O dia 15 de Av é talvez o dia mais enigmático do calendário judaico. A data é celebrada apenas 6 dias após o dia 9 de Av - que marca a destruição do Primeiro e Segundo Templos Sagrados - é um dia de festa e alegria.

“Não houve dias tão alegres para o povo judeu quanto 15 de Av e Yom Kipur ”, declara a Mishná. Neste dia “as donzelas de Jerusalém saíam e dançavam nos vinhedos. E o que diriam? Jovem, por favor, levante os olhos e veja o que você escolhe para si mesmo”.1

Na verdade, um total de sete eventos alegres ocorreram nesta data. Aqui apresentamos seis ensinamentos do Rebe que pertencem aos temas deste dia.

O que é beleza?

A última Mishná em Massechet Taanit (citado acima) descreve como as donzelas dançantes de Jerusalém chamavam para seus possíveis casamentos: “Jovem, levante os olhos e veja o que você escolhe para si mesmo. Não coloque seus olhos na beleza, mas coloque seus olhos em uma [boa] família.”

O Rebe entende que este evento – que de acordo com algumas leituras ocorreu tanto no dia 15 de Av quanto em Yom Kipur– está se referindo a algo de natureza elevada, não a um simples evento para formar casais para matrimônio. Na leitura do Rebe, este evento foi para mostrar não as qualidades físicas ou mesmo espirituais que os indivíduos podem possuir, mas o caráter espiritual inato que todos nós possuímos como membros de uma família, a Nação de Israel:

Não se deve olhar para as virtudes (tanto espirituais quanto físicas) como elas aparecem aos olhos - que é a maneira usual [alguém julgaria o outro]. Em vez disso, deve-se "erguer os olhos e ver" (referindo-se ao profeta Yeshayiahu 40:26, “Erga os olhos ao alto e veja quem criou essas coisas”) com um olhar mais alto e mais interior - para ver a raiz e a fonte de onde essas virtudes se originam.

Dado que ela é filha de Sarah, Rivka, Rachel e Lea, ela possui inerentemente as virtudes judaicas transmitidas por suas mães.2

Descida com o propósito de subir

Em uma carta datada de 15 de Av de 5725 (13 de agosto de 1965), o Rebe comentou sobre o significado deste dia alegre tão próximo de 9 de Av:

Vindo logo depois de Tisha b'Av, a transição radical de um estado de tristeza para um de alegria é duplamente significativa. Em primeiro lugar, significa que qualquer interlúdio triste na vida judaica é apenas transitório e se baseia no princípio de “descida para fins de ascensão”. Em outras palavras, todo e qualquer acontecimento triste de nossa história – que é comemorado nos poucos dias tristes de nosso calendário – são retrocessos necessários para um salto maior.

Em segundo lugar, a própria transição da tristeza para a alegria intensifica a alegria e acrescenta qualidade real a ela, que não poderia ser apreciada de outra forma.

Para separar como um

No intuito de explicar o texto de uma seção de Mishnê Torá de Maimônides, o Rebe articulou os princípios essenciais do casamento:

A essência e a definição do casamento são, nas palavras do versículo, “e ele se uniu à sua mulher, e eles se tornaram uma só carne”,3 um estado constante de aquisição e apego, sem qualquer elemento que conduza ou cause interrupção.

No entanto, quando a aquisição e a substância do casamento são tais que há um elemento contrário ao “apego”, seja no início do casamento ou depois de algum tempo, isso constitui uma deficiência na essência do próprio casamento.4

A vida no Jardim do Éden

O Rebe fez uma pergunta sobre a frase da sexta das sete bênçãos recitadas na cerimônia de casamento:

Por que ela faz parte de uma bênção do casamento, “… Quem cria alegria para Sua criação no Jardim do Éden desde o início ” (significando, D'us deveria fazer o jovem casal feliz, como Ele fez Seus primeiros seres humanos felizes no Jardim do Éden). O que significam as palavras “desde o princípio” ? Todos nós sabemos que Adam e Chava estavam no Jardim do Éden há milhares de anos!

[A resposta é que a frase], “desde o princípio” refere-se especificamente ao tempo deles no Jardim do Éden, bem no início — antes do pecado. E é isso que desejamos para o jovem casal: que sua vida seja como a de Adam e Chava antes do pecado. Não deve haver oposição, mas, pelo contrário, um “companheirismo”, e o lar deve ter um ambiente propício, de maneira que “Eu Habitarei entre eles” - “Quem cria alegria para a Tua criação no Jardim do Éden desde o início.”5

Missão de vida

Ao discutir os parâmetros da obrigação da Torá de erguer uma cerca ao redor do telhado de uma nova casa, o Rebe tirou uma lição para nossa morada espiritual:

É fundamental apreciar o profundo impacto da vida conjugal. O ato do casamento para todo judeu tem um significado profundo, tanto na vida individual do casal quanto em um sentido espiritual transcendente. Este é o ponto em que uma pessoa embarca em sua missão fundamental de criar um santuário para D’us dentro do domínio terrestre. Este processo produz uma nova luz divina.

No entanto, também devemos estar cientes de que esta nova etapa da vida traz desafios únicos. Consequentemente, é essencial estabelecer uma barreira metafórica em torno desta nova estrutura: deve-se adotar salvaguardas e disciplinas adicionais para proteger e manter esta nova habitação.6

A chupá

O Rebe explicou o significado mais profundo do costume da noiva circular o noivo sob a chupá:

O ato da noiva de circundar o noivo incorpora sua capacidade abrangente de contribuir para o casamento. Significa sua devoção, enraizada em suas qualidades abrangentes, para estabelecer um lar judaico baseado nos princípios da Torá e mitsvot.

Quando o noivo apresenta o anel à noiva, isso simboliza sua própria capacidade abrangente de contribuir para a vida em comum. Ele também se compromete a construir um lar judaico, ancorado nos fundamentos da Torá e mitsvot. Juntos, as capacidades complementares do casal são envoltas pelo pálio nupcial, que representa a capacidade divina e transcendente concedida a eles por D'us. Este dom divino eleva suas capacidades combinadas, permitindo-lhes criar uma união duradoura e frutífera.7