Você embarca num trem fervilhando de atividade. As pessoas vêm e vão em todas as direções. Uma voz explode no alto-falante: "Todos a bordo, sejam bem vindos. Queiram por favor encontrar seus assentos e apreciem a viagem."
Rosh Hashaná é a época do ano em que nos encontramos num elevado estado de conscientização sobre nossa mortalidade. Além disso, é um tempo em que nosso grau de introspecção é singularmente aumentado. Avaliamos a forma como escolhemos viver nossa vida. Conscientes de que nosso tempo neste mundo é finito, aparece a ânsia humana de "agarrar o dia". Este conceito de carpe diem (aproveite o dia de hoje) certamente flui com a adrenalina dentro de nós e acompanha cada olhar nosso às inspiradoras palavras do machzor: "Em Rosh Hashaná, seremos inscritos e em Yom Kipur seremos selados, quantos deixarão a terra e quantos serão criados; quem viverá e quem morrerá…"
A vida, em muitos aspectos, assemelha-se a uma viagem de trem. Uma pessoa embarca e desembarca numa jornada por um período limitado de tempo, até chegar ao destino final. Nas paradas ao longo do caminho, pessoas diferentes entram e saem – para algumas é o início da viagem, para outras é o fim dela. No transcorrer da viagem, pode-se encontrar muitas pessoas diferentes. De modo similar, cada Rosh Hashaná representa uma destas viagens de trem, onde o ano vindouro pode trazer pessoas novas à nossa vida, ao passo que outras poderão afastar-se de nós.
Além disso, esta pausa permite que reavaliemos o rumo que nossa vida está tomando. Podemos remapear o caminho no qual estamos, se quisermos. Uma modificação sutil de comportamento em uma área pode ter um efeito primordial, de forma tal que nosso "destino" é recalibrado de forma significativa. A pergunta chave é: Seremos corajosos e honestos o suficiente para fazermos mesmo uma mudança não dramática, embora importante, em nossa vida? Um compromisso de sermos melhores cônjuges, pai ou mãe, filho ou professor, talvez seja difícil, mas pode ter um enorme impacto em nossa vida. Dedicar-se ao acendimento das velas de Shabat ou ir ao micvê requer muita força de caráter e comprometimento, mas proporciona grande recompensa espiritual.
Infelizmente, após passar o entusiasmo dos Grandes Dias Festivos, é natural que o ímpeto gerado pela experiência arrefeça. Para muitos de nós, a cada ano que passa, vemos outro ano de aperfeiçoamento em potencial transformado em um ano de oportunidades perdidas.
Na Parashat Eikev, a Torá declara que a terra de Israel é "uma terra que D'us procura; os olhos de D'us estão sempre sobre ela, do início do ano ao seu término" (Devarim 11:12).
Rabi Yoel Teitelbaum oferece uma interpretação interessante deste versículo. A Torá omite a letra hebraica "hey" (que significa "o") a respeito do final do ano, designando este período como simplesmente o "fim ano" – acharit shaná". Isso contrasta com a escolha de linguagem da Torá em referência ao início do ano, onde o "hey" está incluído (reishit ha'sshaná). Rabi Teitelbaum explica que este versículo serve como advertência para evitar uma armadilha muito comum. As pessoas geralmente resolvem que o ano vindouro será o ano para o rejuvenescimento espiritual, apenas para perceber, doze meses depois, que foi apenas outro ano, outra oportunidade perdida para alterar o rumo de nossa vida. A Torá está nos dizendo para capitalizar e construir sobre a inspiração desta época, para que o ano que se aproxima seja verdadeiramente de crescimento.
Que este seja realmente o ano, para cada um de nós. Um ano de maior comprometimento com a Torá. mais elevado reconhecimento do propósito de nossa existência, e renovado vigor para servir nosso Criador. A hora é agora, a escolha é nossa. Aproveite a ocasião!
E quando a voz anunciar no alto-falante: "Última parada. Todos os passageiros devem deixar o trem," você pensará consigo mesmo: "É aqui onde eu realmente desejo terminar?
ב"ה
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