A menção do mês de Av nos faz automaticamente ligar com o trágico acontecimento que nele ocorreu - o dia de Tish'á Beav, onde, entre outras desgraças, os dois Templos Sagrados foram destruídos. Após o difícil período das três semanas, em que mantemos costumes de luto, começa o período de consolo, em que D'us volta-se a nós, após termos retornado a Ele.
No dia quinze de Av - Tu Beav, o contraste torna-se mais aparente. Este é um dia de alegria, em que vários acontecimentos positivos aconteceram ao longo da história. Todos eles, marcam o término de algum fato negativo que estava ocorrendo em nosso povo. A demonstração de que D'us não mais estava irado conosco. Já pagamos pelos nossos atos. Nosso Pai nos espera agora de braços abertos. Está na hora de voltar...
Uma pesquisa no Código da Lei Judaica não revela observâncias ou costumes para esta data, exceto pela instrução que, a partir de quinze de Av, deve-se aumentar o estudo de Torá, pois nesta época do ano as noites começam a alongar-se, e "a noite foi criada para o estudo." E o Talmud nos diz que, muitos anos atrás, as "filhas de Jerusalém iam dançar nos vinhedos" em quinze de Av, e "quem não tivesse uma esposa podia ir até lá" para encontrar uma noiva.
E este é o dia que o Talmud considera a maior festa do ano, bem perto de Yom Kipur!
Vamos explicar aqui um pouco sobre cada fato que ocorreu nesta data. Esperamos que, se D'us Quiser, neste ano seja somada a lista a união total entre nosso povo e Hashem, com a vida de Mashiach, que tanto ansiamos e necessitamos.
1 - O dia em que acabaram-se os mortos do deserto
Após o pecado dos espiões, em que o povo, guiado por seus líderes, não confiou nas palavras de D'us e não quis entrar na Terra de Israel, esta geração foi condenada a uma jornada de quarenta anos no deserto, até que todos acabassem falecendo, e então a geração mais nova ingressaria na Terra. Como o pecado ocorreu em Tish'á Beav, as mortes também ocorriam nesta data. Neste dia, todas as pessoas cavavam covas para si mesmas, e dormiam dentro delas. No dia seguinte, os que estavam vivos levantavam-se, e eram sempre quinze mil o número daqueles que pereciam.
No último Tish'á Beav antes da entrada na Terra de Israel, todos os que haviam deitado dentro de suas covas, levantaram-se no dia seguinte. A princípio, pensaram que tivesse havido algum engano na contagem dos dias, e por este motivo, continuaram a dormir nas covas nos dias que se seguiram e continuaram vivos, até que no dia 15 viram a lua cheia, e tiveram certeza que o dia de Tish'á Beav havia passado sem que ninguém falecesse.
2 - Casamentos entre as tribos e entre o povo e a tribo de Binyamin foram permitidos
Desde a entrada na Terra de Israel, até o acontecimento de "Pileguesh Baguiva" (em que a tribo de Binyamin foi penalizada por seu comportamento incorreto), havia dois tipos de casamentos que foram proibidos:
a - Casamentos entre as tribos: esta proibição foi transmitida por Moshê. Uma filha que tivesse herdado um terreno de seu pai, não poderia casar-se com um homem pertencente a outra tribo, pois desta forma, o terreno passaria a pertencer também a seu marido, prejudicando a tribo da qual ela provinha que perderia o direito sobre as terras. (Os primeiros quatorze anos na Terra de Israel foram dedicados à conquista e distribuição das terras entre as tribos.)
b - Casamentos entre qualquer tribo e a tribo de Binyamin: Após o acontecimento de Pileguesh Baguiva, o povo fez a seguinte promessa: "Nenhum de nós dará sua filha a Binyamin por esposa."
Após anos, os Sábios analisaram estas proibições e, sob inspiração Divina, chegaram a conclusão que os casamentos eram proibidos apenas por um certo período. Os casamentos entre as tribos foram proibidos por quatorze anos, tempo marcado pela ausência de uma demarcação fixa de terra que seria mais tarde destinada a cada tribo, o que naquela época impossibilitava as transferências de terra. Passado este período, a transferência das terras tornou-se viável.
