Odel, a filha do Baal Shem Tov, desempenha um papel único no início da história chassídica. Ela se destacou como uma figura sábia, piedosa e influente na corte de seu pai - o local de nascimento do Chassidismo. Além de ser filha de um gigante erudito e sábio e mãe de grandes dinastias Chassídicas, ela também era uma rebetsin por seus próprios méritos, que estudou e aprendeu com seu pai tornam-se um de seus primeiros chassidim.

Histórias e lendas de sua santidade estão espalhadas por todos os livros e relatos de todas as várias dinastias chassídicas. Embora os relatos difiram em detalhes, há muito a ser extraído dessa mulher excepcional, que é um modelo para todos.

1. Ela Nasceu Antes de Seu Pai Tornar-se Famoso

Odel nasceu por volta de 1720, 1 na região da Podólia (atual Ucrânia ocidental), filha de Reb Yisrael e Chana. Nascida anos antes de seu pai revelar-se e espalhar a sua mensagem ao mundo, 2 Odel cresceu em uma época em que a família ainda vivia discretamente, em uma aldeia fora de estrada em uma pequena casa dilapidada. Seu pai era professor de crianças pequenas.

2. Sua Alma é Originada na Própria Torá

Antes do falecimento do Baal Shem Tov, ele explicou que alcançou a alma de Odel a partir da Torá, e que isso pode ser visto no nome que escolheu para ela, Odel (אדל), soletrado em hebraico 'aleph-dalet-lamed,' servindo como um acrônimo para esh dat lamo, "Uma lei ardente para eles",3 uma referência à própria Torá.4

3. Seus Filhos e Netos Eram Rebes

Em algum momento entre 1730 e 1740, Odel se casou com um jovem chamado Yechiel Michel, apelidado de Der Deitchel ("O Alemão"). 5 Não há muita referência escrita sobre ele, mas sabemos que era um homem humilde e erudito.6

O casal morava perto de seu pai, que já havia se mudado para a cidade de Mezibush (Medzhybizh), considerada o berço do movimento chassídico.

Juntos, eles criaram três filhos: Reb Moshe Chaim Ephraim de Sudlkov, que escreveu o texto clássico chassídico Degel Machaneh Efraim; Reb Boruch'l de Mezibush, um poderoso líder da próxima geração do Chassidismo; e Faiga, que, além de sua própria grandeza e piedade, era a mãe do famoso Rabino Nachman de Breslov.

4. Ela Era Ativa nos Negócios de Seu Pai

Odel era uma figura conhecida na corte de seu pai, muitas vezes ouvindo suas aulas, às vezes participando das discussões. Ela estava envolvida na gestão da programação do Baal Shem Tov e até viajou com ele em uma de suas viagens.

Alguns dos alunos do Baal Shem Tov se correspondiam com ela, pedindo-lhe que entregasse mensagens ao Baal Shem tov, entre outros assuntos.

Embora não haja muito documentado daquela época, Odel é descrita na literatura chassídica como uma figura central no lar do Baal Shem Tov, e uma série de histórias de milagres são registradas, de incidentes que aconteceram com ela, ou nos quais ela teve um papel ativo. 7

5. Ela Vendeu Sapatos

Para sustentar sua família, Odel e o marido administravam uma sapataria. Em um Simchat Torá, o Baal Shem Tov e seus alunos estavam dançando a noite toda com entusiasm e júbilo. Em um certo momento, Odel percebeu que os sapatos de um homem haviam rasgado. Tendo um grande estoque de sapatos à sua disposição, ela se aproximou do chassid e se ofereceu para lhe trazer um novo par se ele prometesse abençoá-la com um filho. O chassid muito feliz a abençoou e continuou a dançar com o novo par de sapatos. Aquele ano, Odel e seu marido foram abençoados com um bebê.8

6. Ela Compartilhou um Vínculo Único com Seu Pai

Odel era a única filha do Baal Shem Tov e muitos anos mais velha do que seu único irmão, Tzvi, que também era um homem muito quieto e humilde. Odel esteve ao lado de seu pai desde o início de sua obra pública, e assim permaneceu ao longo de sua vida, mantendo a casa dele e o seu legado vivos por mais de duas décadas após seu falecimento. Odel e seu pai compartilhavam um relacionamento particularmente próximo e seu imenso respeito por ela fica evidente em muitos relatos, histórias e cartas.

Algumas cartas entre Odel e seu pai ainda existem. O conteúdo é variado, desde relatos sobre o que estava acontecendo com alguns chassidim, a pedidos de bênçãos e um procedimento de cura detalhado escrito em iídiche para uma das crianças.9

O Tzemach Dovid, o Rebe de Skoliye, relatou que enquanto o Baal Shem Tov se preparava para morrer, ele falava com cada um de seus alunos, orientando-os antes de deixá-los sozinhos nesta terra. Depois de todos os alunos, Odel se aproximou do pai soluçando: “O que vai ser de mim? Com quem você está me deixando? " O Baal Shem Tov a confortou e prometeu que pelas próximas 10 gerações ele estaria com ela e todos os seus descendentes em seus nascimentos, casamentos e falecimentos.10

7. Ela Foi Salva no Mar Mediterrâneo

O Baal Shem Tov tentou viajar várias vezes para a Terra Santa. Em todas as ocasiões, ele encontrou obstáculos que o levaram de volta para casa.11 Em sua primeira viagem, ele foi acompanhado por seu assistente e escriba, Reb Tzvi, e sua única filha, Odel.

