Rabi Gamaliel, Rabi Elazar Ben Azariah, Rabi Jehoshua e Rabi Akiva estavam indo para Jerusalém. Quando eles chegaram ao Monte Scopus, rasgaram suas roupas; quando se aproximaram do Monte do Templo e viram uma raposa correndo de onde o Santo dos Santos costumava estar, eles começaram a chorar; mas Rabi Akiva sorriu.

Eles perguntaram a Rabi Akiva: “Por que você sorri?”

Ele respondeu: “A Tora declara [Yeshayahu 8:2]: ‘Testemunhas, Uriyah o sacerdote, e Zecharyahu…’ Por que Uriyah está junto com Zecharyahu, o primeiro não estava no primeiro Templo e o último no segundo? Foi porque a passagem se baseia na profecia de Zecharyahu sobre a profecia de Uriyah. Uriyah disse (Mincha, 3:12): ‘Portanto em seu favor Zion será arado como um campo…’ Zecharia disse [8:4]: ‘Novamente se sentarão homens velhos e mulheres velhas nas ruas de Jerusalém…’ Como a profecia de Uriyah não foi realizada, eu temi que a profecia de Zechariah não seria realizada, mas agora como vejo que a profecia de Uriyah está realizada estou certo de que a profecia de Zecharia também será cumprida.”

Ao ouvir isso, eles disseram: “Akiva, você nos consolou, você nos consolou!”

Agora já é outra semana e a criança não saiu do seu poleiro no telhado. Ele ainda treme por causa do trovão, e pode sentir as ameaçadoras nuvens escuras a ponto de abrir outra barragem. Os confins foram para o nada e a destruição está em toda parte. Ele pode ouvir o canto do inimigo – e uma raposa corre onde o Santo dos Santos ficava antes.

Ele vai amar dizer a você como um trabalhador no sul, cuja companhia rival no norte foi forçada a encerrar suas operações devido às pedras que caíram, ampliou o uso de sua fábrica para seu competidor; de Ro’i Klein, um comandante de trinta e um anos que sacrificou seu corpo numa granada para que ninguém mais morresse; de pessoas abrindo mão de suas casas para que famílias desabrigadas tivessem onde ficar; de uma linha prateada neste carvão; de uma fatia de céu neste inferno pontudo.

Mas o que ele pode fazer quando vira a cabeça e vê um homem bom morrer? A criança fica na grama verde, sob uma árvore. Ele está cercado por pedras, nomes de pessoas gravados nelas. É o funeral do pai de seu amigo e o sol do verão tem a ousadia de sorrir. A criança pode ouvir as mulheres chorarem e lágrimas em toda parte, até mesmo descendo pelos lados das garrafas de água.

O dia mais triste do calendário judaico chegou e se foi, mas a tristeza não. Sentamos em cadeiras normais e usamos sapatos de couro, porém há aqueles que se sentam no chão e usam sapatos de pano. O Shabat da Consolação nos consolou, porém há aqueles ainda precisando de consolo. As filhas de Jerusalém estão dançando nos vinhedos, mas Jerusalém ainda tem filhas que se sentam sob as vinhas e choram.

A criança vê os Rabinos chorarem. Eles não choram por si mesmos, mas pela humilhação de D'us – como pode o local de descanso da Divindade, o Santo dos Santos, o local mais puro sobre a terra onde nenhum homem pode entrar exceto o Sumo Sacerdote em Yom Kipur, ser tão profanado?

E a criança chora. Chora não por si mesma, mas pela humilhação de D'us – como podem Seus filhos, imbuídos com Sua centelha, criados à Sua imagem, desbotar seu semblante?

A criança vê Rabi Akiva sorrir. Ele sorri, pois vê não sofrimento, mas prazer. Sorri porque vê não lágrimas, mas risos. Sorri porque vê não destruição, mas reconstrução. Ele sorri porque vê não o exílio, mas a redenção.

A criança tenta sorrir, mas é tão difícil...