Quantas vezes fazemos uma pausa para pensar sobre nossa amiga, a árvore?

Compadecemo-nos delas, ali de pé, nuas, tremendo com o frio do inverno? Ficamos felizes ao ver as folhas verdes frescas que surgem quase toda noite, cobrindo-as com um manto verde na primavera? Paramos para admirar o dourado de sua folhagem no final do verão? Sentimos pena no coração ao ver aquelas folhas coloridas forrando a calçada durante o outono?

 Bem, nós, judeus, temos um dia especial no ano para nos lembrar da nossa amiga a árvore. É o 15º dia de Shevat, o Ano Novo das Árvores. Nesse dia comemos mais frutas que de costume, especialmente daqueles tipos que crescem na nossa Terra Santa de Israel, e com as quais tem sido abençoada e louvada, como uvas, figos, tâmaras, romãs e azeitonas.

Antes de comermos a fruta fazemos uma bênção agradecendo a D’us, o Criador dos frutos. Isso é o mínimo que podemos fazer pelas nossas boas amigas, que nos dão tanto e pedem tão pouco em retorno. “Pois o homem é como a árvore do campo,” nossa Torá nos diz.

Há árvores e árvores. Há árvores frutíferas, e outras que não produzem frutos. Há árvores altas e majestosas, como os cedros do Líbano, e há árvores pequenas, humildes como a moita de espinhos. Há árvores ruidosas, e há árvores calmas. Não existem duas árvores iguais.

Há homens e homens. Há homens cujas boas ações são como frutos suculentos, e há os que vivem apenas para si mesmos. Há homens orgulhosos e arrogantes, e há homens humildes e modestos. Há homens ruidosos que gostam de se fazer notados, e há homens que cuidam da sua vida com silêncio e discrição. Não existem dois homens iguais.

Quando D’us falou a Moshê pela primeira vez, Ele não o chamou de um cedro imponente nem de uma palmeira, mas sim de uma sarça ardente. Dessa maneira D’us disse ao primeiro pastor de Israel para procurar pelo ardente espírito Divino nos corações de seu humilde rebanho. D’us não habita entre os orgulhosos e arrogantes. A rosa é a rainha das flores, e a uva a rainha das frutas, pois da uva vem a melhor e mais antiga bebida do homem – o vinho. A rosa cresce na moita de espinhos, e a uva na pequena videira. D’us não nos dá aqui uma grande lição de humildade?