A viagem foi repleta de perigos e desvios indesejados, e eles nunca conseguiram chegar ao destino.

Sua primeira parada não planejada foi Constantinopla (Istambul). Lá, o capitão os enganou falando para que descessem no porto pois teria que fazer “alguns reparos”, e eles acabaram ficando presos na cidade, sem suprimentos um pouco antes de Pêssach.

A noite do Seder foi bastante agitada. Odel conheceu um rico judeu polonês que os abastecia com as necessidades de Pêssach, e o Baal Shem Tov abençoou o judeu polonês e sua esposa (que não tinham filhos) com filhos (pelos quais ele posteriormente perdeu sua parte no Mundo vindouro por alguns minutos12) E enquanto pronunciava a passagem da Hagadá "Le'osei Niflaot Guedolot", "para Aquele que realiza grandes maravilhas", o Baal Shem Tov interveio nas cortes celestiais e salvou a comunidade judaica local de um terrível decreto.13

Mas o pior ainda estava por vir. Em Chol Hamoed (os dias intermediários de) Pêssach, o Baal Shem Tov, Odel e Tzvi embarcaram em outro navio com destino direto a Israel. Durante a viagem, ocorreu uma forte tempestade que quase afundou o navio, e não dava sinais de diminuir. O Baal Shem Tov tentou usar meios espirituais para salvar o navio, mas não obteve muito sucesso. Odel estava em grave perigo14 (de acordo com a maioria das versões, ela realmente acabou no mar tempestuoso), e somente através de preces e um milagre o Baal Shem Tov foi capaz de salvá-la. Eles acabaram chegando em um porto em uma ilha abandonada, e após mais dificuldades e sinais ficou evidente que não foi divinamente ordenado para o Baal Shem Tov chegar a Eretz Yisrael neste estágio, e eles retornaram a Mezibush.15

8. Ela Superou os Alunos de Seu Pai em Uma Discussão da Torá

Crescendo em seu lar, sempre ao lado do Baal Shem Tov, ela não apenas amou e respeitou os caminhos da Torá e do Chassidismo, mas também os aprendeu e compreendeu.16

Em um moatzei Shabat , os alunos do Baal Shem Tov estavam sentados e discutindo através de qual "portão" alguém poderia se conectar melhor com D'us (em conexão com a oração que muitas comunidades pronunciam ao término do Shabat, que lista perto de 60 desses portões). Cada aluno sugeriu outro nível e outro portão, mas o Baal Shem Tov não aceitou nenhuma de suas respostas.

Odel, que estava ouvindo toda a conversa, compartilhou sua opinião de que o portão de “siyata dishmaya” [Ajuda do Céu] deve ser o melhor portão, e o Baal Shem Tov explicou aos alunos que ela estava certa, porque todos os outros portões precisam da “Ajuda do Céu” para serem abertos.17

Toldot Yaakov Yosef do Rabino Yaakov Yosef of Pulnaah (o primeiro livro escrito de Chassidut) cita uma “mulher em Mezibuch” dizendo: “"Fizemos bem em escolher nosso D'us, mas Ele também fez muito bem em escolher o Povo Judeu, pois como veja, Feivish é um judeu simples, mas ele santifica o nome de D'us.”

O Tzemach Dovid, o Rabino de Skoliyeh, escreve que a “mulher de Mezibush” é na verdade Odel.

9. Ela Transmitiu as Tradições de Seu Pai

Após a morte do Baal Shem Tov, Odel manteve a casa de seu pai e ela permaneceu uma figura influente no mundo chassídico em rápido crescimento. Até seu falecimento, por volta de 5547 (1787), ela foi procurada para receber conselhos, bênçãos e para transmitir as práticas e tradições de seu santo pai.

Conta-se uma história em que Odel visitou o local de descanso de seu pai e posteriormente transmitiu uma mensagem a um pai desesperado cujo filho havia desaparecido.

Chassidim a consultavam sobre as tradições e costumes de seu pai, como fica evidente neste trecho da carta de Odel a um chassid (traduzido do iídiche):18 “… Vou escrever um pouco sobre o comportamento de meu santo pai, o Baal Shem Tov: ele sempre ia dormir à meia-noite, nem mais ced,o nem mais tarde. Certa vez eu perguntei a ele “Aderaba! O que será com chatzot? ” ["Pelo contrário! Seria melhor dormir mais cedo e levantar no chatzot - meia-noite ”, (quando é costume acordar e lamentar a destruição do Templo Sagrado)]. Ele me respondeu com estas palavras sagradas: “Minha querida filha Odel, você pergunta bem, mas a segunda metade da noite eles já consertaram (elevaram) há muito tempo. Desci para fixar (elevar) a primeira metade da noite, que infelizmente até agora deixaram sozinha’. Até aqui estavam suas palavras sagradas. Ele acordava entre seis e sete, e todos os dias, inverno e verão, ele saía para mergulhar no micvê. Por volta das dez, ele sempre terminava com as orações ... ” 19