Michael cresceu em um lar judeu completamente secular no Brooklyn. Ainda bem jovem, descobriu que tinha talento para a música e decidiu se tornar um músico de sucesso, com foco em guitarra e baixo. Depois de tocar com diversas bandas, Michael se juntou a uma banda chamada The Triplets, que contava com um trio de cantores e outros músicos talentosos. Ele compôs, arranjou e tocou guitarra e baixo para a banda.

No início da década de 1980, o The Triplets estava prestes a se tornar muito famoso. Eles se preparavam para gravar um álbum em estúdio seguido de uma turnê pelo país. Michael havia trabalhado a vida inteira para este exato momento — fazer sucesso no cenário musical nacional — e agora, esse sonho estava ao seu alcance. Mas seu coração estava sendo puxado para outra direção: para a Torá e Judaísmo.

Tudo aconteceu aos poucos. Para ajudar a pagar as contas, Michael era gerente de uma loja de música. Um dia, entrou Yossi Piamenta, um famoso guitarrista israelense radicado em Nova York. Os dois começaram a conversar, e Yossi mencionou que estava procurando um baixista. Michael disse: "Eu toco baixo". Ele fez um teste e conseguiu o emprego. Começou a tocar por toda a cidade de Nova York e além com os irmãos Piamenta. Michael amava a música, amava a companhia e amava os judeus com quem havia entrado em contato.

Ele se viu oscilando entre dois mundos muito diferentes: um, a cena musical secular do The Triplets, que havia sido sua busca ao longo da vida, e o outro, o mundo cheio de energia e paixão da música judaica no estilo do Oriente Médio, tocada para um público caloroso e acolhedor que irradiava alegria espiritual. Ele sentiu seu coração sendo puxado para D'us e Sua Torá e percebeu que queria se tornar um judeu comprometido.

Outra banda judaica saiu em turnê por Israel e levou Michael com eles. Inexplicavelmente, ele continuou encontrando uma jovem judia chamada Nancy. Ela não era praticante, mas tinha parentes que eram. Em Jerusalém, seus caminhos se cruzaram. E novamente em Tel Aviv. Era demais para ser mera coincidência. Ambos interpretaram aquilo como um sinal de que D'us tinha planos para eles.

Rapidamente, Michael e Nancy decidiram se casar e embarcar em uma jornada conjunta para se tornarem observantes da Torá. Mas havia um grande problema. Michael estava prestes a fazer sua grande estréia com The Triplets , o lançamento de um álbum e uma turnê pelo país. O álbum não era um problema pois eles podiam gravar durante a semana. Mas a turnê era outra história. Quase todos os shows estavam marcados para as noites de sextas e sábados. Para alguém que tinha acabado de se comprometer em cuidar o Shabat, isso representava um enorme dilema.

Michael respirou fundo e ligou para Len, o dono da banda. "Estou muito animado para fazer parte do álbum ", disse ele, "mas sinto muito, cara. Não posso sair em turnê com a banda. Decidi guardar o Shabat e viver um estilo de vida religioso. Desculpe, amigo... mas estou ansioso para te ver no estúdio."

Len não estava nem aí. "Cara, temos um compromisso de fazer essa banda funcionar. Você faz parte desse compromisso. Você não pode estar conosco no estúdio a menos que esteja conosco o tempo todo, incluindo a turnê."

Michael tentou uma última vez. "Por que não podemos chegar a um acordo? Deixe-me fazer a parte do estúdio e você contrata outra pessoa para a turnê. É o melhor dos dois mundos."

Mas Len balançou a cabeça. "Sabe, Mike, eu cresci em um bairro irlandês bem perto de Borough Park. Eu era um goy do Shabat para alguns judeus ortodoxos. Então, conheço sua cultura melhor do que você pensa. E sei tudo sobre a cobra no Jardim do Éden." Ele fez uma pausa e acrescentou: "Bem, Mike, eu sou a cobra. E é meu trabalho seduzi-lo para longe dessa completa bobagem."

Então, ele adoçou o acordo. "Estou disposto a te dar um bônus em dinheiro enorme se você prometer vir em turnê conosco. Vou fazer valer a pena."

Michael mal conseguiu resistir à tentação. A oferta era generosa. O sonho estava ali. Ele não tinha pais religiosos o incentivando. Não tinha irmãos observantes oferecendo apoio moral. Até mesmo sua noiva era novata no Shabat, então Michael se sentiu realmente desafiado. Mas ele já havia feito sua escolha. Seu coração pertencia ao Criador e ao Seu dia de descanso. Ele respirou fundo novamente e disse: "Len, você tem sido um amigo querido. Mas eu tomei uma decisão — e por nenhuma quantia de dinheiro vale a pena abrir mão do Shabat. Obrigado pela sua amizade e eu sinceramente lhe desejo toda a sorte."

E assim, Michael se tornou Moshe e Nancy se tornou Neshe, e eles uniram seus enormes talentos para construir uma linda família judia, primeiro no Brooklyn e agora no norte de New Jersey. A turnê nunca aconteceu, mas suas vidas são completas e felizes no caminho que escolheram seguir.