A Torá é dividida em 54 porções da Torá (Parshiot), e geralmente lemos uma porção da Torá a cada Shabat. No entanto, existem 14 Parshiot que, dependendo do ano, podem potencialmente ser emparelhadas, então duas porções da Torá seriam lidas naquele Shabat.

Os sete pares são os seguintes:

  1. Vayak'hel-Pecudê
  2. Tazria-Metsorá
  3. Acharei-Kedoshim
  4. Behar-Bechucotai
  5. Chucat-Balac (only outside of Israel)
  6. Matot-Masse
  7. Nitzavim-Vayelech

[Deve-se notar que tecnicamente existem apenas 53 Parshyot, com uma porção (de acordo com muitos, Nitzavim-Vayelech) sendo dividida em duas.1

Há uma série de razões pelas quais as Parshiot são lidas em duplas, e algumas razões se aplicam especificamente a certos pares. Essa explicação ficará um pouco técnica.

Semanas insuficientes

A questão básica é que embora a Torá esteja dividida em 54 porções (ou Parshiot), um ano judaico regular tem 353 a 355 dias. Isso nos deixa com 50-51 Shabats para ler a porção da Torá. Além disso, quando um feriado judaico coincide com o Shabat, lemos a leitura especial relativa aquela festa em vez da porção semanal da Torá. Isso nos deixa com um máximo de 48 (mas geralmente menos) semanas em um ano normal para ler as 54 porções da Torá.

[Tecnicamente, precisamos apenas de 53 Shabats, já que a última parte, Vezot HaBrachá, é tradicionalmente lida na festa de Simchat Torá, que geralmente (e fora de Israel, sempre) ocorre em um dia de semana.]

Para reconciliar o ciclo semanal de Parshiot com o número de Shabats disponíveis, precisamos duplicar parte das Parshiot.

Em um ano bissexto judaico, adicionamos um mês extra consistindo de 30 dias, que inclui mais quatro Shabats (ou cinco, dependendo do dia da semana em que o novo mês começa - abordaremos isso mais tarde). Portanto, em um ano bissexto, temos muito menos porções duplas da Torá.

Os primeiros quatro pares possíveis são feitos apenas em anos regulares. Como um ano bissexto possui quatro semanas a mais, lendo essas porções separadamente, temos o equivalente a um mês extra de leituras.

Os acoplamentos apenas para o ano regular:

  1. Vayakhel-Pecudê2
  2. Tazria-Metsorá
  3. Acharei-Kedoshim
  4. Behar- Bechucotai

Matot-Massê são sempre lidas juntas, mesmo em um ano bissexto, a menos que seja um ano bissexto e um dos seguintes dois cenários se aplique:

  1. Rosh Hashaná do ano bissexto cai na quinta-feira, o que significa que o mês extra do ano bissexto terá cinco Shabats em vez dos quatro habituais. (Como o novo mês tem 30 dias, ele pode incluir cinco Shabats.)
  2. Se Acharon Shel Pessach (o oitavo [último] dia de Pessach) caísse no Shabat, então em Israel leríamos Matot e Massê em dois Shabats separados, enquanto fora de Israel ainda combinaríamos os dois. Nesse ano, as leituras da Torá em Israel e na Diáspora ficarão fora de sincronia por três meses, desde Pêssach até quando Matot-Massê é lido durante as Três Semanas.

Embora a principal razão pela qual dobramos as porções da Torá tenha a ver com anos bissextos, há outras razões para combiná-las também.

Dia extra de Yom Tov

Fora de Israel, acrescentamos um dia extra às festas de Pessach, Shavuot e Sucot / Shemini Atseret. Se o dia extra de Pessach ou Shavuot3 cair em um Shabat, então na diáspora [fora de Israel] a leitura especial da festa é lida, enquanto em Israel, uma vez que é um Shabat regular, a porção semanal da Torá é lida.

A fim de obter as leituras da Torá da Diáspora de volta em sincronia com as de Israel, se Acharon Shel Pessach cair no Shabat, então em um ano regular (não bissexto), fora de Israel dobramos Behar e Bechucotai, enquanto em Israel, elas são lidas separadamente. (Em um ano bissexto, fazemos isso com as porções de Matot e Massê, conforme descrito acima.)

Se o segundo dia de Shavuot cair no Shabat, na Diáspora dobramos as porções de Chucat e Balac. Assim, Chucat e Balac só formam pares fora da terra de Israel.

[Deve-se notar que embora tenhamos explicado este motivo como “sincronizando a leitura da Diáspora com a de Israel”, na verdade é claro, pelo próprio fato de que às vezes esperamos três meses para sincronizar as duas, que essa disparidade não é realmente uma preocupação. A verdadeira questão é que a Diáspora acaba tendo um Shabat a menos do que Israel para ler a Torá, e precisamos inventá-lo. No entanto, para simplificar, é apresentado como uma disparidade entre Israel e a Diáspora.]

Shabats entre Rosh Hashaná e Sucot (Nitsavim-Vayelech)

Como regra, a porção da Torá Nitsavim precisa ser lida no Shabat que antecede Rosh Hashaná (logo chegaremos ao motivo dessa regra). Isso significa que há apenas três porções da Torá restantes no ciclo semanal. Como mencionado, a Parashá de Vezot HaBrachah é lida em Simchat Torá, deixando a Parashá de Haazinu para ser lida em um Shabat regular entre Rosh Hashanah e Sucot. Se houver mais de um Shabat sem feriado entre Rosh Hashaná e Sucot, então, e somente então, as porções da Torá de Nitsavim e Vayelech serão separadas.4

Por Que o emparelhamento desequilibrado?

