por Mendel Starkman

Esta semana lemos duas porções da Torá, Nitsavim e Vayêlech. A porção Nitsavim é sempre lida no Shabat anterior a Rosh Hashaná. Na verdade, seu primeiro versículo revela sua adequação: "Vocês estão de pé neste dia, todos vocês, perante o Eterno vosso D’us."

"Este dia" refere-se ao Dia do Julgamento, Rosh Hashaná. Em Rosh Hashaná toda alma, seja grande ou pequena, fica diante de D’us, como está escrito: "Seus chefes, suas tribos, seus anciãos e seus funcionários… seus pequeninos, suas mulheres… do lenhador ao apanhador de água."

Por que ficamos diante de D’us?

"Para que vocês possam entrar no pacto do Eterno, seu D’us."

Quando todos os judeus ficarem perante Ele como uma entidade completa e unificada, seremos merecedores de entrar no Seu pacto em Rosh Hashaná.

Um pacto é planejado para preservar o sentimento de amor que existe entre duas pessoas. Elas estabelecem uma aliança numa época em que seu amor é mais forte, para que nunca enfraqueça. Este vínculo os conecta mutuamente, e assegura que seu amor perdurará para sempre. Assim também é com o amor de D’us pelo povo judeu. Seu amor por nós é mais forte em Rosh Hashaná, pois o mês anterior foi devotado a remoção de nossos pecados.

Mas como despertamos o desejo de D’us estabelecer um pacto conosco? Ao nos unirmos uns com os outros. Como conseguimos isso, dadas as diferenças entre os indivíduos? Isso pode ser entendido pela seguinte analogia:

O corpo humano é composto de diversos órgãos e membros. Alguns são mais importantes e complexos, como a cabeça; outros mais simples, como o pé. Mas a cabeça, não importa o quanto seja essencial, precisa do pé para se mover. O corpo atinge a perfeição somente quando todos seus membros estão em harmonia.

Da mesma maneira, até os judeus mais importantes ("suas cabeças") precisam dos mais simples ("o apanhador de água") para formar uma entidade completa. E é esta unidade que desperta o desejo de D’us, de fazer um pacto com Seu povo.

Nosso trabalho é atingir esta unidade entre "cabeça" e "pé". Todo judeu deve trabalhar em si mesmo, até que esteja apto a reconhecer as qualidades especiais de seu próximo. Está além de nossa capacidade julgar o real valor de uma pessoa. Mesmo se alguém se considera uma "cabeça" e o próximo como o "pé" (pois é da natureza humana inflar seu próprio valor), a "cabeça" ainda precisa do "pé para formar um ser completo.

Devemos nos preocupar em corrigir nossas próprias falhas, e não considerar as falhas que notamos nos outros. Assim fazendo, não haverá tempo para olhar as imperfeições do próximo! Desta maneira, atingiremos tanto a auto-perfeição quanto a perfeição como um povo, e D’us concederá a todos os judeus um ano bom e doce.


Adaptado de LIkutei Sichot do Rebe, vol. 2