“Asseret Yemei Teshuvá” (os dez dias de arrependimento e conserto) iniciam-se no primeiro dia de Rosh Hashaná e estendem-se até o fim do Yom Kipur. São dias nos quais “D’us está próximo dos que clamam por Ele”, nos quais D’us julga todas as criaturas do mundo, cunhando-lhes vidas renovadas para o novo ano. Por isso, escreveram os Poskim (rabinos legisladores) que cada pessoa deve verificar minuciosamente seu comportamento e seus atos visando aperfeiçoamento e evolução espiritual. Em especial, deve-se resolver desavenças e brigas com amigos e conhecidos, já que Yom Kipur não expia por transgressões contra o próximo, até que a pessoa se acerte com este.
Durante esses dias, deve-se fortalecer e majorar o estudo da Torá, a Tefilá e a Tsedacá, fazendo todo esforço necessário para não transgredir as proibições da Halachá. Escreveram os Poskim (rabinos legisladores) que mesmo que a pessoa tenha a consciência de que não poderá manter rigor com relação a determinada halachá – e não estamos falando de uma halachá consagrada no Shulchan Aruch, pois estas são terminantemente obrigatórias em qualquer tempo ou circunstância – o ano todo, deve manter este rigor durante os Asseret Yemei Teshuvá, pois durante os mesmos a busca de aperfeiçoamento é muito apreciada pelo Todo-Poderoso. O Arizal declarou que, como há sete dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, deve-se consertar todos os dias do ano homônimos, ou seja, por exemplo, o domingo dos Asseret Yemei Teshuvá deve expiar por todos os domingos do ano, e assim por diante.
Resolver desavenças com o próximo
Durante os “Asseret Yemei Teshuvá” (dez dias de arrependimento e conserto) deve-se fortalecer e majorar o estudo da Torá, a Tefilá e a Tzedaká, fazendo todo esforço necessário para não transgredir as proibições da Halachá. O mérito do estudo da Torá é tão grande que pode expiar por todos os pecados, até mesmo aqueles que os sacrifícios do Templo não expiavam. O estudo da Torá pode anular decretos celestiais impostos sobre as pessoas. Em especial deve-se tomar a iniciativa de resolver desavenças com os próximos. Se a pessoa tem ciência de que magoou ou causou dano a outrem – de qualquer espécie, proposital ou involuntariamente, de forma discreta ou em público –, deve se esforçar para buscar o perdão deste agredido, insistindo ao máximo para que o perdoe.
Se o dano causado foi financeiro, para que seja possível iniciar o processo de Teshuvá (arrependimento e conserto), antes de mais nada, é necessário obviamente saldar a dívida com o próximo. Em seguida, deve-se pedir desculpas visando que o próximo o perdoe pelo sofrimento causado. Por fim, deve confessar verbalmente este pecado diante de D’us. Quem, D’us nos livre, envergonhou o próximo, proposital ou involuntariamente, deve pedir veementemente o seu perdão completo, e só depois deve confessar verbalmente este pecado grave diante de D’us. É importante ressaltar que quem magoou ou causou dano a outrem em público, deve pedir-lhe perdão em público.
Uma pessoa que tem consciência de que cometeu um pecado contra outra deve ir até esta, detalhar diante dela o pecado cometido e finalmente pedir o seu perdão de forma explícita. Se o pecador tem noção de que o detalhamento do pecado pode causar sofrimento ou constrangimento à pessoa, ele deve apenas pedir perdão e se esforçar para anular toda influência sobre o agredido dos fatores relacionados ao pecado. O perdão deve ser pedido pelo próprio pecador, a não ser que este saiba que o agredido preferirá e aceitará melhor o pedido de perdão se este vier por meio de um representante.
Se o agredido não está disposto a perdoar, o pecador deve convocar três homens que o acompanhem no pedido de perdão. Caso esta iniciativa – com esta composição – não adiante, deve repeti-la mais duas vezes. Se, depois da terceira tentativa, o agredido não aceitar o pedido de perdão, o pecador passa a estar isento de insistir e este que não perdoou é que passa a ser considerado o pecador. Neste contexto, é muito importante e correto do ponto de vista judaico aceitar o pedido de perdão e perdoar em geral as pessoas, já que o Todo-Poderoso é piedoso e indulgente, perdoando inúmeras vezes as criaturas. Além disso, Ele age conosco por meio do conceito “midá kenegued midá” (“medida por medida”) – ou seja, se queremos que D’us perdoe os nossos pecados, devemos perdoar os pecados cometidos contra nós.
Buscando a paz
Nossos sábios nos ensinam no Pirkei Avót (Ética dos pais 1:12): “Disse Hilel – Sejam como os alunos de Aharon – ame a paz e a persiga”.
Busque a paz entre as pessoas e casais. Evite o ódio gratuito. Odiar por odiar sem saber por que ou nem querer dar uma chance à razão, não faz sentido. Não tenha preconceitos. Harmonize. Seja você o primeiro a procurar o oponente para reatar as pazes. Converse com a pessoa com quem você brigou, mostre que se zangou com o que fez e procure uma saída. Não guarde rancor para outro dia. Seja o primeiro a cumprimentar a todos, e faça-o como um mensageiro da alegria.
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