Por Rabino Ilan Stiefelmann
Lubavitch Copacabana
A história de Chana e seus sete filhos é uma das mais dolorosas de toda a história judaica.
Na época dos macabeus, quando os gregos tentaram humilhar os judeus e afastá-los do judaísmo, Antiochus IV, quem reinou sobre Israel entre 175 e 164 A.E.C, mandou buscar Chana e seus sete filhos. Antiochus achava-se um deus e espalhara estátuas pelo seu reino para que o idolatrassem. Ele ordenou então aos filhos de Chana que se ajoelhassem diante da estátua.
O filho mais velho, ao recusar-se a praticar idolatria, foi brutalmente torturado até que o seu corpo desmembrado foi cozido em uma grande caldeira diante de sua mãe e irmãos.
E assim, um por um, cada filho foi sendo eliminado, por recusar-se a obedecer a ordem real, restando apenas o caçula. Neste momento mesmo o cruel Antiochus apiedou-se do menino e prometeu-lhe riqueza e honra caso se ajoelhasse. Mas o menino recusou-se terminantemente a obedecê-lo. Concedendo uma última chance, Antiochus disse para Chana que, para demonstrar a sua misericórdia, concederia a ela algum tempo para convencer o seu último filho a idolatrá-lo.
Chana tomou o seu filho querido de lado e, emocionada, beijou-o, dizendo: "Meu filho, ouça atentamente as minhas palavras. Eu te carreguei dentro de mim por nove meses, cuidei de você por dois anos e até hoje cuido de todas as suas necessidades. Eu te ensinei a respeitar D-us e nossa Torá. Não troque os seus princípios pelas ofertas de um rei de carne e osso que logo perecerá..."
E então, Chana assistiu desolada ao assassinato do seu sétimo filho. Chana, ao lado dos cadáveres de seus filhos, fez uma última oração e pediu para que fosse levada por D-us ao invés de ser morta pelos gregos. Ao terminar sua oração, suspirou e caiu morta ao lado deles.
Como podem os pais da democracia, cometerem tamanho injustiça? Cadê a ética, a sabedoria dos grandes filósofos gregos e suas lindas e cultas palavras?! Que noção de democracia terá sido essa, que permitia o cometimento de tamanha crueldade?
Na realidade, a base da filosofia grega foi muito bem descrita pelo filósofo Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas" – ou seja, que não existe verdade absoluta, é tudo relativo e cada pessoa constrói a sua própria verdade.
O resultado deste pensamento é muitas vezes trágico, pois tudo fica à mercê da interpretação de cada um. Como no caso dos alemães em pleno Século XX, um povo que o mundo via como altamente civilizado e intelectual, totalmente contrário a assassinatos e injustiças. Foi somente uma questão de interpretação – “seres humanos nós não matamos; mas como os judeus não são considerados humanos, então nada nos impede de exterminá-los... e como eles atrapalham o nosso bem-estar, é nossa missão eliminá-los”.
A Festa de Chanucá nos lembra de quão perigosa é essa filosofia. Para uma vida pautada pela ética e pela moral, necessitamos de verdades absolutas. Aceitemos, portanto, com alegria as orientações fornecidas pelo próprio Criador, que têm como objetivo exclusivo o nosso bem, o bem de nosso povo e de toda a humanidade!
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