Nasci, cresci em Port Alegre onde passei minha infância, adolescência e oito anos de casada que agora já somam muitos. Mudei para S Paulo mas levei todos meus álbuns, resgatei fotos e muitas lembranças tão queridas na garupa.
O “Tu”, o ”Bah” nunca deixaram meu vocabulário… sim, o sotaque me entrega. Fazer o que? Adoro tu!
Raizes gaúchas são fortes, sentimentais. Free way para Capão, andar com meu pai de barco na redenção…
Ipanema, Parcão, pegar ventinho no rosto de passeio de carro pela Carlos Gomes eram todos minha paixão…
Meus queridos e mais preciosos exemplos, meus pais, já partiram e perdi meu chão. Mas tenho tesouros, graças a D’us, meus irmãos!
Lagartiar ao sol no recreio da escola com a turma e tantos mais no inverno gaúcho.. o Minuano soprando e uivando pelas frestas das janelas e a gente em baixo do cobertor. Nos agasalhávamos do pescoço aos pés com tantas camadas… Hoje me sinto despida. Meu coração mergulhou e se afogou em lágrimas, senti no peito um aperto tomada de susto pelo Rio que engoliu o verde, o vermelho dos telhados, dos lares onde se faz churrasco e se toma chimarrão… vidas preciosas, a água levou.
Meu apego por essa terra onde sempre vou chamar de lar faz meus olhos buscarem notícias e esperança pelo sol pendurado no azul, céu de brigadeiro que aquece o inverno para que venha afugentar a angustia e sofrimento destes dias sombrios.
Mas o povo é corajoso, eta gauchada! Enxugou logo as lágrimas, arregaçou as mangas, só faltava apear o cavalo, mas que também quase se afogou, o valente.
E os de bem, que graças a D’us estão em maioria, partiram para ajudar seus companheiros. O surto voluntário se espalhou do sul ao norte, uma epidemia sem vacina contagiante: eta meu Brasil gigante!
Mas vamos todos acabar bem. O abraço amigo, o cobertor, o abrigo, o caldo quente, é tudo temporário minha gente. Tudo passa: o dilúvio, o centro navegável, os vizinhos deslocados… logo haverá o reencontro e a reconstrução.
Gaúcho não teme trabalho, nem a escuridão. Se falta água até colhe chuva.Só não pode faltar a conexão para não cortar a comunicação.
Quando D’us secar a terra Ele irá abençoá-la e tudo voltará a florescer em verdes prados. E vamos voltar a sonhar inspirados pelo por do sol vermelho deitando no Guaiba, que voltará a ser manso…
Este povo todo será tão abençoado que vai ficar sem folego! Será pela sua coragem e prontidão, mas acima de tudo pela fé e pela baita união.
Bate tão forte e acelerado, chega a doer meu coração…
Bah que saudades!
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