O nome da parashá dessa semana, Terumá, significa separar. Cada judeu deveria doar algo que lhe pertencia para a construção do Mishcan, o Tabernáculo que foi construído no deserto, obedecendo a ordem Divina transmitida a Moshê de fazer uma moradia para D’us na Terra.
Entre as oferendas que foram doadas para o Mishcan, havia ouro, prata e cobre. O ouro simboliza o mais alto nível de um judeu, o baal teshuvá, aquele que retorna ao judaísmo. A prata simboliza o tsadic, o justo e o cobre refere-se ao judeu que por enquanto encontra-se afastado do judaísmo.
O Mishcan, Tabernáculo, estava ligado diretamente a D’us, construído em madeira, em caráter temporário. A terumá estava ligada ao homem, que deveria separar a sua doação, contribuindo para a obra. Já o Templo Sagrado, Beit Hamicdash, era um lar para D’us erguido em Jerusalém, uma obra que pretendia ser de caráter permanente, feita de pedra. Qual é a base para fazer o Mishcan e o Micdash, Santuário e Templo?
Existem duas opiniões a respeito de quando D’us começou a revelar-se aqui na terra. Alguns afirmam que foi em Matan Torá e há uma segunda opinião que foi na época do Mishcan. Em Matan Torá, foi apenas o começo, porque D’us desceu, i.e. os níveis superiores desceram, mas não nos atingiu, porque continuamos a ser do mesmo modo que antes.
Terumá além de “separar” também significa “levantar”, segundo o Zohar. Na época do Mishcan, tivemos que participar, i.e. o inferior se elevou para ligar-se com o Superior, pois a verdadeira finalidade é de nos elevarmos, e não que D’us desça. Logo, para possibilitar a construção do Mishcan era essencial a terumá, nossa participação. E este é o motivo pelo qual a parashá recebeu o nome de terumá, dando ênfase àquilo que D’us realmente almeja de nós. Tudo pertence a D’us, mas ele deseja o nosso esforço, a elevação do mundo material ao espiritual e o refinamento do homem através das mitsvot, cumprimento de Seus preceitos.
Na época do Mishcan, o mundo trabalhou, por isso a parashá menciona as pessoas que deram ouro, prata, cobre etc – porque cada um trabalhou e serve D’us de formas diferentes!
Hoje nos encontramos na escuridão, espalhados na galut. Mas D’us nos dá ao mesmo tempo o poder de transformar nosso deserto em um santuário. Se sentimos uma depressão por algum problema sem enxergar uma solução, nos sentimos como se estivéssemos em um deserto, despojados da Sua presença. Nesse momento devemos lembrar que mesmo em um deserto é possível construir um Mishcan. Mesmo quando sentimos que estamos definhando num vazio espiritual devemos usar nosso potencial para reabilitar e fortalecer nosso santuário interior, atraindo a Presença Divina.
Na Torá nada é por acaso, mesmo quando o seu sentido nos parece oculto. O Rebe explica que todo detalhe é importante e em tudo há um propósito.
Se em uma sinagoga houver nove tsadikim, homens justos, reunidos, não formarão um miniyian, quorum necessário para recitar todas as preces. Porém, se estiverem presentes dez judeus, dos mais variados níveis, formarão um quorum, que em hebraico é Tsibur. Esta palavra é composta de três letras: o tsadic que é acróstico de tsadikim (justos), o bet que é acróstico de beinonim (intermediários) e resh de reshaim (perversos). O judaísmo não diferencia entre um judeu e outro, nem devem ser julgados por sua aparência externa. Todos possuem uma neshamá, uma partícula Divina com um potencial infinito. É nosso dever revelá-la dia a dia em nossas vidas.
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