Às margens do Deserto da Judéia, num platô com vista para o Mar Morto, encontra-se a ruína escavada de uma cidadela real. Esta foi a última fortaleza defendida pelos judeus zelotes que se recusaram a submeter-se à ocupação romana. Quando eles não puderam mais se defender, Massada tornou-se o pano de fundo para um dos episódios mais dramáticos da História Judaica.

Depois de Jerusalém, Massada é o destino mais procurado por turistas em visita a Israel. Sua fama deve-se ao fato de ter-se transformado num símbolo de resistência do povo judeu à submissão de outros povos. 960 judeus cometeram suicídio após uma decisão coletiva, no Século Primeiro por se recusarem a serem escravos dos romanos, submetidos à sua vontade. É símbolo de coragem e resistência.

História de Massada

Erguendo-se cerca de 400 metros acima do deserto ao redor e cercada por profundos desfiladeiros, o platô de Massada era naturalmente fortificado. A leste, a terra apresenta um forte declive até o Mar Morto. O caminho daquele lado era (e ainda é) chamado de “A Cobra”, por suas curvas estreitas e sinuosas. O único outro acesso, no lado oeste, é apenas um pouco mais transitável.

No primeiro século AEC, o Rei Herodes – governador de Israel que se curvava aos romanos – construiu uma elaborada fortaleza sobre o topo desta montanha, incluindo espaçosos palácios, luxuosas casas de banho, depósitos bem estocados e doze enormes cisternas. Embora ele tenha construído a fortaleza por medo (ou paranóia) do Egito, ela lhe servia também como local de descanso.

Anos depois, em 66 EC, Massada tornou-se um refúgio para os judeus zelotes que resistiam ao domínio romano. Eram liderados por Elazar ben Ya’ir. Após a conquista de Jerusalém e a destruição do Segundo Templo em 69 EC, mais judeus juntaram-se ao grupo. Eles resistiram aos esforços romanos para desalojá-los e usaram Massada como sua base para ataques (contra os romanos e contra facções judaicas inimigas). Com os alimentos perfeitamente preservados que Herodes tinha em estoque, bem como a água das cirsternas, eles puderam resistir indefinidamente.

Réplica do palácio de Herodes no topo de Massada
Réplica do palácio de Herodes no topo de Massada

Em 72 EC o governador romano Flavius Silva decidiu eliminar de uma vez este posto de resistência. As 15.000 pessoas do acampamento romano, que incluíam a Décima Legião Romana e os prisioneiros de guerra judeus, se prepararam para um longo cerco contra os 1.000 homens, mulheres e crianças na montanha.

Após falhar em romper a muralha pelo lado leste, eles construíram uma longa e ampla rampa de ataque contra o lado oeste, usando milhares de toneladas de pedras e terra. Então, usando um aríete de ataque, quebraram a parede de pedra da fortaleza. Os defensores tinham construído outra parede que os romanos não conseguiram romper com o aríete porque era mole e recuava com os golpes. Os romanos destruíram esta parede com fogo, e planejaram entrar no dia seguinte.

Naquela noite, Elazar reuniu todos e falou com eles. Decidiram morrer para não cair nas mãos dos romanos. Cada homem matou a própria esposa e filhos, então fizeram sorteios e se mataram entre si até que o último homem ateou fogo ao próprio corpo e morreu.

Pela manhã, os romanos entraram na fortaleza e encontraram apenas cadáveres.

Duas mulheres e cinco crianças tinham sobrevivido ao suicídio em massa escondendo-se numa cisterna, e foi assim que a história se tornou conhecida ao historiador Josephus, que a registrou. Josephus é a única fonte importante de informação sobre Massada.

Desde que o cerco a Massada foi identificado em 1838, descobertas e escavações têm ocorrido regularmente. O Parque Nacional de Massada foi aberto em 1966, e a Autoridade de Parques e Natureza de Israel mantém atividades de conservação e restauração. As escavações ainda estão sendo feitas.

Visitantes subindo o antigo "Caminho da Serpente" até Massada (Foto: Avishai Teicher).
Visitantes subindo o antigo "Caminho da Serpente" até Massada (Foto: Avishai Teicher).

Significado Espiritual de Massada

As autoridades judaicas diferem sobre a questão do suicídio como o exemplificado por Massada. Alguns o consideram um martírio heróico, mas outros afirmam que embora os judeus devam sempre estar dispostos a aceitar o martírio, se necessário, é errado tirar a própria vida em antecipação de prováveis desgraças.

Não obstante a moralidade de sua decisão, Massada relata uma história de heroísmo em seus momentos mais sombrios. Massada tornou-se então uma atração instantânea quando foi escavada e aberta ao público. Logo tornou-se um símbolo de coragem para um povo determinado a ser livre em seu próprio país. Na verdade, Massada foi palco de uma resistência heróica de proporções míticas.

