Localizada na costa da Tunísia, a ilha de Djerba abriga uma das poucas comunidades judaicas remanescentes no mundo muçulmano. Orgulhosos de sua herança ancestral e vibrante, os judeus de Djerba se mantiveram fiéis aos seus valores e estilo de vida tradicionais, mesmo diante das muitas mudanças e desafios do século passado. Seguem 13 fatos sobre essa comunidade notável e resiliente.
1. Judeus Vivem Lá Há Muito Tempo
A vida judaica em Djerba remonta a centenas — possivelmente até milhares — de anos. Alguns especulam que os judeus chegaram à ilha após a destruição do Segundo Templo em Jerusalém, ou talvez até antes. Registros históricos mostram que há presença judaica em Djerba há pelo menos um milênio.
2. Geralmente é Pacífica
Djerba se destaca como uma das poucas comunidades judaicas ainda prósperas em um país de maioria muçulmana. Embora tenha havido alguns momentos difíceis nas últimas décadas (incluindo um esfaqueamento recente), a comunidade judaica geralmente desfruta de boas relações tanto com o governo quanto com os vizinhos muçulmanos locais.
3. Era Uma Ilha de Cohanim (Sacerdotes)
Durante a maior parte de sua história, a população judaica de Djerba era quase inteiramente composta por Kohanim — sacerdotes judeus cuja linhagem remonta a Aharon, o Sumo Sacerdote. Com o tempo, judeus de outras comunidades se juntaram à ilha, diversificando a população.
4. Levitas Não Ficam Muito Tempo
Curiosamente, não há levitas morando em Djerba. Segundo uma lenda local, quando os levitas de Djerba se recusaram a retornar a Jerusalém para ajudar na reconstrução do Segundo Templo, 2 Esdras, o Escriba, os amaldiçoou, dizendo que não sobreviveriam àquele ano. Desde então, nenhum levita ousou residir em Djerba por mais de um ano.
Leia: Quem Eram os Levitas?
5. A Educação Judaica Tradicional é Altamente Valorizada
No final do século 19, uma organização judaica francesa chamada "Aliança" abriu escolas modernas na Tunísia e no restante do Norte da África, com um programa educacional em desacordo com o judaísmo tradicional. Enquanto muitas comunidades enviavam seus filhos para as novas escolas, Djerba se manteve firme. Até hoje, a comunidade segue o currículo judaico tradicional, garantindo que o aprendizado da Torá permaneça central e mantendo a observância judaica forte entre seus jovens.
6. Da Ilha sairam Grandes Rabinos
Ao longo dos séculos, Djerba tornou-se um centro de estudo da Torá, lar de respeitados rabinos e cabalistas, muitos com o sobrenome "Kohen". Entre os estudiosos notáveis estão o Rabino Shaul Kohen, o Rabino Chalfon Moshe Kohen e muitos outros que eram tidos em alta estima em toda a região.
7. Uma Gráfica Judaica

Em 1912, Djerba inaugurou sua primeira gráfica judaica. Nas décadas seguintes, centenas de títulos foram impressos na ilha, desde textos clássicos da Torá até obras originais de rabinos locais. Esses livros foram amplamente utilizados pelas comunidades judaicas em todo o Norte da África.
Curiosidade:
O layout e a fonte de Tanya, obra fundamental do Chassidismo Chabad, permaneceram inalterados nos últimos 80 anos — exceto pela edição de Djerba de 1968, que apresentava uma fonte única. Isso foi feito a pedido específico do Rebe de Lubavitch, citando a santidade da fonte Djerba.
8. “Jerusalém da África”
Como um bastião da erudição da Torá e da vida judaica observante, não é surpresa que a ilha tenha ganhado o apelido de "Jerusalém da África".
9. Existem Dois “Haras”
Os judeus de Djerba historicamente viveram em dois bairros exclusivamente judaicos: Hara Kebira ("bairro grande") e Hara Seghira ("bairro pequeno"). Hoje, a maior parte da população judaica da ilha (cerca de 1.200 pessoas) vive em Hara Kebira. Há também uma comunidade judaica menor em Zarzis, na vizinha Tunísia continental.
10. El Ghriba é uma Atração de Lag BaOmer

Entre as muitas sinagogas ativas de Djerba, a El Ghriba é a mais famosa. Segundo a tradição, foi fundada por Cohanim, exilados de Jerusalém, que trouxeram uma porta (ou pedra) do Templo Sagrado e a incorporaram ao prédio. Embora a estrutura atual seja relativamente nova, a sinagoga continua sendo um local sagrado. Todos os anos, em Lag BaOmer, judeus de toda a região e de outros lugares fazem uma peregrinação para rezar e celebrar ali.
Leia: O Que é Lag Baomer?
11. Eles Foram Salvos dos nazistas no “Shabat do Ouro”
Durante a Segunda Guerra Mundial, Djerba — assim como o restante da Tunísia — ficou brevemente sob o controle nazista. Em uma manhã de Shabat, no início de 1943, oficiais nazistas invadiram uma sinagoga e exigiram que a comunidade entregasse a exorbitante quantia de 50 quilos de ouro. Os judeus conseguiram reunir apenas parte da quantia. Os nazistas avisaram que voltariam para coletar o restante e ameaçaram bombardear os dois bairros judaicos se não obedecessem. Milagrosamente, as forças aliadas libertaram a ilha antes que pudessem retornar. Aquele Shabat ficou conhecido como o "Shabat do Ouro".
12. Um Shofar Sinaliza o Shabat
Nas tardes de sexta-feira em Djerba, uma bela e antiga tradição ainda é praticada: um shofar é tocado do alto de um telhado antes do Shabat. É um sinal para a comunidade fechar suas lojas e fazer os preparativos finais para o dia sagrado. Quando chega a hora de acender as velas, o shofar é tocado novamente, marcando o início do Shabat, um dia cuidadosamente observado e estimado por todos.
13. Eles Seguem o Calendário de Israel ao Pedir Por Chuva
Na tradição judaica, um pedido especial por chuva é adicionado à prece da Amidá durante os meses de inverno. A maioria das comunidades judaicas na Diáspora começa a rezar ela em uma data posterior, o início da estação chuvosa na Babilônia. Mas não em Djerba! Excepcionalmente, os judeus de Djerba seguem o costume da Terra de Israel, iniciando a oração no dia 7 de Cheshvan.
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