eles que D’us, em Sua bondade, cuida de todas as criaturas. Mais tarde, quando eles comeram os frutos de seu próprio trabalho na Terra, entenderam que o pão deste mundo era concedido pelo mesmo atributo Divino de bondade. Por isso,nesta primeira bênção, reconhecemos que, embora os seres humanos trabalhem para assegurar seu sustento, ainda assim é D’us que provê o alimento a todas as criaturas.
  2. Bircat Ha’arets – a bênção sobre a Terra: Yehoshua introduziu esta segunda bênção quando ele e o povo mereceram entrar na Terra, pelo desejo ardente de Moshê e sua geração. (O texto original de Yehoshua era: "Tu nos deste um legado, um bem desejável, e um grande País." Completamos isso desta forma: "Tu deste aos nossos pais…")
    Nesta bênção mencionamos a mitsvá do berit milá, pois pelo seu mérito D’us concedeu Erets Yisrael ao povo judeu. Também Lhe agradecemos por Sua Torá, dessa maneira expressando o propósito definitivo da posse de Erets Yisrael: estudar e cumprir os mandamentos de D’us.
  3. Bircat Yerushalayim – a bênção da paz para Jerusalém e o Bet Hamicdash: O Rei David e Salomão estabeleceram a terceira bênção, que pede pela continuação da liderança da Casa de David e pela paz em Jerusalém e o Bet Hamicdash (Seguindo-se à destruição, completamos o texto e pedimos a D’us para reconstruir Jerusalém.)
  4. Hatov Vehamaitiv – a bênção Àquele que é bom e faz o bem: esta bênção foi adicionada por nossos sábios para celebrar o milagre que aconteceu na cidade de Bethar após a destruição do Bet Hamicdash.
    Que pecados precipitaram a destruição de Bethar? Conforme as opiniões na Guemara (Yerushalmi Ta’anis 4:5), a prostituição era muito difundida lá: conforme outros, o povo jogava bola. A segunda opinião insinua que os habitantes jogavam bola no Shabat, desse modo profanando a honra do Shabat; ou que desperdiçavam o tempo em divertimentos fúteis, em vez de se ocuparem com o estudo de Torá.
    Meshech Chochma explica que o Bircat hamazon foi estruturado para expressar nossos agradecimentos a D’us, por distinguir nossa nação com Sua Providência individual.
D’us assegurou a sobrevivência de nosso povo com o milagre declarado do maná no deserto, e demonstrou novamente Sua Providência na forma de milagres realizados no Bet Hamicdash. A destruição do Bet Hamicdash, e posteriormente de Bethar, pode ter provocado a suspeita de que D’us não estava mais com Seu povo. Por esta razão, o milagre que ocorreu em Bethar foi uma bondade recebida como sinal da presença de D’us entre nós, mesmo estando no exílio, e por isso foi incorporada no Bircat Hamazon.

Pelos nossos padrões, a geração que chegou a Erets Yisrael era justa. Moshê os reprovou por não terem ainda atingido os padrões de perfeição deles exigidos, proporcionais às revelações declaradas que vivenciaram (Or Hachaim, Aitz Yosaif).

Moshê disse: "Após comerem o bastante para ficarem satisfeitos, bendigam D’us pela boa terra que Ele lhes deu." Esta é a mitsvá de bensh (recitar Bircat Hamazon)", após uma refeição com pão.

Para cumprir a mitsvá corretamente, devemos ser cuidadosos ao pronunciar cada palavra, claramente. (É uma boa idéia usar sempre um Sidur, mesmo se soubermos a oração de cor.) Crianças muito pequenas para pronunciar todo o Bircat Hamazon, podem pronunciar uma bênção mais curta: "Bendito seja o Misericordioso, nosso D’us, Rei do Universo, o dono do pão."

O que acontece quando alguém faz uma refeição e se esquece da bênção? Se ela lembrar-se dentro de um prazo de 72 minutos após o término da refeição, ainda poderá rezar. É muito importante agradecer, mesmo após ter passado algum tempo desde que comeu seu pão.

Nossos sábios decretaram que devemos falar a berachá (bênção) apropriada antes e depois de ingerir qualquer alimento. Se um judeu come sem uma berachá, é como se tivesse roubado o alimento de Seu Dono: D’us. É importante pronunciarmos cada palavra da berachá claramente, especialmente as palavras D’us, Elo-kei-nu. Enquanto recitamos a berachá, é importante refletir na infinita bondade de Hashem que nos fornece vida a cada instante.

Derech Erets ao se Alimentar

Algumas destas regras encontram-se na Guemara; outras, em Sefer HaRokeach (Sefer HaRokeach contém dinim, as leis. Foi escrito pelo Rokeach, Rabi Elazar de Worms, Alemanha, na Idade Média).
Não é correto alimentar-se em pé. A pessoa deve sempre sentar-se para comer.
Mesmo se você comer em pé, deve sentar-se para rezar.


  • Não converse enquanto estiver mastigando.
  • Nunca reponha a comida na travessa sobre a mesa, se já mordeu um pedaço. Nem deveria oferecer a outra pessoa.
  • Não ofereça um copo a outra pessoa se já bebeu nele.
  • Não lamba os dedos!
  • Não é educado morder uma fruta ou qualquer outro alimento maior que um kezaitz (equivalente ao tamanho de um ovo). Aquele que o faz parecerá uma pessoa gulosa que está devorando a comida. A maneira refinada de comer é cortar pedaços não maiores que um kezaitz.
  • Da mesma forma, não é educado jogar comida de qualquer jeito, a fim de não desprezá-la e para que não se estrague.
  • Apanhe qualquer alimento que observar estar jogado no chão.
  • Não é correto alimentar-se na rua.
    No passado, o Beit Din costumava julgar pelas declarações de testemunhas. Se os juízes soubessem que uma testemunha fora vista comendo na rua, declaravam: "Ele não serve para ser nossa testemunha," pois agiu de maneira imprópria.
  • O Zohar diz que antes de uma bênção, a pessoa deve remover (ou cobrir) quaisquer facas que estejam sobre a mesa. Uma mesa é como o misbeach, o altar onde se realizavam os sacrifícios a D’us, trazendo paz ao mundo. Nenhum utensílio de ferro podia tocar o misbeach. Por isso, uma faca, instrumento usado para matar, não deveria estar sobre a mesa durante a bênção. (Esta regra aplica-se apenas aos dias de semana. No Shabat, Rosh Chôdesh ou yom tov, podemos deixar facas sobre a mesa).
  • O pão deve ser deixado sobre a mesa no momento em que se recitará o Bircat Hamazon.
    Por que devemos nos preocupar com tantas regras quando comemos?

Sempre que nos alimentamos, seja o que for que façamos, estamos na presença de um Rei muito mais poderoso que qualquer outro rei ou governante neste mundo: o Rei dos reis. Não deveríamos nos comportar de forma correta em todas as ocasiões, sabendo que estamos diante de Sua presença?

Nesta Parashá aprenderemos sobre a mitsvá de temer a D’us. Se nos comportamos corretamente à mesa, demonstramos que tememos a D’us. Não somos como não-judeus que se esquecem de D’us quando comem ou bebem. Os judeus lembram-se dele e agem com derech erets (boas maneiras) antes, durante e após a refeição.