As oportunidades desses encontros conduzem a múltiplas mitsvot, dentro e fora da estrada
O que você faria se fosse um motorista judeu do Uber e tivesse rabinos Chabad como passageiros – uma vez, mais uma e de novo?
Colocaria tefillin, é claro!
Pelo menos, é isso que Milton Appelbaum, de 63 anos, um motorista de S. Paulo, se viu fazendo inúmeras vezes nos últimos anos. Uber, uma das várias empresas para as quais ele trabalha, afirma ter feito "1 bilhão de conexões"… e ainda contabilizando." Para Applebaum, ao menos, tem sido uma conexão em um nível decididamente mais profundo.
A série de encontros inesperados começou em 29 de dezembro de 2015, quando o rabino Mendel Begun, um emissário de Chabad-Lubavitch na Sinagoga Tiferet, de 27 anos pegou uma corrida no carro de Appelbaum. Descobrindo que seu motorista era judeu, os dois começaram a falar sobre a vida judaica na cidade. No final da carona, Begun perguntou a Appelbaum se ele gostaria de colocar Tefillin. Appelbaum concordou.
Cerca de 50 mil carros participam de programas de compartilhamento de viagens em São Paulo, centro financeiro do Brasil e a metrópole mais populosa das Américas. O jovem rabino e o motorista vivem em extremidades opostas da cidade, dois caminhos totalmente distantes e separados, nunca esperavam se encontrar de novo.
Então, ambos ficaram surpresos em janeiro passado, pouco mais de um ano após seu primeiro encontro, quando Begun se viu mais uma vez dentro do carro de Appelbaum.
Mais uma vez, os dois envolveram o tefilin, e então o motorista perguntou se poderia tirar uma selfie para a posteridade. “Algo despertou minha curiosidade,” falou Begun a Chabad.org. “Perguntei se ele havia conhecido outros rabinos recentemente.”
Appelbaum abriu seu celular mostrando ele colocando tefilin com o Rabino Avraham Meir Berkes, sheliach Chabad no Rio de Janeiro.
No dia seguinte, Appelbaum enviou a Begun uma nova foto: dessa vez, colocou o tefilin com rabino Levi Yitschac Slonim do Beit Chabad de Perdizes.
Descrevendo a si mesmo como uma "pessoa espiritual" (embora não tão próximo da prática religiosa), Appelbaum diz que ficou profundamente impressionado. "Aquela foi a primeira vez que eu realmente falei com um rabino", disse sobre Begun. "Essas encontros foram muito especiais".
Viajando em Pleno Círculo
Appelbaum tornou-se motorista permanente entre os emissários de Chabad de S. Paulo, encontrando-os praticamente em todos os lugares que ia. Ele até começou a trabalhar como motorista regular - trazendo as crianças de Slonim de volta da escola todos os dias - com o costumeiro fixo de colocar o tefillin no final da viagem.
Na véspera de Purim, Slonim pediu-lhe que se juntasse à comunidade para a leitura da Meguilá, mas Appelbaum informou ao rabino que tinha que trabalhar.
Sua próxima corrida, porém, acabou sendo a de ter que atravessar a cidade conduzindo um rabino Chabad. Então, Appelbaum conseguiu ouvir a Meguilá durante o trajeto, lida em voz alta pelo rabino Nachman Stulman, co-diretor do Beit Chabad de Campinas.
Quando Begun precisou fazer algumas viagens, decidiu que chamaria Appelbaum. Mas o motorista o informou que ele se encontrava muito longe naquele momento. Quando chegou a hora de convocar um novo carro para a corrida de volta, quem veio? Logo após sua ligação, uma corrida apareceu para Appelbaum com destino a algumas quadras de Begun.
Begun tirou uma foto e enviou-a para Slonim.
"Incrível!" Foi a resposta. Slonim estava fora da cidade naquele dia, o que significa que sua mitsvá regular seria perdida. "Por favor, coloque Tefillin com ele", veio a resposta de Slonim.
Appelbaum mais uma vez, alegremente, ofereceu seu braço.
No pensamento chassídico, a prática de uma mitsvá, como a colocação de tefilin, cria uma conexão entre a pessoa que a realiza e D’us. Mesmo uma mitsvea realizada uma única veze cria uma conexão eterna. E o tefillin não é a única mitsvá que este ocupado motorista conseguiu cumprir, graças a todas essas circunstâncias. “Sinto essa nova conexão com o judaísmo, com minhas raízes ", diz Appelbaum. "Sempre senti como se D’us estivesse comigo, e agora estou tendo a chance de me aproximar da prática judia".
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