Após a arca, D'us ordenou a Moshê; "Faça uma mesa, e ponha na seção côdesh do Tabernáculo. Sempre deve haver doze fornadas de pão sobre a mesa."

A mesa era feita de madeira e coberta de ouro. A borda superior estava magnificamente filetada a ouro. Duas varas de madeira recobertas de ouro passavam por aros de ambos lados da mesa. A mesa também possuía cinco prateleiras para acondicionar os pães.

Os Pães da Proposição

D'us instruiu Moshê: "Você deve colocar doze formas de pães sobre a mesa."

Estes pães têm o nome 'Hapanim' (faces) derivado do fato de que possuem "duas faces". Eram moldados em forma de uma matsá grossa e quadrada, com ambos extremos dobradas para cima.

Uma família de cohanim era encarregada de assar os pães. Assavam-nos em cada véspera de Shabat, em formas de ferro. Depois de assados, eram transferidos para moldes de ouro, e trazidos à mesa nestes. Eram então removidos do molde. Dois pães eram colocados diretamente sobre a mesa. Os outros dez eram colocados sobre cinco prateleiras sob a mesa, duas formas em cada prateleira.

D'us ordenou: "Que haja pães sobre a mesa constantemente!" A mesa nunca podia ficar vazia. Por conseguinte, os pães novos eram colocados antes dos velhos serem retirados. (Os pães permaneciam sobre a mesa mesmo quando a nação de Israel viajava.)

Os cohanim que estavam de turno no Tabernáculo comiam as fornadas velhas. Era difícil crer que este pão já tinha uma semana. Pois quando os pães eram retirados da mesa depois de uma semana, nunca estavam duros, rançosos ou mofados. Tinham o sabor de frescos como se tivessem acabado de sair do forno!

Sobre a mesa também se colocavam duas tigelas cheias de levoná (uma especiaria). Cada Shabat, antes que os cohanim comessem dos pães, as especiarias eram queimadas e desprendiam aromas deliciosos. Somente depois, era lhes permitido comer dos pães.

O que a Mesa Simbolizava

Quando D'us criou o mundo, trouxe o universo à existência a partir de um vácuo absoluto. Ou seja, criou algo do nada. Desde então, quando deseja realizar uma multiplicação miraculosa, Ele faz com que isto flua de algo já existente e não mais algo proveniente do nada.

A mesa era o meio através do qual a bênção dos alimentos fluía para o mundo inteiro. D'us, por isso, ordenou que esta jamais deveria ficar vazia, pois Sua bênção paira apenas numa matéria com substância.

Isto é ilustrado através do relato sobre o profeta Elishá, que disse a uma mulher pobre que ela deveria ter algo em casa sobre o qual a bênção de D'us pudesse pairar:

A viúva do profeta Ovadyá clamou a Elishá: "Meu marido morreu," disse-lhe, "e você sabe quão grande era seu temor a D'us. Foi forçado a emprestar dinheiro a juros; pois sustentava cem profetas que escondia em duas cavernas, para protegê-los da perseguição a que estavam expostos. Agora, seus credores vêm tomar meus dois filhos como escravos!"

"O que você tem em casa?" - perguntou-lhe Elishá.

"Não tenho nada, exceto uma jarra de óleo," replicou a mulher.

Elishá ordenou-lhe: "Vá e peça emprestado utensílios vazios de todos os vizinhos - muitos! Leve-os para casa e feche a porta, ficando em casa com seus dois filhos. Despeje desse óleo em cada recipiente, e separe os que estiverem cheios!" A mulher fez como Elishá instruíra. Os filhos trouxeram-lhe mais recipientes. Não importa o quanto despejasse, o óleo do recipiente original continuava fluindo. Encheu todos esses recipientes, e mandou seu filho trazer mais. "Não há mais recipientes!" - respondeu. Então o óleo parou de fluir. A mulher foi a Elishá e disse-lhe sobre o milagre. "Vá e venda o óleo," disse-lhe, "e pague seu débito. Você e seus filhos viverão do restante."

