“Eu te amo, mas não estou apaixonado por você!” Assim vai o velho clichê. Tipo um ditado bizarro, mas como você pode separar os dois? Mais estranha ainda é essa frase: “Eu te amo, mas não gosto de você”. Se você ama alguém, certamente você gosta!

Mas veja, pode haver um fenômeno em que uma pessoa pode ter o que “parece” ser o grau mais alto de afeto, sem o mais baixo.

Aqui está o que quero dizer: entre Pessach e Shavuot, observamos um nível menor de luto. Não ouvimos música ao vivo nem nos casamos (entre outras práticas de luto), pois durante esse período morreram os 24.000 alunos de Rabi Akiva, o grande sábio e professor talmúdico.

Por que eles morreram? O Talmud afirma que foi porque eles não davam cavod, honra, um ao outro.

Como isso é possível? Em primeiro lugar, não eram alunos da sua turma da quarta série, onde a rivalidade mesquinha pode se tornar a norma. Estes estavam entre os maiores e mais santos estudiosos da Torá que já viveram. Como eles poderiam não respeitar um ao outro?

Ainda mais intrigante é que esses eram os alunos do grande rabino Akiva, que viviam de acordo com a base da Torá: “Ame seu próximo como a si mesmo”. Como poderiam seus alunos, a primeira linha de propagadores dos ensinamentos de seu professor, não observar a lição de seu mestre?

Isso pode ser entendido, talvez, considerando a diferença entre amar e gostar.

Eu amo o que é eu ou meu. Meu filho é meu. Ele é apenas uma extensão de mim, então é claro que eu o amo. Não amá-lo seria como não amar minha mão. É uma parte de mim. Eu naturalmente amo o que faz parte de mim, como eu amo meu filho.

Meus filhos costumam perguntar: Qual de nós (sete filhos) você mais ama? Eu sempre respondo que essa pergunta é como me perguntar qual dos meus dedos eu mais estimo. Eu amo todos eles igualmente.

No entanto, quando se trata de gostar, posso não gostar de todos da mesma forma. Na verdade, é mais difícil gostar de uma pessoa do que amá-la. Gostar de alguém significa aceitar aquilo que é diferente de você.

Posso amar meu filho e ainda não gostar dele. Eu os amo porque eles são uma extensão de mim, mas posso não gostar de como eles estão se comportando.

Se meu filho está agindo da maneira que eu achar melhor, então não preciso gostar dele, pois já o amo. Realmente gostar de alguém é abraçar todas as suas diferenças.

Gostar do meu filho é respeitar todos os seus comportamentos idiossincráticos. Respeitá-lo apesar dos pensamentos, palavras e ações que não são da minha aprovação. Se eu puder respeitá-lo o suficiente para ter uma diferença de opinião, então eu não apenas o amo, mas também gosto dele.

Os alunos de Rabi Akiva certamente se amavam, de acordo com os ensinamentos de seu mestre. Ao focar em suas semelhanças - todos filhos de D'us e alunos de Rabi Akiva - eles foram capazes de amar seus semelhantes.

No entanto, gostar de seus colegas, respeitar pontos de vista opostos e permitir que cada um tenha uma opinião conflitante sem julgamento – bem, nesse sentido, ainda havia trabalho a fazer. Era aí que eles precisavam melhorar.

No mundo dos pais, gostar de seus filhos é muito mais difícil do que amá-los, mas é muito mais importante. Quando tenho um filho que está se comportando de uma maneira que não está de acordo com minha visão, mas ainda encontro espaço em meu coração para a aceitação sem sentir a necessidade de encaixá-lo em meu molde, minha imagem - mostro que realmente gosto dele. Eles sabem disso, podem sentir e respondem a isso.

Na vida devemos tentar não apenas amar um ao outro, mas aprender a apreciar, respeitar, escutar, mesmo sem concordar. Gostar.