Por Deborah

Tenho um diploma em Artes, sou Bacharel em Educação na Divisão Primária e Júnior e um na Equivalência de Educadores da Primeira Infância, que consegui acelerando meu programa. Terminei o programa ECE com três notas A-mais, três notas A e uma B.

Impressionante, não é?

Na época, era o que eu pensava. Mas agora, não mais, realmente.

Isso porque estou mais impressionada por ter sido empregada no DANI, um programa diário para adultos jovens com incapacidades, durante quase 18 meses. Trabalho às segundas e sextas numa organização paga, mas você me vê frequentemente aqui das terças às quintas-feiras, socializando com a equipe e os participantes; falando com Kasper, nosso cão de serviço; ou como voluntária em vários eventos e funções.

Veja, eu tenho uma incapacidade, mas você não saberia apenas olhando para mim ou tendo uma breve conversa comigo.

Alguém poderia pensar: “É isso? Você tem todas essas qualificações e trabalha somente dois dias por semana? Isso não é muito. O que exatamente você faz? Por menos que você perceba, este é um trabalho ENORME, pois derrotei todas as dificuldades.

Deixe-me explicar. Tenho uma grave doença mental. É uma desordem de personalidade (também conhecida como BPD), depressão, ansiedade e OCD. Viver com BPD é extremamente difícil – não apenas para mim, mas para minha família. É uma doença mental e fisicamente exaustiva. É algo que deixa você fora de controle, onde suas emoções controlam você, seu comportamento insiste em controlar você, e como indivíduo, você se torna totalmente perdido.

Feche os olhos e tente imaginar-se no meio de um terrível furacão, gritando e tentando lutar contra os destroços voando na sua direção. Mas não importa o quanto você luta, ainda está gritando e presa no meio do furacão.

Isso é viver com BPD. Como consegui derrotar as dificuldades?

Os profissionais me disseram que como tenho uma grave doença mental, jamais conseguirei ter um emprego pago e comparecer às minhas sessões médicas. Fui informada por profissionais que trata-se de escolher um ou outro – ou trabalho ou vou às consultas. Daqui a dezoito meses, eu gostaria de dizer a esses profissionais: “Consegui, estou fazendo isso, e continuarei a fazê-lo.”

Os Benefícios e Recompensas

Portanto agora você sabe sobre minha doença e que estou trabalhando, mas provavelmente ainda se pergunta sobre o que realmente faço. Nas segundas, trabalho no Café DANI. Cuido de todo o café fazendo tudo, pois muitas vezes temos funções aos domingos. Também trabalho com Orly, nosso chef. Aprendi a fazer comida para os participantes, para o café, para o nosso quiosque e para as funções sociais organizadas aqui.

Nas sextas faço trabalho de escritório. Seleciono recibos para pessoas que trabalham no DANI. Informo os dados para as notas fiscais da Microsoft Excel. Arquivo documentos em vários setores e trabalho em projetos especiais que exigem pesquisa.

Gostaria de dizer a você o que DANI tem me dado: Oferece-me a oportunidade de ser um membro produtivo da sociedade. Provê um ambiente no qual posso ser eu mesma – doença, sintomas e tudo – e onde tenho apoio. Por meio do meu trabalho aqui, estou aprendendo como confiar nas pessoas. Isso me permite confiar em alguns indivíduos, com segurança e confiança – pessoas que não se assustam com aquilo que digo a elas.

Isso me dá uma sensação de que sou um ser humano com valores, talentos e importância.Cerco-me de colegas que periodicamente fazem uma checagem em mim para saber se estou bem. O único empregador que já conheci, DANI, tem mostrado compaixão, compreensão, coração e muito conhecimento. Devemos criar mais ambientes de trabalho como esse que são receptivos e incluem as pessoas. Todos irão se beneficiar.


Deborah mora em Toronto, Ontário, Canadá; é um membro ativo da comunidade. Ela possui três diplomas universitários. Recentemente Deborah começou a falar em público e advogar por indivíduos com graves doenças mentais.