Restos do acampamento romano ao pé de Massada (Crédito: Avishai Teicher)
Restos do acampamento romano ao pé de Massada (Crédito: Avishai Teicher)

Outra maneira de se olhar para isso é que em massada, os judeus cometeram suicídio em desespero, acreditando que toda a esperança estava perdida, toda a fé se fora, que a estrela judaica tinha sido totalmente eclipsada. Parecia que o povo judeu ia desaparecer da história. Porém isso jamais aconteceu. De fato, a população de judeus começou a crescer novamente. Massada é importante porque conta ao mundo que o legado judaico não pode ser apagado, que a sorte judaica, mesmo quando está em seu ponto mais baixo, está destinada a reviver e ressurgir. Que os judeus são o povo da eternidade.

Massada Atualmente

Massada fica a sudeste de Israel. Uma viagem até Massada pode ser associada com visitas ao Mar Morto e/ou ao maravilhoso Parque Nacional Ein Gedi.

A subida a Massada pelo lado leste é feita por teleférico (a um preço mínimo), e a pé pelo Caminho da Cobra – uma subida moderada que leva de 45 a 60 minutos. Pelo lado oeste, subir a rampa construída pelos romanos leva cerca de 15 minutos. Você pode chegar ao lado oeste a partir da cidade de Arad. (Não há estrada ao redor de Massada, portanto leva cerca de um hora e um quarto de carro, desde a entrada leste até a oeste.)

Durante os meses de verão, pode ficar perigosamente quente na área deserta de Massada. Durante esta época, por motivos de segurança, você não terá permissão de subir a trilha a pé, a menos que chegue nas primeiras horas da manhã. O local é aberto aos visitantes que optam pela caminhada uma hora antes do nascer do sol. Assegure-se de permanecer sempre bem hidratado – garrafas de água e chapéu para se proteger do sol são essenciais.

A antiga sinagoga de Massada (Foto: Avishai Teicher)
A antiga sinagoga de Massada (Foto: Avishai Teicher)

À noite, há um show espetacular de luz e som dramatizando a história de Massada, no lado oeste do topo da montanha, onde os visitantes podem se sentar num anfiteatro natural. Durante o inverno não há show de luz e som.

Informações sobre o horário do parque e os preços podem ser encontradas no website oficial da Autoridade de Proteção aos Parques Nacionais e Natureza de Israel, www.parks.org.il.

Fatos Interessantes

  • Alguns historiadores acreditam que os zelotes não lutaram, preferindo a morte, porque seriam feitos cativos e forçados a construir a rampa e lutar do lado romano.
  • Dos locais mais incríveis que podem ser observados em Masada há duas micvaot que preenchem perfeitamente todas as requisições prescritas pela Halachá, além de uma sinagoga, única ainda preservada desde o tempo do Segundo Templo Sagrado.
  • • Incrível também é observar como o Rei Herodes projetou e construiu todo um intrincado sistema de aquedutos para drenar cada gota de chuva abastecendo as cisternas, em meio ao deserto, em um clima árido onde raramente há chuva, e mesmo assim, muito escassa.
Uma das antigas mikvaot descobertos em Massada
Uma das antigas mikvaot descobertos em Massada

Josephus Flavius...
Palavras proferidas no discurso de Eleazar Ben-Yair's:

"Desde que nós, caros companheiros, há muito resolvemos não nos tornar escravos dos romanos, e de ninguém mais a não ser do Criador, que é a verdade e que reina soberano sobre toda a humanidade chegou o tempo que nos obriga a colocar em prática nossa decisão.

“E que numa hora dessas não possamos nos recriminar, nem nos contradizer. Embora no passado tenhamos sofrido a escravidão, agora devemos considerar isto intolerável.

“Por isso quero dizer que os romanos nos mantiveram sob o seu poder enquanto estávamos vivos; fomos os primeiros a nos revoltarmos contra eles, e somos os últimos a lutar contra eles. Não posso deixar de considerar isto como um favor que D’us nos concedeu, que ainda está em nosso poder morrer corajosamente, num estado de liberdade, o que não ocorreu com outros, que foram conquistados de surpresa.

“É para esta mesma cerca que seremos levados daqui a um dia, mas ainda podemos morrer de maneira gloriosa, juntos, ao lado de nossos queridos amigos… Deixemos nossas esposas falecerem antes que sofram qualquer tipo de abuso e nossas crianças, antes que experimentem a escravidão; e depois de matá-los, vamos conceder esta glória mutuamente uns sobre os outros em liberdade, como um excelente monumento funerário para nós. Mas primeiro vamos destruir nosso dinheiro e a fortaleza pelo fogo; pois tenho plena certeza de que este será um golpe terrível para os romanos; eles não conseguirão agarrar nossos corpos, e nem a nossa riqueza: vamos nos desfazer de tudo exceto de nossas provisões; pois eles serão testemunhas quando estivermos mortos de que não fomos vencidos pelas necessidade; mas segundo nossa resolução original: a de que preferimos a morte à escravidão.”