E D'us disse a Moshe: “Venha ao Faraó...” – Shemot 10:1

Disse Rabi Shimeon: Agora é tempo de revelar segredos que estão acima e abaixo. Por que diz: “Venha ao Faraó?” Deveria ter dito “Vá ao faraó”...

“Mas D'us levou Moshe a uma câmara dentro de uma câmara, para a... sobrenatural e poderosa serpente da qual evoluem muitos níveis... que Moshe temia se aproximar porque ele viu que estava enraizado em fontes sobrenaturais...”

Zohar, parte II, 34 a

O medo é talvez nosso pior inimigo. Não porque é ruidoso e agressivo, mas porque é invisível. Há uma pessoa viva que não sofra de algum medo, conhecido ou (até pior) desconhecido? E quais efeitos os nossos medos têm em nossas vidas – qual impacto ele causa em nossas escolhas e ambições, no nosso comportamento, orgulho, inveja, raiva e tantas outras emoções? Ele pode ser medido? É nosso caminho para o sucesso uma forma de mascarar ou compensar alguns dos nossos temores? Qual efeito em massa crítica o medo tem sobre a sociedade?

Acima de tudo, do Que Estamos Temerosos? O que exatamente tememos e qual é a raiz do medo? Sem chegar ao âmago dos nossos temores não podemos esperar aliviá-los.

Embora nossos medos hoje tenham raízes óbvias (medo de ataque, medo da morte), mesmo assim vemos que eles são individuais – como sempre tem sido o caso na história. Para quem não fica paralisado pelo medo e tem a habilidade de crescer através dele. Qual é seu segredo?

A porção dessa semana da Torá, Parashá Bo, nos ensina o segredo da raiz do medo e seu antídoto.

O capítulo começa com as seguintes palavras: E D'us disse a Moshe:
“Venha ao Faraó...” O Zohar [clássico texto místico] faz a pergunta: Por que diz “Venha ao Faraó”? Deveria ter dito: “Vá ao faraó”...

Moshe já tinha visitado muitas vezes o Faraó antes desse mandamento, “Venha ao faraó.” O que de repente assustou Moshe dessa vez? E como a resposta de D'us “Venha ao faraó” atenuou seu medo?

O medo é relativo a cada pessoa e sua situação, as dificuldades que cada um de nós enfrenta e as forças que cada um de nós tem. O que assusta uma pessoa pode nem sequer mexer com a outra.

Até essa altura, Moshe lidava com o Faraó em suas várias manifestações, não sua essência. Mas agora lhe é dito para entrar na essência interior do mal do Faraó, a ‘grande serpente’. Isso aterrorizou Moshe. Ao que D'us respondeu: “Venha ao Faraó,” Venha comigo. D'us está dizendo que você não vai sozinho, Eu vou com você e ajudo você a erradicar o mal na sua fonte.

E aqui encontramos a verdadeira natureza do medo.

O verdadeiro poder do medo está na solidão que ele impõe sobre nós. Sentimos que estamos sozinhos em nossa dificuldade. Sentimos que ninguém pode entender nossa dor e sofrimento. E mesmo se alguém pode ter empatia, ainda sentimos que eles não estão conosco, ninguém está conosco e portanto permanecemos isolados.

A vida inerentemente tem uma construção em insegurança existencial. No nascimento, o Talmud nos diz que somos feitos para esquecer os ensinamentos injetados em nossa própria psique e alma. A existência, os místicos nos ensinam, é um efeito de uma separação cósmica. Como resultado do ‘grande tzimtzum’ nos sentimos sozinhos, sentimos que estamos por nós mesmos – isolados num universo desolado, desconectados de qualquer fonte de sustento.

Essa solidão existencial é a raiz do medo. E disso é o que Moshe – até o notável Moshe – estava tão aterrorizado quando se preparava para enfrentar o maldoso âmago do Faraó, a ‘serpente sobrenatural’. Ele estava temeroso e sentia que estava sozinho. Obviamente, o medo de Moshe é relativo a ele e ao desafio sem precedentes que ele estava enfrentando. Encontrando e destruindo a essência da raiz do mal. O medo é relativo a cada pessoa e sua situação, as dificuldades que cada um de nós enfrenta e as forças que cada um de nós tem. O que assusta uma pessoa pode nem sequer mexer com a outra.

Porém, o denominador comum entre todos nós é – e esta é a lição relevante que derivamos de Moshe – que o medo (no nível relativo a nós) resulta de nosso senso de isolamento. E portanto a resposta de D'us ao terror de Moshe é: “Venha Comigo”, Eu vou com você.

Esta é a poderosa mensagem que cada um de nós deve tirar da Parashá Bo – “Venha Comigo.” Não importa o quanto podemos nos sentir solitários, especialmente em nossa perda e sofrimento, não estamos sozinhos.

A única resposta ao poder invisível do medo – o medo de ficar sozinho – é reconhecer que você não está sozinho. Você nunca está sozinho.