Eu caí no corredor recentemente enquanto usava minha bengala. A bengala voou no ar enquanto eu caía no chão. Eu ouvi o baque da minha cabeça e senti a dor do meu marca-passo. Ficar fora de controle assim era uma situação nova e assustadora.
Liguei para meu filho, Mike, para me levar ao hospital.
No hospital, eles anotaram meu nome e o motivo da vinda. Esperamos enquanto muitas pessoas entravam, inclusive crianças doentes. Mike foi buscar uma bebida para mim. Quando chegou a minha vez de ser examinada, um atendente me conduziu para uma sala. Tive a sorte de conseguir um quarto, pois o pronto-socorro superlotado estava cheio de carrinhos de bebês.
Uma enfermeira entrou e me ajudou a vestir uma bata de hospital. Então esperei até fazer exames de sangue e uma tomografia computadorizada da minha cabeça. Não foi tão ruim quanto pensei que seria; tive que manter minha cabeça no tubo por cerca de três minutos.
De volta à sala de emergência, duas mulheres me fizeram muitos testes e me disseram para parar de fazer perguntas. Finalmente, me mandaram para casa com instruções sobre como usar uma bengala. Mike disse a elas que estávamos tentando conseguir mais cuidados de saúde em domicílio.
Assim que cheguei em casa, pensei em meu falecido marido, Adam. Ele começou a trabalhar desde os 7 anos, transportando diamantes no bonde para Boston para ajudar sua família a ganhar a vida. Durante toda a sua vida, ele foi um provedor. Como ele deve ter se sentido triste quando ficou doente e não pôde fazer o que estava acostumado; cuidar das pessoas.
Lembrei-me de meu pai voltando para casa depois de sua cirurgia de câncer. Todos nós nos reunimos e tentamos ajudar enquanto rezamos para que ele se recuperasse.
Lembrei-me de papai voltando para casa depois de trabalhar no ferro-velho quando eu era criança. Eu o observava colocar carvão na fornalha, seu rosto iluminado pela chama. Eu o admirava enquanto ele lavava as mãos até os pulsos antes de se levantar majestosamente na cabeceira da mesa do Shabat e recitar a bela oração de kidush, o aroma de canja de galinha e macarrão flutuando no ar.
Todas as preocupações do dia de trabalho desapareceram. Lavados e vestidos para o Shabat, fomos todos transformados.
Vayevarech Hashem et yom hashevii vayekadesh oto… “E D'us abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele Ele descansou de todo o Seu trabalho,” Papai recitava em voz alta. Naquele dia especial, sentíamos as bênçãos de D'us.
Agora, muitos anos se passaram e estou agradecendo a D'us. Estou fazendo essas mesmas orações e palavras atemporais.
Enquanto preparo a mesa com minhas velas de Shabat, rezo para que eu possa cuidar de mim por muito tempo. O aroma de canja de galinha paira no ar e eu pronuncio as palavras familiares do Kidush.
Eu circundo minhas mãos ao redor das velas enquanto digo o que minha bubby [avó] diria: “Se D’us quiser.”
A ilusão de controle foi quebrada. Estou nas mãos de D'us. Observo as velas e o verso vem à minha mente: “Pois a alma do homem é a lâmpada de D'us.”1
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