Tenho certeza de que todos vocês conhecem o Rabino Akiva ben Yossef, sobre quem nossos Sábios dizem que ele foi um dos maiores eruditos de todos os tempos. Com sua mente perspicaz, disseram os Sábios, ele poderia “desarraigar montanhas”, e explicou cada letra da Torá, até mesmo as pequenas coroas que adornam muitas de suas letras. Rabi Akiva foi um dos quatro grandes Sábios que tentaram entrar nos segredos mais profundos da Criação e do aprendizado, e ele foi o único que saiu ileso, de corpo e mente.
Mas você também sabia que toda a extraordinária erudição do mais famoso de todos os Tanaim foi devida ao amor abnegado pela Torá de sua esposa?
Rabi Akiva não foi um dos afortunados que nasceu na riqueza ou na casa de um erudito. Ele teve que conquistar tudo da forma mais difícil. Nascido em uma família muito pobre, ele tornou-se um pastor ignorante, um dos muitos que cuidavam dos milhares de rebanhos do rico Kalba Sabua, sobre cuja riqueza o Talmud conta muitas histórias.
A filha deste homem era uma linda moça temente a D'us. Os jovens mais ricos e instruídos daquela época teriam se considerado afortunados por se casarem com ela. Mas Raquel, filha única de Kalba Sabua, herdeira das suas riquezas, observou o pastor Akiva e uma voz interior disse-lhe que aquele jovem ignorante tinha as qualidades de um grande erudito. Com a condição de que ele deixasse o trabalho do pai dela para estudar Torá, ela casou-se com ele secretamente.
Enquanto Raquel recusava um jovem após o outro, Kalba Sabua descobriu seu casamento secreto com seu ex-pastor. Ele ficou extremamente irritado e jurou que não teria mais nenhum contado com ela e seu marido.
Felizmente, a única filha do homem mais rico da época deixou todos os luxos e confortos a que estava acostumada e foi morar com Akiva num barraco, dormindo sobre um feixe de palha e trabalhando arduamente com suas próprias mãos para que seu marido pudesse se dedicar ao estudo da Torá.
Certa vez, quando não conseguia encontrar um trabalho, ela chegou a cortar seus lindos cabelos longos para vendê-los a fim de obter algum dinheiro para comprar alimento para ambos.
No entanto, mesmo na sua pobreza, estavam dispostos a partilhar com os outros o pouco que possuíam. Um homem pobre passou pela cabana de Akiva e Raquel e implorou: "Por favor, podem me ceder um punhado de palha? Minha esposa está doente e não tenho onde colocá-la para dormir."
Imediatamente Akiva compartilhou seu próprio feixe de palha com o pobre homem, comentando assim com Raquel: "Veja só, há aqueles que estão em uma situação pior que a nossa." O pobre mendigo, dizem nossos sábios, era s o Profeta Eliyahu, que veio testar o bom coração de Akiva.
Depois de Akiva ter dominado o conhecimento básico da Torá, sua esposa e ele concordaram que ele deveria ir para a academia dos grandes estudiosos daquela época, dirigida pelo Rabino Eliezer, para dedicar doze anos ao estudo intensivo.
Assim, os dois se separaram e durante doze longos anos Raquel trabalhou arduamente para se sustentar, enquanto seu marido crescia e se tornava um dos homens mais instruídos que já existiram.
Ao final de doze anos, Rabi Akiva voltou para sua esposa, como havia prometido. Ao chegar diante do velho barraco, ele ouviu uma conversa entre sua esposa e uma vizinha que estava zombando de Raquel por ser tola o suficiente para esperar e ser escrava de seu marido, que a havia deixado por longos anos para estudar Torá. “Você poderia viver na riqueza e no luxo, se não fosse tão tola”, disse a mulher.
“De minha parte, ele poderia permanecer mais doze anos na Yeshivá para adquirir mais conhecimento”, foi a resposta de Raquel.
Cheio de orgulho e admiração por sua admirável esposa, Rabi Akiva retornou aos seus estudos para fazer o que Raquel apreciaria que ele fizesse.
Ao final dos vinte e quatro anos, Rabi Akiva tornou-se o mais famoso de todos os estudiosos. De perto e distantes milhares de jovens vieram estudar sob sua orientação. Acompanhado por vinte e quatro mil estudantes, Rabi Akiva fazia seu caminho de retorno ao seu lar em uma viagem triunfante, de cidade em cidade e em todas elas era recebido pela mais alta nobreza. Ao voltar para Jerusalém foi saudado por toda população sem distinção entre ricos e pobres, eruditos e pessoas simples, todos reconheciam a sua grandeza.
Kalba Sabua também estava entre os que tentaram se aproximar do mestre. De repente, Rabi Akiva viu seus discípulos tentando conter uma mulher vestida com roupas esfarrapadas. Imediatamente ele abriu caminho entre a multidão para cumprimentá-la e a conduzir até a cadeira ao seu lado: “Se não fosse por ela, eu seria até hoje um pastor ignorante, incapaz de ler o Alef Bet. Tudo o que sei, devo a ela”, declarou Rabino Akiva.
Toda a enorme multidão curvou-se respeitosamente diante da mulher a quem Rabi Akiva devia sua grande erudição. Kalba Sabua também descobriu quem havia se tornado seu genro e ex-pastor de seu rebanho. Publicamente, ele expressou seu pesar por ter tratado tão mal sua filha e seu marido. Concedeu sua herança ao casal.
Raquel, esposa de Rabi Akiva, entrou para a história como uma mulher excepcional. A sua coragem, seu tremendo auto-sacrifício e enorme incentivo levaram Rabi Akiva tornar-se um dos maiores eruditos, respeitado e reconhecido por todo o povo de Israel.
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