Se você vem seguindo a exlicação dos pares até agora, pode ter notado uma série de anomalias interessantes. Por exemplo, em alguns anos, combinaríamos as porções de Matot e Massê, criando a mais longa leitura da Torá - incríveis 244 versículos! - e ainda, ao mesmo tempo, separaríamos as duas porções mais curtas, Nitsavim e Vayelech - um total de apenas 70 combinados!

Outra anomalia é que nos anos bissextos, quando Acharon Shel Pessach cai no Shabat, em vez de sincronizar as leituras da Diáspora e Israel na primeira oportunidade disponível, em Behar e Bechucotai, esperamos mais de três meses para sincronizar em Matot-Massê.

Embora este não seja o lugar para elaborar todas as regras intrincadas, vamos tocar em algumas delas para nos ajudar a entender por que as porções da Torá estão emparelhadas desta forma específica.

Antes de chegar às regras, é importante ressaltar que as porções da Torá não são apenas combinadas ao acaso. As partes escolhidas para serem unidas em um Shabat geralmente compartilham um mesmo assunto, embora algumas sejam mais intimamente relacionadas do que outras.

Regras Gerais

  • Em um ano normal, sempre lemos a porção da Torá de Tsav no Shabat antes de Pessach.
  • Em um ano bissexto, lemos a porção de Metszorá antes de pessach - a menos que Rosh Hashaná fosse na quinta-feira (e Simchat Torá, sexta-feira), caso em que lemos a porção de Acharei Mot no Shabat antes de Pessach.
  • A porção de Bamidbar é sempre lida antes de Shavuot (geralmente na semana anterior, mas em alguns anos é lida duas semanas antes).
  • A porção de Vaetchanan é sempre lida no Shabat após o dia 9 de Av.5
  • A porção de Nitsavim é sempre lida antes de Rosh Hashaná.

Além disso, geralmente dobramos as porções da Torá perto dos marcos do calendário judaico (por exemplo, Pessach, Shavuot, etc.).

Quais são as razões para essas regras? Vamos explorar.

Repreensões antes do ano novo

O Talmud registra que Ezra, o Escriba decretou que a "repreensão em Vayicrá" (a porção de Bechucotai) deve ser lida antes de Shavuot, e a "repreensão em Devarim" (a porção de Ki Tavo) deve ser lida antes de Rosh Hashaná.6

O Talmud continua explicando que isso é “para encerrar o ano junto com suas maldições”, porque “Shavuot é o início de um novo ano”. Conforme a Mishná explica, “O mundo é julgado em Shavuot pelos frutos”.

Tosafot explica que embora leiamos as maldições antes do ano novo, não queremos ir direto das maldições para o ano novo, então temos um buffer. Como regra, sempre lemos Nitzavim antes de Rosh Hashanah, e a porção de Bamidbar é sempre lida antes de Shavuot.7

Com base nisso, podemos entender que simplesmente combinar as duas menores porções de Nitsavim e Vayelech nem sempre é uma opção, pois pode fazer com que Nitsavim seja lida após Rosh Hashaná.

Embora isso responda por que nem sempre podemos combinar as duas porções mais curtas da Torá de Nitsavim e Vayelech, ainda permanecemos com a pergunta por que em alguns anos esperamos três meses inteiros para colocar a Diáspora em sincronia com Israel.

A questão é agravada pelo fato de que na verdade pulamos algumas oportunidades possíveis de reconciliar os dois (como combinar as porções de Chuckat e Balac, como às vezes fazemos) e, em vez disso, esperamos até Matot-Massê.

Esperança na época mais triste do ano

Para responder a isso, precisamos explicar mais uma regra: sempre lemos a porção da Torá de Vaetchanan no Shabat após o jejum do dia 9 de Av.8

Baseados nisso, em um nível simples, alguns explicam que, como as duas partes mais comumente lidas juntas são Matot e Massê, se nos depararmos com a escolha de combinar duas partes, escolheremos apenas essas duas mais comuns. Na verdade, essas duas partes se encaixam melhor do que muitos dos outros pares, uma vez que ambas falam sobre dividir e herdar a terra de Israel.9

Outros explicam que há uma razão muito mais profunda para isso.

Rabino Zvi Elimelech Shapiro de Dinov explica que tentamos ler as porções da Torá que tratam da divisão da terra de Israel durante as Três Semanas, quando lamentamos a destruição do Templo Sagrado (de 17 de Tamuz até 9 de Av). Assim, as partes de Matot e Massê que incluem este tema são sempre lidas durante as Três Semanas.

A porção de Pinchás também discute a divisão da terra de Israel. Portanto, embora haja (raros) momentos em que precisamos separar Matot e Massê, e ler Pinchás antes das Três Semanas (ou seja, em um ano bissexto quando não há porções suficientes para distribuir), quando possível, é dada preferência para combinar Matot e Massê (sobre outras porções da Torá, como Chucat e Balac) para que Pinchás também seja lida durante as Três Semanas.

Ler essas três porções da Torá no momento em que lamentamos a destruição do Templo e o exílio da terra de Israel nos dá esperança de que no final iremos retornar e redividir a terra com a reunião dos exilados e a vinda de Mashiach. 10 Que seja rapidamente em nossos dias!