Quantos universitários cabem num Volkswagen ou numa cabine telefônica? Quantos itens absolutamente essenciais uma mulher pode colocar em sua bolsa? Quantos objetos um homem pode colocar no bolso do paletó e ainda conseguir que este caia com elegância? Quantas uvas um jovem pode enfiar na boca antes que elas comecem a rolar para fora?
A areia é colocada num balde por uma criança, e socada para caber mais; a mala está tão repleta que você precisa sentar em cima dela para conseguir fechá-la; só mais um pedacinho, prometemos a nós mesmos ao mergulhar novamente naqueles biscoitos cobertos de calda de chocolate, embora já estejamos mais do que satisfeitos.
As pessoas parecem estar obcecadas em atulhar o máximo de coisas num mínimo de espaço. Desde organizadores de armários até programas de computador, queremos aproveitar ao máximo o espaço, tanto palpável quanto cibernético.
Existem épocas no calendário judaico em que recebemos uma quantidade específica de "espaço espiritual" e somos encorajados a preenchê-lo. O mês de Elul em que estaremos é o tempo de um resumo do ano anterior. É a época do "balanço", do "fechamento da contabilidade" e o momento no qual cada pessoa anota e lê para si mesma seu próprio inventário.
Embora Elul seja um tanto preocupado com o que passou, é também uma chance de se concentrar no futuro, uma oportunidade de planejar o que vem à frente, com a sabedoria adquirida da experiência. Elul nos dá a chance de nos concentrar em como fazer as coisas de forma diferente no ano vindouro. Porém, há também um terceiro aspecto em Elul. À medida em que estamos relembrando o passado e considerando o futuro, ainda estamos vivendo no presente. E neste presente, os ensinamentos judaicos nos convidam a usar todo o mês de Elul para preencher nosso espaço espiritual com o maior número possível de mitsvot. Somos encorajados a acrescentar mais mitsvot a nosso repertório, e a ampliar a maneira pela qual já cumprimos várias mitsvot.
Em Elul, somos solicitados especificamente a doar mais para caridade; passar mais tempo conectando-nos com D’us por meio da prece; ter nossas mezuzot e tefilin verificados por um escriba especialista (e a colocar mezuzot nas portas que ainda não tenham); cumprir as leis de cashrut mais cuidadosamente; abençoar nossos amigos, vizinhos e parentes com um ano bom e doce.
Utilizar plenamente o espaço espiritual que recebemos em Elul pode apenas ser benéfico para nós no ano vindouro.
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