Ao recitar a bênção após as refeições, nunca deve-se deixar a mesa sem alimento algum, uma vez que a bênção de Cima não paira sobre uma mesa vazia.

Em outra manifestação mais visível deste milagre, o Talmud relata que um cohen que tivesse comido mesmo um pequeno pedaço do pão da proposição, sentir-se-ia totalmente satisfeito. O pão se tornava abençoado em suas entranhas.

Enquanto o Templo Sagrado existia, a mesa irradiava bênção para os alimentos da terra de Israel inteira. Mesmo quando o povo judeu semeava pouco, colhia enormes quantidades.

No Tabernáculo do deserto havia uma única mesa. O Rei Salomão colocou dez mesas no Templo Sagrado, pois havia recebido isto como tradição de Moshê.

No deserto, onde o povo de Israel era amplamente provido de alimento através da maná, precisava apenas de uma mesa. Em Israel, contudo, os judeus necessitavam de uma bênção maior para assegurar-lhes abundância. Por isso, D'us ordenou que fossem instaladas dez mesas no Templo Sagrado, para irradiar maior bênção às colheitas.

Como Proceder Agora que Já não Temos esta Mesa

Hoje, não mais possuímos a mesa para trazer bênção sobre nosso alimento. Em seu lugar, a mesa na casa de cada um é sua fonte de bênção. Afortunado é o homem em cuja mesa encontram-se duas coisas: palavras de Torá e uma porção para o pobre.

Se uma pessoa conduz sua mesa dessa maneira, dois anjos aparecem ao final da refeição. Um exclama: "'Esta é a mesa posta perante D'us'. Que possa sempre desfrutar das bênçãos Celestiais!" O segundo anjo repete suas palavras e conclui: "Que possa esta mesa ser posta perante D'us neste mundo e no mundo vindouro!"

Ravá e o Pobre Homem "Fino"

Quem dá de comer ao necessitado, não deve orgulhar-se achando que está tirando de suas posses para alimentá-lo. Na realidade, D'us é Quem provê a todos e Ele utiliza o indivíduo que pratica tsedacá (caridade) apenas como intermediário da Sua bondade.

Bateram à porta da casa de Ravá, um dos grandes Sábios. Um pobre estava de pé junto à porta, a mão estendida: "Dê-me algo de comer, por favor!" - suplicou. Ravá o convidou a entrar. "Serviremos comida logo," disse. "Que tipo de comida estás acostumado a comer?"

"Bem, como prato principal costumo comer galinha gorda, assada, e uma garrafa de vinho velho," respondeu o mendigo.

Ravá ficou surpreso: "Mas é comida fina", disse. "É cara. Não achas que fica mal desfrutar de comidas tão caras com dinheiro de caridade?"

O homem replicou: "Como a comida é de D'us, é Ele que usa as pessoas como Seus mensageiros para dar-me comida. D'us provê a todos no mundo do alimento que necessitam. Necessito uma galinha gorda e vinho velho para me manter saudável e bem, de modo que tenho direito de pedi-los."

Enquanto discutiam esta questão, bateram à porta. Entrou a irmã de Ravá. Não tinha visitado a casa do irmão pelos últimos treze anos. Trazia uma cesta para Ravá. Entregou-lhe a cesta, dizendo: "Trouxe-te um presente."

"Obrigado", disse Ravá, abrindo a cesta. Qual não foi sua surpresa ao ver que continha uma galinha assada, bem gorda, e uma garrafa de vinho velho!

Ravá virou-se para o mendigo e disse: "Devo-te desculpas. Esta comida foi claramente enviada a ti por D'us. Tinhas razão; D'us dá a cada um a comida que precisa. Tu confiaste n'Ele, e por isso Ele te enviou a comida. Senta-te e come."

Deste relato aprendemos que quando damos comida ou dinheiro a pessoas que necessitam, devemos considerarmo-nos os mensageiros de D'us, que distribuem Suas dádivas.