Todos estamos informados sobre os ciclos da vida, sobre os altos e baixos diários, das mudanças sazonais, do vai e vem anual. Alguns eventos assinalam os pontos altos da vida, outros, os vales. Entre eles, porém, ciclos de ritmo menores vão e vêm.
A natureza tem seus ritmos, astronômicos ou não, e nós temos os nossos. A ciência do bio-ritmo nos diz que temos três ciclos. No decorrer de nossa vida, atravessamos uma onda, de alto a baixo, emocional, física e intelectualmente. Como o subir e descer diário do sol, como sua travessia anual do céu, como o desaparecimento mensal da lua, passamos por ciclos pessoais.
E a Torá tem seus ciclos, épocas nas quais o cumprimento de mitsvot domina, tempos em que o estudo de Torá domina. Dentro de cada um existem ciclos, também.
E cada ciclo tem um ponto médio, dois na verdade. Pontos médios – quando uma onda chega na metade da subida ou da descida – são pontos críticos, momentos de crises. Todo ciclo tem sua crise de “meia-vida”.
A “crise de meia-vida” para o ciclo lunar é o 15º dia do mês. Naquele dia a lua está a meio caminho de sua jornada. Até então, a lua está se tornando cheia; depois disso, ela perde sua plenitude. Todo dia a lua aumenta, ou diminui. Exceto no 15º.
Os ensinamentos chassídicos explicam dessa forma: “O décimo quinto representa a plenitude visível da luz, mas a luz ainda é apenas um receptáculo de luz.” Porém em 15 de Av (segunda-feira, 2 de agosto este ano), algo excepcional acontece, algo que distingue aquele 15 do dia 15 de todos os outros meses. Dois ciclos se interceptam.
Os momentos de conjunção, quando os ritmos de ciclos diferentes se interceptam, criam uma força singular, uma harmonia em contraponto, a beleza dentro da contradição.
Durante o mês de Av, “o poder do sol está enfraquecido”. A intensidade do verão já começou sua descida; a força total do verão declina. O ciclo do sol começou a descer.
Porém em 15 de Av, o ciclo da lua atinge o seu ápice.
Este, então, é o único dia do ano em que o ciclo lunar mensal é pleno – na meia-vida – e o ciclo solar anual começa sua descida. Este momento, quando o sol enfraquece e a plenitude da lua preenche o céu, enfatiza a luz da lua.
Nos ensinamentos judaicos, os judeus são comparados à lua e as nações ao sol. Depois de Tish’a Beav, depois da descida, a lua torna-se cheia – um sinal de que o Templo Sagrado, a luz do povo judeu, será renovada.
O 15 de Av enfatiza também a força dessa renovação porque “o sol está enfraquecido”. É o calendário da natureza, daqueles que calculam dentro da estrutura da mente humana, por assim dizer. O calendário de D’us se torna mais proeminente.
Em 15 de Av, a lua cheia depois de Tish’a Beav, há uma tradição de intensificar o estudo de Torá à noite. À medida que a noite se alonga, o estudo de Torá da pessoa também aumenta.
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