Neste mês revivemos toda aquela cena no Sinai. O palco estava montado. Havia trovões e relâmpagos; o som do shofar podia ser ouvido; fumaça, nuvens, fogo – todo o drama que se poderia imaginar. Hashem estava a ponto de revelar a Si mesmo e Sua mensagem. Mas espere! Após iniciar com uma descrição da grandeza de D’us, Seu nome, e Seu sagrado dia do Shabat, os mandamentos a seguir são da natureza mais simples e mundana: honrar teus pais, não matar, não roubar etc. Todo o drama e a empolgação seriam realmente um acompanhamento necessário para princípios tão universalmente aceitos?

A Torá é um estilo de vida. Apresenta-nos um sistema de valores, incluindo um guia moral para nossa vida do dia-a-dia. Além das leis “espiritualmente ilumi- nadoras”, a Torá também nos instrui sobre regras elementares, porque a base da moralidade e nosso sistema de valores devem ser Divinos. Não podem ser algo simplesmente decidido por uma mente humana.

Se moral e valores vêm apenas da lógica, não há como prever aonde nossos pro- cessos de pensamento poderiam nos levar. Vejamos o exemplo do furto. A maioria das pessoas decentes, por razões morais, ficaria horrorizada com a noção de roubar; no entanto, alguém poderia ser racionalmente inclinado a justificar o roubo de “apenas” dez reais de uma pessoa rica, pois não faria falta a ela. Outros poderiam defender até furtos maiores por meio de um raciocínio semelhante. Com frequência o ser humano irá encontrar uma maneira de implementar sua própria ideia, o que termina por levar a uma completa ruptura da fibra moral. Há apenas 70 anos, esse tipo de “lógica” levou um país, supostamente o mais sofisticado do mundo, a perpetrar os mais horrendos crimes da história. Os alemães se convenceram “logicamente” de que determinados elementos da raça humana eram desnecessários e inúteis, e levaram seu raciocínio até a suprema conclusão catastrófica.

É por isso que todos os Dez Mandamentos como também suas leis imediatas que se seguem andam juntos. A Torá enfatiza que a moralidade e um verdadeiro sistema de valores somente podem existir quando firmemente estabelecidos numa base Divina.

Roubar é proibido porque Hashem assim ordenou; a santidade da vida é afirmada porque Hashem nos ordenou não matar. Para viver civilmente com todos os seres humanos, devemos primeiro ter uma crença inabalável em Hashem.