Há uma diferença de opinião no Talmud sobre como se atinge a expiação em Yom Kipur. A maioria dos Sábios afirma que Yom Kipur expia os pecados da pessoa somente se esta faz teshuvá (se arrepende). Rabi Yehuda Hanasi, no entanto, argumenta que o arrependimento é desnecessário, e que a santidade do próprio dia efetua a expiação.
O principal não é se a santidade de Yom Kipur expia os pecados ou não; sobre isso todos estão de acordo. Segundo ambas as opiniões, uma pessoa que não se arrepende não pode atingir o mesmo nível de expiação daquela que o faz. A controvérsia é somente sobre como a expiação de Yom Kipur é efetuada.
Segundo Rabi Yehuda Hanasi, a revelação Divina da "essência do dia" automaticamente expia as transgressões. Os outros Sábios afirmam que para atingir o grau mais alto de expiação da "essência do dia", uma pessoa deve primeiro fazer teshuvá. Tendo se arrependido, pode então atingir o nível mais elevado que somente Yom Kipur pode fazer aflorar.
Expiação significa que as falhas de uma pessoa foram perdoadas e que ela não será punida. No entanto, o verdadeiro significado de expiação é que a alma da pessoa foi purificada. Quando alguém peca, sua alma torna-se manchada. A expiação remove todos os traços impressos pelo pecado. Quando um judeu faz teshuvá, até seus erros deliberados são considerados méritos.
O apego de um judeu a D’us existe em muitos níveis. O primeiro é atingido por intermédio das mitsvot. Quando um judeu aceita o jugo do céu, ele forja uma conexão com D’us.
Depois vem o nível mais profundo de conexão que se expressa no arrependimento. Se um judeu transgride a ordem de D’us, isso enfraquece seu relacionamento com D’us. Isso o perturba muito e o prontifica a se arrepender.
O impulso para a teshuvá emana de seu nível profundamente enraizado de apego. Ao fazer teshuvá, toda a mancha do pecado é removida, e o vínculo com D’us é fortalecido. Porém, mesmo assim este nível é limitado no sentido absoluto.
O nível mais elevado é aquele da conexão intrínseca entre a alma e a essência de D’us. Completamente acima de todas as limitações, transcende até a expressão de arrependimento. Um vínculo dessa natureza não pode ser criado através das ações do homem, nem pode ser aperfeiçoado. Existe, pura e simplesmente, em virtude da alma judia, uma "verdadeira parte do D’us acima".
Como é tão essencial, este grau mais alto de conexão com D’us não pode ser enfraquecido por nada, nem mesmo pelo pecado. É intocado pelo arrependimento do judeu ou falta dele. Assim, no que tange ao supremo nível de nosso relacionamento com D’us, a "essência do dia" de Yom Kipur consegue a expiação.
Os níveis inferiores de nossa conexão com D’us exigem que realmente nos arrependamos, removendo todos os obstáculos a nosso relacionamento. Mas no nível mais alto que é completamente intocado pelo pecado, a expiação de Yom Kipur em si é suficiente.
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