Os Sábios também provaram, que a promessa de não casar-se com a tribo de Binyamin era apenas para aquela geração, pois disseram: "Nenhum de nós" - e não "Nenhum de nosso filhos".
As duas permissões foram dadas no mesmo dia: em Tu Beav. Por isso, este dia foi marcado por grande alegria e união entre nosso povo.
3 - O dia em que foi permitida a subida à Jerusalém
O perverso rei de Israel, Yerovam ben Nevat, havia retirado o trono real de Jerusalém, que D'us havia indicado como o centro do povo. Este postou dois bezerros de ouro, um em Dan e um em Bet El, para que o povo os idolatrasse. Contudo, muitas pessoas do povo continuaram subindo para Jerusalém, que sempre fora o centro espiritual do povo. Para impedi-los de ir a Jerusalém, Yerovam espalhou várias barreiras e guardas nos caminhos que as levavam até lá.
Estes obstáculos existiram até os últimos dias do reinado de Israel, quando o rei Hoshea ben Ela os anulou, e declarou: "Todo aquele que deseja subir a Jerusalém, que suba". Isto ocorreu no dia de Tu Beav, e foi motivo para grande alegria.
Apesar deste grande feito, o rei acabou sendo castigado. Antes dele, o povo também era idólatra, porém, a culpa recaiu sobre o rei, que não permitia que eles fossem a Jerusalém a procura de sua verdadeira espiritualidade. Hoshea permitiu que subissem a Jerusalém, dizendo "quem quiser - que vá". Porém, sua obrigação como rei era encorajar o povo a fazê-lo, coisa que nem ele mesmo fazia, por também não andar no bom caminho. Enquanto a culpa pertence ao indivíduo, D'us não castiga o povo. Porém, quando Hoshea anunciou a permissão, todo o povo foi culpado por não ter subido à Jerusalém, e por este motivo, acabaram sendo exilados.
4 - O dia em que terminavam de trazer lenha ao Templo
Após a reconstrução do Segundo Templo Sagrado, nos dias de Ezra e Nechemia, era grande a dificuldade de encontrar árvores para utilização da madeira na queima dos sacrifícios no altar, pois a terra encontrava-se devastada. Por isso, quando alguém doava lenha ao Templo, seu ato era meritório e muito festejado. Afinal, se não houvesse lenha não haveria possibilidade de oferecer sacrifícios, e o ofício do Templo teria que ser cancelado. Tão significativa era a importância deste ato, que os inimigos, desejosos de arruinar os serviços do Templo Sagrado, impediam as pessoas de chegar com lenha a Jerusalém.
O última dia do ano em que cortava-se lenha para o Templo era o dia quinze de Av. Após esta data, o calor do sol já não era tão intenso, e as madeiras, que não estavam tão secas, corriam o risco de serem infestadas por insetos, invalidando sua utilização no altar. Portanto, o último dia de verão, em que a mitsvá das lenhas era terminada, era festejado com grande alegria.
5 - Os mortos de Betar foram enterrados
Adriano, o perverso imperador romano, havia feito um genocídio na cidade de Betar, e para ter maior prazer com a derrota dos valentes sábios judeus, deixou seus corpos abandonados, jogados em um vinhedo. Após um certo tempo, ascendeu um novo rei que permitiu que estes corpos fossem finalmente enterrados. Todo o povo uniu-se para cuidar do enterro de seu irmãos. Isto ocorreu no dia de Tu Beav.
Nesta data, os Sábios acrescentaram a bênção de Hatov Vehametiv - o "Bom que faz o bem", no Bircat Hamazon. E explicaram: "O Bom" - pois os corpos não apodreceram enquanto não haviam sido enterrados. E "que faz o bem" - pois fez com que acabassem sendo enterrados.
Assim como nós abençoamos D'us pelos milagres que faz, devemos abençoa-lo por acontecimentos que não nos parecem tão positivos, e acreditar que tudo que vem Dele é para o bem
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