A Parashá Kedoshim contém muitas mitsvot proibindo-nos de furtar dinheiro. Aqui estão algumas delas:

Não Roubar

Por que esta mitsvá segue-se à mitsvá de deixar parte da colheita para os pobres? O que possuem em comum?

O proprietário de um campo é advertido: "Se você tem um campo e é muito mesquinho para deixar pea, está na verdade roubando comida dos pobres. Não roube!"

E os pobres, também, são advertidos: "Quando recolher leket, não furte! Se você perceber que o dono deixou cair três feixes juntos, não os recolha! Não lhe pertencem; pertencem ao proprietário. Também, se você não é realmente necessitado mas recolhe pea para ganhar ‘comida grátis’, está roubando! Pea pertence apenas aos pobres."

A Torá ensina a não roubar após as mitsvot de leket, shikcha e pea para insinuar estas advertências ao proprietário de um campo e aos pobres.

Um judeu não pode roubar nem mesmo um centavo. Também não pode tirar nada de seu amigo como brincadeira, mesmo que tenha a intenção de devolvê-la mais tarde. E jamais deve comprar coisa alguma de um ladrão.

A seguinte história vai mostrar o porquê.

Uma história:

Porque Não Devemos Fazer Negócios com um Ladrão

Havia certa vez um governante não-judeu que promulgou esta lei: Se a polícia pegasse um ladrão, deveria libertá-lo. Porém, se pegasse uma pessoa que comprou artigos roubados, deveria condená-la à morte.

"Esta lei é ridícula!" comentava o povo. "Não seria melhor se o rei ordenasse que o ladrão fosse morto?"

O rei soube que o povo ria de sua nova lei. Anunciou: "Todos estão convidados para ir ao grande campo atrás do palácio amanhã. Haverá um demonstração muito interessante."

Enorme multidão reuniu-se no campo no dia seguinte. Naquele local vivia um grande número de doninhas. O rei ordenou aos servos: "Coloquem comida que as doninhas apreciem."

Os servos trouxeram comida e a colocaram no campo. Imediatamente, apareceram doninhas de todos os cantos e pegaram a comida, carregando-a para suas tocas.

"Voltem todos amanhã nesta mesma hora e mesmo lugar!"anunciou o rei. Aquela noite, o rei disse aos servos: "Encham com pedras as tocas das doninhas, onde os animais geralmente colocam sua comida."

No dia seguinte, após o povo estar reunido, o rei disse novamente aos servos: "Tragam comida para as doninhas!" Os servos puseram a comida no chão e os animais foram pegá-la. Carregaram-na para suas tocas, mas não puderam colocar a comida lá dentro; os buracos estavam fechados.

As doninhas trouxeram a comida de volta ao local de onde a haviam apanhado.

"Vejam," disse o rei. "Ladrões agem exatamente como doninhas. Roubam porque sabem que existem pessoas que negociarão com eles. Mas se souberem que ninguém comprará artigos roubados, deixarão de furtar. Por este motivo estou punindo todos que fazem negócios com ladrões; eles encorajam os gatunos a roubar!"

Não Negar e Não Mentir

A Torá nos avisa: "Se você roubou alguma coisa, não o negue, dizendo: ‘Não roubei.’ Admita seu roubo e faça teshuvá."

A Torá também ordena: "Se alguém lhe der dinheiro para guardar em confiança ou lhe fez um empréstimo, ou se você achar dinheiro e ele lhe pedir para devolver, não minta, dizendo: "Nunca recebi este dinheiro."

Não Jurar em Falso

Se você receber dinheiro de alguém para guardar e negar isto mais tarde, o verdadeiro dono do dinheiro poderá dizer: "Vá ao tribunal e jure que você não tem meu dinheiro."

A Torá adverte: "Não jure falsamente que você não tem o dinheiro."

Não Reter Dinheiro que Pertence a Outrem

Se um amigo lhe emprestou dinheiro ou lhe deu dinheiro para guardar para ele, não faça brincadeiras ou use de força para ficar com o dinheiro. Não deve dizer: "Não tenho tempo para devolver-lhe o dinheiro hoje, volte amanhã."
Um judeu que propositadamente retém dinheiro que pertence a outra pessoa, está cometendo uma transgressão. Você não pode reter dinheiro que é devido a outra pessoa.

Não Reter o Salário de Trabalhadores

Um judeu deve pagar quem trabalha para ele ao fim de cada dia de trabalho. Entretanto, se há um arranjo com o trabalhador para pagá-lo semanalmente, ou mensalmente, ou quando a tarefa for terminada, não é necessário pagar-lhe a cada dia. Ao invés disso, deve pagar-lhe ao tempo combinado. Se atrasar o pagamento, comete uma transgressão.

Nossos Sábios explicam:

O Pecado de Roubar Causou o Dilúvio

As pessoas que viveram na geração do dilúvio foram perversos que assassinavam, serviam ídolos, e tinham relações que lhes eram proibidas. Mesmo assim, D’us teve paciência e não ia trazer o dilúvio para destruí-los. Porém, quando cometeram o pecado do roubo, os anjos disseram a D’us: "Deves punir esta geração agora." Assim, D’us mandou o dilúvio.

O Midrash explica:

O Truque da Geração Antes do Dilúvio

O povo perverso que viveu antes do dilúvio agia de maneira insidiosa quando roubava. Pegavam quantidades tão pequenas que os juízes da corte não podiam puni-los. Se um homem pusesse uma cesta de ervilhas sobre o peitorial da janela, alguém se esgueirava e roubava apenas uma ervilha. Outra pessoa viria então e pegaria mais uma ervilha, e uma terceira pessoa mais uma – centenas de pessoas pegariam apenas uma ervilha cada uma. Quando o dono descobria que a cesta estava vazia, iria ao magistrado. "Minhas ervilhas foram roubadas," diria ao juiz.

"Quem as roubou?" perguntaria o juiz.

"Bem, vi um vizinho aproximar-se da cesta," diria o homem.

Então o juiz chamava o vizinho.

"Você roubou as ervilhas deste homem?" perguntava o juiz.

"Não, senhor," respondia o ladrão. "Peguei apenas uma. Uma não vale nem um centavo; certamente não vai me punir por pegar apenas uma."

Cada ladrão contava ao juiz a mesma história. Desta maneira, as pessoas que viveram antes do dilúvio eram espertas para safar-se do tribunal sem castigo. Entretanto, D’us puniu-os todos por sua gatunagem. Mandou um dilúvio que os destruiu.