Identidade Judaica, Com Orgulho

Por Richard, Borehamwood (Reino Unido)

Conheci o Rabino Sacks apenas uma vez, em um evento da United Sinagogue para líderes do Serviço Infantil, alguns anos atrás. A memória que gostaria de partilhar não é daquele encontro, mas sim de uma única frase que me marcou profundamente.

Eu tinha acabado de começar um novo trabalho e Chanucá estava chegando. Eu estava lendo ‘Radical Then, Radical Now’ que peguei emprestado dos meus sogros: Esta frase me impressionou: “Os não-judeus respeitam os judeus que respeitam o judaísmo, mas ficam envergonhados pelos judeus que têm vergonha do judaísmo”.

Eu costumava trabalhar como professor em uma escola judaica. Nos anos subsequentes em que trabalhei fora da comunidade judaica, mantive silêncio sobre ser judeu – não ao ponto do segredo, mas o constrangimento provavelmente é o que mais se aproxima de descrever como me sentia.

Depois de ler aquela frase, decidi levar sufganiot (sonhos) para o escritório como forma de compartilhar Chanucá com meus colegas não-judeus. A reação foi esmagadoramente positiva (bem, quem não gosta de sonhos?) ao ponto de um colega se revelar para mim como judeu.

Descobri que o Rabino Sacks estava absolutamente certo – o meu judaísmo era respeitado pelos outros. Também encontrei muitos pontos em comum com colegas de outras religiões que também descobriram que o mesmo se aplica a outras religiões. Ele foi, e continua a ser, um embaixador incomparável do anglo-judaísmo, ensinando-me não apenas como ser judeu, mas como ser judeu no mundo, no Reino Unido, no século 21.


Um Abraço

Por David, Baltimore (EUA)

Eu ensino inglês no ensino médio em uma escola judaica na América. Quando o Lord Rabino Jonathan Sacks passou o dia em nossa escola, a administração ofereceu um almoço especial para ele junto com alguns dos professores.

Durante o almoço, os professores tiveram a oportunidade de fazer perguntas ao Rabino Chefe da Inglaterra. Um professor perguntou ao Rabino Sacks:

“O que o senhor diria a um aluno que lhe dissesse que não acredita em D’us porque seu pai morreu?”

O rabino Sacks olhou para seus próprios sapatos, parou pelo que pareceu um longo tempo. Então ele olhou para cima e disse simplesmente:

“Eu lhe daria um abraço.”

Rabino Sacks era uma força intelectual. Isso todos nós sabemos. Mas ele também se importava com as pessoas. Ele as amava e entendia que seu papel era imbuir de mais bondade a vida de cada pessoa que encontrava.

Esse é agora o nosso trabalho.


Uma Meguilá para o Rabino Jonathan Sacks

Por Nathan, Brooklyn (EUA)

Em 2015, o Rabino Sacks deu sua primeira palestra pública presencial aos membros da nossa comunidade. Houve uma tremenda agitação por toda parte e muita discussão em antecipação à palestra.

Visto que a palestra acontecia na época de Purim, os organizadores decidiram presentear o Rabino com uma Meguilá totalmente nova como demonstração de agradecimento.

Eu estava terminando de escrever minha terceira Meguilá na época e me perguntaram se eu consideraria vendê-la aos organizadores para dá-la ao Rabino Sacks. Embora eu já tivesse vários compradores potenciais, concordei imediatamente e fiquei emocionado porque o Rabino Sacks receberia minha Meguilá. Como Sofer iniciante, isso foi realmente uma tremenda honra.

A Meguilá que escrevi foi única porque foi escrita em Gevil e em couro, o que não é tão comum hoje em dia. O rabino Sacks estampou um sorriso gigantesco no rosto quando pegou a Meguilá e me deu um abraço enorme e caloroso. Eu senti como se estivesse no topo do mundo.

