Na semana passada encontrei “Mike”. Conversamos sobre Pêssach e tudo que vem junto (você sabe como é! É muito estresse assegurar que todos os preparativos sejam feitos...)
Antes de sair, me ofereci para ajudá-lo a cumprir a mitsvá do tefilin.
“Rabino, você sabe que sou um judeu secular. Não faço isso.”
“Antes de mais nada,” eu disse a ele, “etiquetas são para camisas e não para pessoas. Não coloque uma etiqueta em si mesmo. Um judeu é um judeu, e isso é tudo que importa.
“Em segundo lugar, uma mitsvá é uma mitsvá. Quando cumprimos uma mitsvá, independentemente daquilo que sabemos ou acreditamos, nos conectamos.”
Muita tinta tem sido derramada sobre a visão, liderança e impacto do Rebe, Rabi Menachem M. Schneerson, de abençoada memória. Mesmo assim, acredito que não o suficiente tem sido escrito sobre o desafio que ele enfrentou. Era um desafio único e sem precedentes, o desafio de: “a vida é boa”.
Grande parte da história do povo judeu estava repleta com “tsuretz”, problemas. Pode chama de: pobreza, perseguição, libelos de sangue, massacres... a lista continua. Os líderes judeus em toda geração dedicaram a vida para proteger, defender, e cuidar do povo judeu.
Quando o Rebe assumiu a liderança do movimento Chabad-Lubavitch em 1050, o mundo tinha mudado. Os “shtetls”, pequenas aldeias de vida comunitária judaica, tinham ido embora; os apertados enclaves judaicos da cidade estavam desintegrando. O povo judeu tinha encontrado seu caminho para o mundo ocidental, abraçando as oportunidades que ele provinha e procurando finalmente ser tratado igualmente.
A vida era boa
Porém a própria sobrevivência do povo judeu estava em risco. Dessa vez, as ameaças não vinham dos cossacos ou inquisidores do mal. Era uma ameaça vinda de dentro. A ameaça de apatia e assimilação, a ameaça de que a nova geração iria se preocupar mais em subir as escadas do sucesso financeiro e social e menos sobre a continuidade judaica, sobre ser judeu.
O Rebe se preocupava profundamente sobre essa questão. Desde o primeiro momento da sua liderança, ele falava sobre isso. Não como um “problema” que precisávamos nos preocupar, mas como um chamado que iria nos inspirar a encontrar novas maneiras de conectar nossos amigos judeus com o Judaísmo.
Talvez você tivesse esperado que o Rebe lançasse um anúncio de uma campanha em todos os principais jornais, explicando por que a assimilação era terrível. Ou talvez juntasse alguns milhões de dólares para estabelecer um plano para pesquisar o tópico da apatia judaica. Ele não fez nada dissso. Mas sim, ele teve uma sugestão simples – e genial: incentive os judeus a cumprirem mais mitsvot.
Nesse aspecto, cumprir uma mitsvá nem sempre parece tão valioso. Alguns colocam tefilin ou acendem velas no Shabat uma vez; qual é a grande importância? É isso que irá salvar o Judaísmo?
Portanto a primeira resposta é um sim ressonante. Porque como Maimônides ensinava, as pessoas devem sempre se enxergar o mundo inteiro como se ele estivesse em uma balança de equilíbrio, e uma boa ação pode fazer toda a diferença fazendo subir a balança.
A segunda resposta é outro sim ressonante. Ações são geralmente uma expressão dos nossos desejos profundos. Trabalhamos porque nos preocupamos sobre ficar financeiramente seguros. Cozinhamos (ou compramos) comida porque os sabores e odores nos trarão sensações agradáveis, mas também porque a comida nos sustenta e fornece energia. Acompanhamos as notícias porque estar bem informado nos torna conscientes e mais poderosos.
Aos olhos do Rebe, todo judeu tem uma conexão profunda e inquebrantável com D'us e com o Judaísmo. Quando você oferece a um judeu a oportunidade de cumprir uma mitsvá, não é sobre passar meramente pelos movimentos; é uma expressão de sua essência mais profunda. É como colocar uma centelha perto de um barril de óleo, aquela pequena centelha vai acender uma chama que irá ficar mais brilhante.
E agora, olhando para atrás analisando as últimas décadas, podemos ver como a ideia do Rebe espalhou uma revitalização da vida judaica em todo o globo. Podemos facilmente presumir que todo judeu vivo hoje foi significativamente impactado pelo Rebe.
Esse impacto aumenta todos os dias, no mundo inteiro. Atos de caridade, solidariedade, uma mitsvá, mais uma... Pode ser uma mitsvá entre D'us e nós ou algo que fazemos para ajudar e inspirar aos outros. De qualquer maneira, essa mitsvá vai mudar nossas vidas – e o mundo ao nosso redor – para melhor. É uma sensação gratificante e ao mesmo tempo de bem estar e felicidade. A cada “pequena” mitsvá adicional contribuímos para assegurar que nosso povo irá crescer, se fortalecer e prosperar.
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