Durante a jornada dos judeus no deserto rumo à Terra Santa D’us alimentou Seu povo fazendo com que caísse dos céus uma substância chamada man, em hebraico, maná, em português. Ele era tão versátil que adquiria o sabor desejado pela pessoa ao consumi-lo.

A Parashá Ekev descreve o Maná mas o povo reclamava dele, parecia estar sofrendo.

Por quê?

O Talmud traz duas explicações para esta pergunta:

  1. Havia sempre uma incerteza, pois eles poderiam receber o Maná hoje, mas não sabiam se eles o teriam amanhã, pois dependia de D’us, e não deles. E esta incerteza trazia certo sofrimento. Obviamente eles deveriam confiar, ter emuná, fé e confiança, em D’us e esta seria sem dúvida uma das muitas provas de total entrega que deveriam depositar no Criador.  E esta na verdade era todo o objetivo do alimento Divino: "Todo aquele que tem o que comer hoje, porém fica preocupado, pois não sabe o que comerá amanhã, isto é um sinal que lhe falta a confiança em Hashem".
  2. O sofrimento do Maná era pelo fato,  da aparência da comida ser sempre a mesma, materialmente falando, a visão da comida faz parte do prazer de comer, sem poder ver o que se come, se perde uma parte da sensação do prazer (foi comprovado, que os cegos tem menos prazer quando comem, por este motivo). Mas o que isto significa, espiritualmente? Na realidade, espiritualmente também há duas formas como podemos servir ao criador:
    1. Vendo-O.
    2. Sem vê-Lo.

Seguindo-se esta linha de pensamento, o povo estava pedindo para que pudessem servir Hashem, de modo que pudessem vê-Lo, isto é, sentir a presença divina de forma explícita e revelada.

Mas como podemos saber se estamos servindo a D’us desta forma, sentindo a presença de Hashem em nossa vida?

A diferença é o aumento de nossa convicção na emuná em Hashem, isto é, quando temos este tipo de sentimento, então as preocupações desaparecem por completo.

Já sem este sentimento, apesar de termos confiança em D’us, ainda resta um pouco de dúvida, não a eliminamos 100%.

Outro assunto retratado em nossa Parashá, é a respeito da bênção posterior que temos de fazer ao terminarmos de comer. Devemos agradecer a D’us pelas coisas que Ele nos deu.

Mas sobre o que devemos agradecer? Será que devemos agradecer somente pelas coisas mais importantes (coisas espirituais), ou também pelas coisas menos importantes (materiais)?

Interessante notar que isto é uma discussão entre grandes legisladores:
Um opina que não devemos agradecer por coisas materiais, pois como mencionado, isto não é algo tão relevante a ponto de precisarmos agradecer a isto, de forma detalhada. Já, outro sustenta que também sobre questões materiais devemos agradecer.

Qual o motivo e explicação para esta segunda opinião?

Esta resposta encontra-se na forma em que encaramos e lidamos com  os assuntos do mundo material. A percepção Chassídica nos ensina que dentro do material, se encontra o espiritual, um grande potencial para a elevação, ou seja, a divindade não se encontra somente na espiritualidade, mas também na matéria, e isto principalmente em "Israel - A Terra Santa", onde como o próprio nome já diz, a terra, representa as coisas materiais e em geral, as de lá são santas, e concentram um grande nível de Kedusha (santidade). Sendo assim, podemos entender, o porque de agradecer pelos bens materiais, pois em um entendimento mais profundo, eles são tão santos quanto as coisas espirituais.

Isso aprendemos das mitsvot, por exemplo o tsitsit, tefilin, a Torá etc são todos feitos de matéria física, couro, tinta, porém quando os usamos para fins mais elevados, eles se tornam santos. Ao elevarmos a matéria a um plano espiritual estamos fazendo uma fusão entre este mundo e o mundo celestial, cumprindo a vontade de Hashem de transformar este mundo terrestre em Sua moradia, atraindo a vinda de Mashiach, quando todos reconhecerão o reinado Divino e a Terra se transformará em um mundo de paz, união e respeito entre as nações.