Examinando o primeiro confronto entre o povo judeu e a nação de Amalec (Shemot 17:8-16) sobre o qual lemos em Shabat Zachor nesta semana que antecede Purim, duas perguntas básicas nos vêm à mente. Primeira, por que Amalec atacou os Filhos de Israel sem provocação? O versículo simplesmente relata que Amalec atacou os Filhos de Israel num local chamado Refidim, mas o que motivou este ataque? Segundo, por que eles mereceram esta súbita punição?
A primeira pergunta é respondida pelo Midrash, que compara o povo judeu a uma banheira de água fervente. Assim como ninguém ousa pular num recipiente de água fervente por medo de ser escaldado até a morte, assim também os judeus eram aparentemente invencíveis após seu milagroso êxodo, quando então as nações do mundo reagiam a eles com temor e respeito.
Ninguém ousava atacar o povo que tinha D’us a seu lado – exceto Amalec. Certa vez ele atacou, e embora tenha perdido, deram um jeito de esfriar a água para que outras nações também pulassem dentro sem medo de ser queimadas.
O que deu a Amalec a força para nos atacar? Rabi Yitschac Hutner desenvolve a resposta à primeira questão de outro Midrash, que compara Amalec a uma pessoa que zomba e ridiculariza tudo na vida. Uma personalidade assim procura toda oportunidade de minar e diminuir o que é importante e valioso na sociedade.
As Dez Pragas, a Abertura do Mar Vermelho, a destruição do Egito, o maná caindo do céu – todos estes eventos que haviam criado um senso de reverência e trepidação nas outras nações em relação aos judeus, fazendo a água da banheira mais e mais quente, apenas aumentou o desejo de Amalec de ser o primeiro povo a pular dentro. Para Amalec esta banheira fervente de grandeza, espiritualidade e nobreza tinha de ser esfriada, independentemente das conseqüências.
Voltemos agora a nossa segunda questão. Por que os judeus mereceram ser atacados por Amalec?
A chave para entender esta falha específica é o nome da localidade onde Amalec atacou-nos – Refidim. Embora num nível simples este nome seja meramente uma localização geográfica, o Midrash nos diz que é um acrônimo para "rafu y'dayhem min haTorah – as mãos do povo judeu foram fracas no seu apoio à Torá."
O que significa esta expressão? O termo costumeiro para a falta de estudo de Torá é bitul Torah, negligenciar o estudo de Torá. Qual é então a idéia por trás de dizer que suas mãos eram fracas no seu apoio à Torá?
Rabi Yitschac Hutner explica que esta expressão refere-se a uma fraqueza em reconhecer e apreciar a importância e relevância da Torá em nossa vida. Quando deixamos de perceber como a Torá é vital para nossa própria existência e para a existência do mundo inteiro, estamos convidando Amalec a entrar em nosso meio.
Não apenas devemos estar preocupados com o quanto de Torá aprendemos, mas também com quanto valor e importância atribuímos à Torá que estudamos.
Percebemos que a Torá é sabedoria Divina? Percebemos que a Torá sustenta o mundo inteiro? Percebemos que a suprema perfeição do mundo apenas pode chegar através da Torá?
Que D’us nos ajude a aumentar nosso tempo de estudo de Torá e a avaliar sua verdadeira e ilimitada grandeza.
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