Depois de Purim, fui contatado pelo escritório do Rabino, que perguntou se eu estaria disposto a corrigir um pequeno erro que o Rabino encontrou enquanto lia a Meguilá. Eu estava tão envergonhado. Peguei a Meguilá e consertei meticulosamente o erro e verifiquei quaisquer outros possíveis problemas.

Quando encontrei o Rabino Sacks em seguida, ele me reconheceu e me abraçou novamente, exclamando:

“Olá, meu querido Sofer!”

Pedi desculpas profusamente pelo erro e ele deve ter percebido como eu estava envergonhado. Com sua maneira suave e gentil, ele começou a citar para mim a halachá relevante referente à cashrut de uma Meguilá e reiterou que o erro não invalidava a Meguilá de forma alguma.

Quando ele viu que eu ainda estava com vergonha, ele me abraçou e disse que eu deveria ficar feliz! Nosso trabalho neste mundo é crescer e melhorar constantemente, e se eu tivesse feito uma meguilá perfeita, meu trabalho, não teria mais propósito na vida. Disse insistentemente que a busca pela perfeição e o esforço de correção eram certamente superiores que a própria perfeição.

Um homem tão grande, mas ainda tão sensível e atencioso com os sentimentos das pessoas ao seu redor. Ele teve empatia comigo e disse exatamente o que eu precisava ouvir para me sentir melhor e continuar a crescer no futuro.

Até hoje, sempre penso no Rabino Sacks sempre que estou corrigindo meu trabalho. Para mim, a memória do Rabino Jonathan Sacks estará sempre associada à lição que ele me ensinou naquele dia. A emoção e a alegria que devemos sentir durante a jornada para o sucesso e o apreço que devemos ter pela oportunidade de melhorar.


Sabedoria e Humildade

Por Shiva, Los Angeles (EUA)

Eu já era fã do falecido Rabino Sacks há muitos anos, mas quando soube que ele estava falando na escola sefardita onde leciono, fiquei muito animado. Este evento aconteceu em Los Angeles em 21 de janeiro de 2020. Mal sabia eu que seria a última vez que poderia ouvi-lo falar ao vivo.

Ele era como um rei entrando na sala e com sua voz calorosa nos falou sobre sua jornada e respondeu pacientemente às perguntas de todos. Guardarei para sempre aquela noite.

Desde que ele faleceu, fiz questão de mencionar seu nome a todos os meus alunos (que têm, na maioria, menos de 13 anos). Eu os ensino sobre as lições que ele deixou. O que mais me tocou foi seu encontro com o Rebe e como isso mudou sua vida.

Uma palavra de um professor sábio pode fazer toda a diferença.


Metas

Por Rhoda, Ashkelon (Israel)

Fui diretora assistente do Gabinete do Rabino Chefe no início dos anos 90. Um dia, a equipe se reuniu para um drink para comemorar o lançamento de seu último livro ‘Faith In The Future”/”Fé no Futuro’.

Ele contou na ocasião sobre como, durante sua lua de mel, quase se afogou.

“Em vez disso”, disse ele, “de ver minha vida passar diante de mim como dizem que acontece quando você está morrendo, tudo que consegui pensar foi que ainda não havia publicado um livro”.

Ele então disse que cada um de nós tem seu próprio caminho a seguir e os seus objetivos a alcançar na vida.

“Rabino Chefe”, perguntei: “Como é possível identificar quais deveriam ser nossos próprios objetivos?”

Ele respondeu: “Imagine o que você gostaria de ver escrito em sua lápide”.


Concentre-se no Hoje

Por Robert, Jerusalém (Israel)

…Perguntei sobre a natureza do hashgacha pratit – até que ponto D’us está envolvido em nossas vidas diárias? Se meu despertador não tocasse ou o cholent queimasse, D’us estaria envolvido?

O Rabino Sacks me explicou que a melhor maneira de ver a Divina Providência em nossas vidas não é sobre o passado. Ele explicou para nunca ver os eventos e indagar por que isso ou aquilo aconteceu.

