Por Mendel Jacobson
Colinas e vales subindo e descendo como paisagens sobre tela; aliás, pintar paisagens sobre telas parece ser a profissão de todos aqui. A vista é bastante nublada a olho nu; a visão, bastante mística para a alma nua.
Lojas de alimentos orgânicos proclamam a perfeição do corpo, ao lado de escolas de Cabalá que proclamam a perfeição da alma.
Ruas, mas de pedregulhos de pedra, seguem numa direção incerta – assim como fazem alguns dos seus habitantes. As estruturas parecem desmoronar quando você olha para elas (este lugar nunca foi um exemplo de estrutura) e a energia simplesmente ricocheteia no cascalho (cascalho sempre se deu bem com energia). É um local mais propício ao Espírito que à Matéria – para alguns o espírito certo é o que importa e para outros, a Matéria é o espírito certo. Portas pintadas de azul parecem se fundir com os céus que se aproximam rapidamente; os céus que se aproximam rapidamente jamais parecem atingir o seu destino.
O humor é muito aéreo; a claridade cegante, até sinistra. Está construído sobre muitos túmulos, porém está mais viva que a carne cintilante. Sim, aqui até o cemitério dança ao deleite da vida; creio que quando alguém está confinado, não à espiritualidade do espiritual, nem à fisicalidade do físico, dança como se as gerações não tivessem se sucedido. As pessoas estão tentando esculpir seu nicho único: algumas conseguem, outras apenas cavam buracos. É ofuscantemente engraçado, realmente, como a terra brinca de ser espelho do céu: há muito espírito flutuando no ar aqui e, como um reflexo, há muita loucura acontecendo: esta mulher tenta vestir a outra mulher; o xale de prece deste sujeito tenta superar a cor do xale de prece do outro sujeito – até que todo este foco nas coisas terrenas distorce a visão das coisas.
Se você não é um pintor, é músico; se não é músico, é rabino. Se você não é um rabino, é estudante. Se não é um estudante, é turista. É isso aí.
Aqui é um lugar de Auto-Expressão – a questão é: qual é a sua prioridade: o Auto ou a Expressão.

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