O dia de Pêssach se aproxima, e se não formos cuidadosos ele poderá passar por cima de nós.
Ano após ano, Pêssach parece despontar no horizonte ao começarmos nossa limpeza da primavera e informar-nos sobre quais parentes estão vindo para a cidade.
Um dos aspectos principais desta azáfama pré-Pêssach é a inimitável procura e remoção de chamêts, aqueles produtos fermentados que nos são proibidos em Pêssach. Pegamos nossas lentes de aumento e procuramos em cada fenda e recesso da casa, assegurando-nos que nenhum chamêts permaneça.
Ao tentar nos equiparar com nossos vizinhos, todos desejamos ter a casa mais limpa e mais impecável para Pêssach. Mas talvez estejamos nos esquecendo de algo mais importante... Devemos nos lembrar que estávamos e ainda nos encontramos no estado de Galut.
O Galut vem em muitas formas. O escravo hebreu no Egito, o próspero exílio judaico na Babilônia, o perseguido morador do gueto na Europa medieval, o interno em Auschwitz, o judeu americano tolerado no clube de campo, o israelita refém dos caprichos das superpotências globais, – todos esses são súditos do Estado-Galut, cuja definição básica é que a pessoa é "um estranho numa terra que não é sua".
Você não é o dono de seu ambiente, mas o súdito; não está no controle de suas circunstâncias, mas é sua vítima.
De fato, temos permanecido no galut pela maior parte de nossa história. Houve duas Eras do Templo (826-423 AEC, e 349 AEC a 69 EC), totalizando 830 anos, quando residimos em nossa terra e a Presença Divina habitava manifestamente entre nós; porém durante a Era do Segundo Templo vivemos sob a hegemonia de potências estrangeiras, e até a Era do Primeiro Templo incluiu períodos de conflito interno e jugo estrangeiro. De fato, o Talmud aponta a uma única geração, o reinado de 40 anos do Rei Salomão, como uma época em que "a lua estava cheia" – quando nosso relacionamento com D’us era integral e éramos realmente os mestres do nosso destino.
O atual estado do mundo é chamado "galut". O estado do mundo como será em breve é chamado "gueulá". As duas palavras são exatamente a mesma, exceto que "gueulá" tem a letra alef inserida no meio. Alef significa 'amo". Também significa "um". Para transformar galut em gueulá, precisamos apenas revelar o alef – o Único Mestre do Universo, que está oculto nos artefatos de nosso mundo atual.
Ao procedermos com a limpeza da Primavera, a remoção de todo o chamêts de nossas casas, carro, escritórios, etc., devemos pensar se estamos de fato removendo o chamêts de nossa mente e coração, ou seja, o orgulho, a inveja, o ódio, a melancolia, e todas as formas negativas de relacionamentos entre os homens, e entre o homem e D’us. Se conseguirmos perceber nossas fraquezas e onde podemos melhorar, seremos mais capazes de transformar nossas "migalhas" em maná: o alimento Divino capaz de nutrir não apenas nosso corpo, como nossa neshamá, alma judaica.
Que nesta "faxina" possamos nos tornar mais humildes e realmente aproximar o céu da terra, transformando a morada terrestre em um verdadeiro lar para o Nosso Rei.
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