“Os dois dias mais importantes de sua vida são: o dia em que você nasceu e o dia que descobriu o porquê.” (Mark Twain)
Um argumento muito difundido no mundo secular se tornou muito comum escutar. Ao abordarmos certos comportamentos, principalmente entre os jovens em fase de decisões, o argumento dos mesmos se resume a essa frase:
“Meu corpo pertence a mim, portanto, enquanto eu não prejudico os outros, eu posso fazer com ele o que eu bem entender”.
Porém será que realmente somos os donos de nós mesmos? Será que o corpo que temos nos pertence da mesma forma que nossos bens?
Para entender isso teríamos que introduzir um conceito da legislação da Torá que consta na Parashá Shoftim.
É conhecido entre os estudiosos da Torá o conceito chamado “Hodaat Baal Din”, ”confissão do infrator”, isto é, quando o réu confessa sua delinquência voluntariamente mesmo sem que haja testemunhas que comprovem sua culpa.
Essa confissão tem valor jurídico, podendo ser suficiente para o juiz punir o réu.
Entretanto, essa regra é válida somente nas leis financeiras, ou seja quando trata-se de uma disputa de dinheiro. Porém, em caso de infrações referentes a proibições como assassinato, idolatria e outras, que sua pena judicial não é monetária, então somente havendo testemunhas, o tribunal poderá punir a pessoa, caso contrário, sua confissão não terá nenhum valor e não poderá receber o castigo.
Por que essa diferença? Afinal, se o réu confessou ser um criminoso, por que o tribunal não tem autoridade de incriminá-lo e puni-lo?
Talvez, a diferença está no fato de o argumento anteriormente citado:
“Meu corpo me pertence, e faço aquilo que eu quiser com ele”, estar extremamente errado na visão da Torá, que acredita que o corpo que temos é de propriedade Divina e não nossa, portanto estamos proibidos de causar qualquer dano a ele.
Diferente dos bens matérias que temos em nossa propriedade, como dinheiro, casa, carro etc, nosso corpo é sagrado. Recebemos nossos corpos como sendo algo que foi dado aos nossos cuidados sem o direito de usar da forma que bem entendemos, mas sim somente de como nos foi incumbido cuidá-lo.
Cabe a nós preservá-lo.
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