A leitura da Torá desta semana conta sobre a abertura do Mar Vermelho e o cântico entoado em seguida em comemoração ao milagre: Az Yashir.  

Em 1947, apenas alguns anos antes de Rabi Yossef Yitzchak Schneersohn (o Rebe "Rayatz"), sexto Rebe de Lubavitch, falecer, seu genro e eventual sucessor, o rabino Menachem Mendel Schneerson, viajou para Paris. Sua mãe tinha conseguido sair da Rússia comunista. O Rebe, que havia escapado da Europa para os Estados Unidos em 1941, chegou a Paris para cumprimentar sua mãe, a quem não via há mais de 15 anos e acompanhá-la de volta para os Estados Unidos.

Em Paris, ele encontrou um grupo de chassidim Lubavitch que tinha sobrevivido ao Holocausto e queria muito imigrar para os Estados Unidos, mas não conseguiu obter vistos. Pediram-lhe que, após seu retorno, explicasse ao Rebe Rayatz sua situação e pedir-lhe para despertar compaixão e misericórdia do céu sobre eles. O Rebe explicou a eles que eles estavam sendo um pouco ingênuos ao pensar que o Rayatz precisasse ser diretamente informado, a fim de estar ciente de seus problemas. A fim de marcar o seu ponto de vista, comtou-lhes o seguinte:

Na época, o Rayatz estava doente e exigia uma certa injeção de remédios todos os dias. A enfermeira particular ia ao seu escritório no 770 num horário definido para administrar a injeção. Um dia, a enfermeira estava alguns minutos atrasada. Quando ela bateu na porta de seu escritório, não houve resposta. Normalmente, havia rabinos do secretariado do Rayatz por perto, mas desta vez não havia ninguém lá. Então ela abriu lentamente a porta de seu escritório.

Quando ela entrou, o viu sentado perto de sua mesa, com seus olhos olhando para longe, obviamente sem saber o que estava acontecendo ao seu redor. Ele tinha a aparência de alguém que não estava neste mundo completamente. Ela nunca tinha visto nada parecido antes e estava certa de que algo tinha acontecido com ele, talvez tivesse perdido a consciência.

Ela correu para fora à procura de alguém da família e encontrou o "Ramash" (como o Rebe era conhecido na época), que rapidamente entrou no quarto e aproximou-se de seu sogro até conseguir ouvir de sua boca o que estava murmurando. Ele ouviu que o Rebe Rayatz estava recitando de cor e com a melodia da Torá as palavras do Cântico do Mar, Az Yashir. Era como se o Rayatz estivesse rezando. Então, logo ele percebeu que o Rayatz estava num estado de conexão com D’us, e não que ele estava doente.

De fato, depois de alguns minutos o Rayatz saiu desse estado de transe. Mas o Rebe sentiu que havia uma razão para tudo isso. Ele decidiu fazer uma pesquisa e descobriu que durante esses momentos em que o Rebe Rayatz estava neste estado, há milhares de quilômetros de distância, um pequeno grupo de chassidim tentava passar ilegalmente através da fronteira russo-polonesa. Se fossem capturados, teriam sido sumariamente executados. Durante esses momentos críticos, o Rebe Rayatz tinha despertado a misericórdia do Céu para que eles fossem bem sucedidos.

Portanto, o Rebe contou aos chassidim em Paris que, após esta história deveriam entender que o Rebe Rayatz não precisa de ninguém para lhe dizer quanto a despertar piedade por seus discípulos. Cada chassid está sempre em sua mente. Ele vê e sabe exatamente o que está acontecendo com ele, e continuamente se sacrifica e reza por todos e cada um deles.

Esta é uma história importante para nos fazer refletir que o Rebe está realmente pensando em todos e cada um de nós, e desperta continuamente a misericórdia do Céu sobre nós.

Há uma poderosa conexão entre recitar a Canção do Mar e despertar a misericórdia do Céu. Se o Rebe notou isso (ele poderia ter contado a história sem notar o que o Rebe Rayatz tinha dito durante a sua aparente ‘ausência’) isso significa que devemos estar conscientes disso. Se você pensar sobre alguém que precisa de misericórdia Celestial e recitar a Canção do Mar com sinceridade e com a intenção adequada, você despertará nos Céus a misericórdia divina. Isto é verdadeiro tanto para o indivíduo como para todo o povo de Israel.


Rabi Yossef Yitschac Schneersohn (12 Tamuz 1880-1810 Shevat 1950), conhecido como o Rebe Rayatz, foi o sexto Rebe, de 1920-1950. O único filho de seu antecessor, o Rebe Rashab. Ele estabeleceu uma rede de instituições de ensino judaicas e chassidim que foi o fator mais importante para a preservação do judaísmo durante o reinado de terror dos soviéticos comunistas. Em 1940 ele se mudou para os EUA, estabeleceu a sede de todo o mundo Chabad no Brooklyn e lançou a campanha global para renovar e difundir o judaísmo em todas as línguas e em todos os cantos do mundo, a campanha continuou e expandiu tão notavelmente com sucesso por seu genro e sucessor, o rabino Menachem Mendel Schneerson.