Nesta época do ano, volto meu pensamento para meu pai, de abençoada memória, e àquilo que ele me ensinou.
Ele chegou a este país aos cinco anos, como refugiado da Polônia. Aos catorze, precisou deixar os estudos para sustentar o restante da família. Como resultado, nunca teve uma educação formal adequada. Lembro-me vividamente das conversas que costumávamos ter quando eu era criança. Em nosso trajeto de volta da sinagoga para casa, eu costumava fazer perguntas. Sua resposta era sempre a mesma. Ele costumava dizer: "Mein kind, nunca tive uma educação judaica, portanto não sei. Mas um dia você terá a educação que eu não tive, e me ensinará as respostas."
Você pode imaginar o efeito que aquelas palavras tinham sobre uma criança de cinco anos? Eu era um gafanhoto, mas sentia-me um gigante. Meu pai queria aprender comigo. Ele queria que nós, seus filhos, passássemos à sua frente. Ele nos deu dois presentes extraordinários: o orgulho de querer crescer como judeus, e o espaço para fazê-lo.
Há notícias boas e más em nossa comunidade. As boas é que muitas de nossas criancas — mais do que posso me lembrar a qualquer época — estão crescendo como judeus. Eles têm pensado seriamente sobre nosso legado judaico. Têm respirado a atmosfera de Israel. Sentem o drama da vida judaica nos tempos modernos. Sabem que a cultura contemporânea não tem nada que se equipare ao poder do judaísmo, sua ética, sua espiritualidade, seu profundo significado. Eles desejam ser mais judaicos.
As más notícias é que às vezes somos seus maiores obstáculos. Podemos nos sentir ameaçados quando nossos filhos desejam se tornar mais religiosos que nós. Consciente ou inconscientemente, refreamos o crescimento deles. Se um determinado nível de observância é suficientemente bom para nós, por que não para eles?
A resposta é simples. Aquilo que funcionava há trinta anos não funciona mais hoje. As pressões da vida contemporânea são enormes. Estamos vivendo numa era de mudanças sem precedentes. Quando o vento sopra mais forte, é então que se precisa de raízes mais profundas. É assim que preservamos as famílias quando o casamento está desmoronando. É como sustentamos as tradições numa era anti-tradicional. É como mantemos um senso de certo e errado quando a cultura popular parece sugerir que não existe certo ou errado.
Nossos filhos precisam de um comprometimento judaico mais forte que aquele que tivemos. Devemos celebrar este fato e encorajá-lo ao máximo. Ser pai ou mãe judeu não é querer que nossos filhos sejam como nós. É querer que nossos filhos vão além de nós — que sejam mais fortes, mais profundos, mais bem educados, judeus mais religiosos que nós somos. Este foi o presente que recebi de meu pai.
Nesta época do ano, chamamos D’us de Avinu Malkenu, "Nosso Pai, Nosso Rei." Um rei exige obediência. Um pai deseja que seus filhos cresçam. Não é por acaso que colocamos a palavra Avinu antes da palavra Malkenu. D’us é nosso Pai antes de ser nosso Rei. É por isso que Ele não quer que fiquemos parados. Ele deseja que cada ano, e cada geração, vá além da anterior. Que nós e nossos filhos assim façamos — e que sejamos inscritos no livro da vida judaica.
Desejando a você, sua família e ao povo judeu um ketivá vechatimá tová.
ב"ה
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