Essa série de oito mensagens é baseada nos ensinamentos de Rabi Sacks falecido em 7 de novembro de 2020/20 Marcheshvan 5781. O conteúdo educativo adicional foi provido pelo Dr. Daniel Rose em conjunto com o Escritório do Rabi Sacks.

Uma Mensagem Para a Oitava Noite de Chanucá

Há um argumento fascinante no Talmud que debate a seguinte questão: Você pode usar uma luz de Chanucá para acender outra?

Normalmente, é claro, pegamos uma luz extra, do shamash, e a usamos para acender todas as velas. Mas suponha que não temos um shamash. Podemos acender a primeira vela e então usá-la para acender as demais?

Dois grandes sábios do terceiro século, Rav e Shmuel, discordaram. Rav disse ‘Não’ e Shmuel disse ‘Sim’. Normalmente temos uma regra de que quando Rav e Shmuel discordam, a lei segue Rav, Existem somente três exceções, e esta é uma delas.

Por que Ravi disse que você não pode pegar uma vela de Chanucá para acender as outras? Porque, diz o Talmud, ka mach-chish mitsvá. Você diminuirá a primeira vela. Inevitavelmente, você derramará um pouco da cera ou do óleo. E Rav diz: Não faça nada que possa diminuir a luz da primeira. Mas Shmuel discorda, e a lei segue Shmuel. Por quê?

A melhor maneira de responder a isso é pensar em dois judeus: ambos religiosos, comprometidos, ambos levando vidas judaicas. Um diz: Não devo me envolver com judeus menos religiosos que eu, porque se o fizer, meus próprios padrões cairão. Vou ser reduzido. Minha luz diminuirá. Essa é a opinião de Rav.

O outro diz: Não. Quando uso a chama da minha fé para acender uma vela na vida de outra pessoa, meu Judaísmo não diminui. Ela cresce, porque agora há mais luz judaica no mundo.

Quando se trata de bens espirituais em oposição a bens materiais, quanto mais eu compartilho, mais eu tenho. Se eu compartilhar meu conhecimento, fé ou amor com outras pessoas, não terei menos; posso até ter mais. Esta é a opinião de Shmuel, e é assim que a lei foi estabelecida. Portanto compartilhe seu Judaísmo com os outros. Pegue a chama da sua fé e ajude a ajude a acender a chama em outras almas.

Reflexões

Você pode ver religião como uma batalha, um guerra santa, na qual você obtém uma vitória pela sua fé, pela força ou pelo medo. Ou você pode vê-la como uma vela que você acende para afastar um pouco da escuridão do mundo. A diferença é que a primeira vê as outras religiões como inimigas. A segunda as vê como outras velas, não ameaçando a minha, mas aumentando à luz que compartilhamos.

O que os judeus se lembraram daquela vitória sobre os gregos há vinte e dois séculos não foi um D'us de guerra, mas o D'us da luz. E é somente o D'us da luz que pode derrotar a escuridão na alma humana.

Publicado em “Do Otimismo à Esperança” (pág. 96)

Reflexões

O Judaísmo vê a religião como uma batalha ou como uma vela?

A partilha da luz entre as velas de Chanuca, como uma metáfora para a partilha da luz do Judaísmo com o mundo, é expressa nesta citação sobre o D’us da luz, e o Judaísmo como uma vela que ilumina o mundo, não uma religião de guerra que causa destruição.

O Judaísmo não deseja se impor negativamente sobre outras pessoas ou outros povos. Em vez disso, deseja brilhar sua luz sobre a humanidade, e permitir espaço para receber a luz de outras culturas e civilizações.

Quando bens materiais como dinheiro, comida, roupas, são compartilhados, eles são diminuídos para o doador. Agora ele possui menos. Isso é chamado um jogo soma-zero. É você ou eu. Não podemos partilhar a totalidade de bens materiais igualmente. Mas em relação a bens espirituais, eles são aumentados quando compartilhados. Amor, riso, bondade, conhecimento, são todos bens espirituais, e quando são compartilhados, não são diminuídos para o doador, mas expressivamente aumentados.