As canções da Hagadá são melodias cantadas com muita emoção à mesa do sêder. Uma das mais famosas é "Dayênu" ("Bastaria para nós"). A canção fala de uma série de eventos felizes da História Judaica, iniciando com o Êxodo do Egito e terminando com a construção do Templo Sagrado.
Na verdade, cada um destes benefícios sem o restante da lista certamente não seria suficiente. Provavelmente, a canção quer transmitir, a nós e nossos filhos, quantos milagres D'us fez por nós. Não fossem todos aqueles e mais os inúmeros milagres de lá para cá, não estaríamos aqui, nesta noite, cantando e exclamando "Dayênu".
Na área terrestre, quem é rico? É aquele que está feliz com o que tem, assim nos ensina o Pirkê Avot, o livro da Ética dos Pais.
Na área do progresso espiritual, a palavra "dayênu" tem que ser uma pergunta, ao invés de uma declaração. Dayênu? - será que basta? Será que estou fazendo o suficiente para minha vida espiritual como faço para a física? Será que estou fazendo o necessário para meu povo, meu país, minha comunidade, minha família? Esta pergunta leva ao progresso, eleva o padrão de vida e enriquece a alma.
Contentar-se com aquilo já alcançado espiritualmente não é uma atitude certa. É como a dos pais que falam dayênu, "basta o pouco de judaísmo que meu filho aprende, porque de qualquer maneira não será rabino". Estes pais estão arriscando o futuro de seu tesouro mais precioso e, ainda, enfraquecendo o judaísmo como um todo.
Hoje, o que os judeus precisam não é a sensação de satisfação com os avanços, mas, sim, uma insatisfação com os padrões atuais e com os valores que estão prevalecendo e ganhando terreno.
Temos de ser mais críticos e constantemente nos perguntar: Dayênu? - será que estamos fazendo o suficiente? Será que estamos cumprindo com nossa parte e estamos atendendo às exigências de D'us, em Quem alegamos ter fé? Não precisamos de rabinos para nos lembrar disto a cada momento; cada um deve fazer seu próprio serviço.
Da mesma maneira que a canção Dayênu termina falando da construção do Templo, nossa vida não pode ser completa, a não ser que nos leve sempre a uma nova construção, pois quem está satisfeito com suas conquistas espirituais está condenado a cair de nível.
Na vida espiritual é preciso "cantar" a nossa alma constantemente: "Dayênu?"
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