Ele falou que a mensagem de Hashem para nós deve sempre ser vista daqui para frente: “Agora que isso aconteceu, o que devo fazer? Nunca se concentre”, explicou ele, “no evento passado, mas sim nas ações que devemos tomar para melhorar as coisas no futuro”.


Uma Brachá na Avenida

Por Daniel, New Rochelle (EUA)

Minha esposa e eu nos casamos em 15 de março de 2010 e o Rabino Jonathan Sacks recebeu o Prêmio Lamm da YU em 16 de março de 2010.

Em 17 de março, o Rabino Sacks estava na YU para alguns eventos em torno do prêmio e estava atravessando a Avenida Amsterdã com um funcionário da YU quando minha esposa e eu estávamos saindo de um táxi.

O funcionário nos apresentou ao rabino Sacks e disse-lhe que nos casamos duas noites antes. O rabino Sacks, com seu lindo sotaque britânico (que ainda ouço ecoar em minha cabeça até hoje), disse:

“Oh Mazel Tov, Mazel Tov! Que vocês somente tenham, rina, ditzva, v’chedva, ahava, v’achva, v’shalom, v’reyus.”

Esta é uma bracha que valorizamos até hoje e que compartilhamos com nossos três filhos.


Lashon Hará Sobre Amalek?

Por Joseph, Montreal (Canadá)

Após um almoço sobre liderança em Montreal e terminada a reunião, já que era pouco antes de Shabat Zahor, perguntei ao Rabino Sacks:

“Quem é Amalek hoje?”

E com uma voz profunda e solene o Rabino me disse calorosamente:

“Meu amigo, não posso responder à sua pergunta porque se eu responder estarei falando coisas ruins sobre as pessoas”.

Que ensinamento… Nada de lashon hará, mesmo contra Amalek!!!!


Algumas de suas obras:

  • “I Believe”
  • “The Power of ideas” Words of Faith and Wisdom
  • “Studies in Spirituality”
  • “Judaism’s Life-Changing Ideas”
  • “Morality” - Restoring The Common Good in Divided Times
  • “Covenant & Conversation”
  • “Lessons in Leadership”
  • “Essays on Ethics”
  • “The Home We Build Together” – Recreating Society
  • “A Judaism Engaged ith The World”
  • “Letters to The Next generation”
  • “Not In G’ds Name” – Confronting Religious Violence
  • “Ceremony & Celebration – Introduction to the Holidays
  • “Ten Days, Ten Ways” – Paths to the Divine Presence
  • “To Heal a Fracturated World” – The Ethics of Responsibility
  • “Celebrating Life” – Finding Happiness in unexpected places
  • “Little Book of Big Questions”
  • “The Dignity of Difference” – How to avoid the clash of civilizations
  • “Music For The Jewish Soul” – Music and reflections for Rosh Hashaná and Yom Kipur
  • “Radical Then, Radical Now” – on being jewish
  • “Future Tense” – A Vision for Jews and Judaism in The Global Culture
  • “The Great Partnership” - G’d, Science and the Search for Meaning
  • “Home of Hope” – Re-released for Israel/s 75º Anniversary
  • “The Jonathan Sacks Haggada”
  • “Faith In The Future”
  • “Will We Have Jewish Grandchidren?” – Jewish continuity and how to achieve it

Rabino Jonathan Sacks, (1948-2020) foi um grande e respeitado líder religioso, filósofo, escritor e palestrante de um nível acadêmico e intelectual que lhe rendeu admiração e reconhecimento mundial. Atuou como rabino chefe das Congregações Hebraicas Unidas da Commonwealth de 1991 a 2013. Rabino Sacks recebeu vários prêmios entre eles o Templeton em 2016, dezoito doutorados honorários, foi nomeado Lorde por sua Majestade a Rainha da Inglaterra em 2005 e assumiu um assento vitalício na Câmara dos Lordes a partir de outubro de 2009. Seus ensinamentos e ideias, sua generosidade e coragem ilimitadas são uma inspiração e eterno legado para todos nós.

Leia mais: https://www.rabbisacks.org/