Com a chegada de Rosh Hashaná, muitos de nós sentimos uma pontinha de peso no ar, a desconfortável manifestação de uma tempestade que se aproxima. Pouco a pouco, os atos falhos de nosso passado parecem desenrolar-se nos recessos de nossa mente, e sentimos temor pelo minucioso exame que passará nossa alma diante do Criador. Porém, graças a D’us, há um modo de encontrar a reconciliação com nosso Rei. Podemos simplesmente demonstrar arrependimento por nossas imensuráveis transgressões pedindo perdão e decidindo não mais cometer os lamentáveis pecados.

Infelizmente, este procedimento não é tão simples quanto parece. Isso requer uma vontade e habilidade ferrenhas de suprimir o despertar das exigências despóticas de nossa má inclinação. Entretanto, a Parashat Nitzavim apresenta a necessária perspectiva para conseguir esta reviravolta tão drástica. Com impressionante dramatização, D’us nos exorta: "Estabeleci vida e morte perante vocês, bênção e maldição. Escolham a vida para que possam viver" (Devarim 30:19). É tão claro e aparente; afinal, ninguém deseja morrer. Se apenas pudéssemos mergulhar fundo nos recessos de nosso coração e derrotar a má inclinação, então tudo se tornaria claro como água. Seguir de forma descuidada apenas nossos desejos físicos apenas serve para aumentá-los, e como resultado da conseqüente insatisfação somos removidos das alegrias deste mundo. Apenas quando escolhemos o caminho de seguir os estatutos de D’us conseguiremos atingir uma vida significativa e repleta de alegria.

Rabi Moshe Feinstein enfatiza que a palavra chave no primeiro versículo da seção: "Vejam que Eu coloquei perante vocês hoje a vida e a bondade" (ibid. 30:15). Nossa decisão quanto ao rumo que nossa vida está tomando nunca é fixa e imutável; é uma constante determinação do dia-a-dia. Jamais se desespere, a Torá nos recomenda, nunca é tarde demais para seguir o caminho que leva à tranqüilidade eterna. A pessoa não deve de forma alguma tornar-se muito confiante em seu status espiritual. A Torá nos adverte que a cada dia devemos novamente tomar a decisão de caminhar na verdadeira trilha da vida e da suprema felicidade.

Rashi explica a diretiva de D’us : "Escolha a vida" comparando D’us a um pai amoroso que chama o filho querido de lado e lhe diz para escolher para si a melhor de suas propriedades como herança. Não apenas isso, o pai até mesmo mostra ao filho o campo mais rendoso e lhe aconselha a escolher este.

Rabi Eliyáhu Dessler explica que D’us nos ama profundamente e deseja tanto que experimentemos os supremos prazeres da vida que Ele insinua quando fazemos algo de errado e assim nos leva a abraçar Seus caminhos. D’us consegue isso dando-nos o senso de culpa importuna e apreensão após tomarmos uma decisão errada, que é como uma abençoada bússola dentro de nós, nos guiando constantemente a servir fielmente a nosso Criador.

Veja, a trilha se abre diante de nós. Um lado está repleto de espinhos, cardos e escuridão sem fim, e o outro é banhado pelo sol com frutos deliciosos, árvores e flores ao redor do caminho. Escolha a vida, e com a ajuda de D’us seremos todos julgados favoravelmente por nosso Pai amoroso.