A Parashá Bechucotai é conhecida como a porção de repreensão da Torá. Descreve a antiga fórmula "Se seguires Meus decretos e cumprires Minhas mitsvot, então enviar-te-ei a chuva no tempo adequado…" (Vayicrá 26:3-4).

Em outras palavras, se cumprir os mandamentos, você será abençoado espiritual e materialmente, ao passo que se abandoná-los, D'us não o permita, o oposto acontecerá.

É interessante notar que, analisando a série de maldições encontradas na Parashá Bechucotai, vemos um retrato impressionantemente fiel da sociedade moderna. Os versículos nos dizem que se você despreza meus estatutos, trarei confusão a você (veja ibid. 26:14-17). Isso significa que você não terá paz de espírito, nenhuma tranquilidade.

Como você não teve paciência enquanto cumpria as mitsvot e ao contrário, pensou: "quando terminarão os serviços?" ou "quando o Shabat terminará para que eu possa voltar à minha 'verdadeira' vida e a meus prazeres materiais," então midá k'neged midá, você não terá paciência, tranquilidade ou verdadeiro deleite em seus prazeres físicos.

Devido a essa maldição, a pessoa descobre que, apesar de todos os avanços tecnológicos que realizam todas as tarefas mais rapidamente e com maior eficiência – de carros a aviões a jato, de computadores a micro-ondas, tudo instantâneo – mesmo assim, o homem não tem tempo! Está sempre correndo, e não tem tempo para parar e refletir: "Quem sou eu? Por que estou aqui? Para onde vou?" E com todos esses confortos do século 21, como se explica o fenômeno de mais e mais pessoas terem problemas mentais e emocionais, mais preocupações, ansiedades e úlceras que jamais tiveram antes!

Muito mais pessoas estão sob cuidados psiquiátricos e voltam-se para as drogas e o suicídio. O principal é que com todas estas descobertas para economizar tempo, o homem na verdade tem menos paciência, menos sensibilidade, e menos paz de espírito e felicidade que em qualquer outra geração. Parece que estamos sempre atrasados, correndo para um evento ou reunião. Simplesmente não temos tempo – e isso é o que se chama progresso! Podemos ver neste fenômeno a concretização do versículo: "Você pode fugir, mas não haverá ninguém perseguindo-o" (ibid. 27:17).

Tudo isso ocasiona um estranho paradoxo que, embora tenhamos mais conforto material e riqueza que qualquer outra geração na história, mesmo assim vivemos na sociedade mais empobrecida quando se trata de satisfação verdadeira. Nunca estamos satisfeitos! Simplesmente não estamos felizes com nosso quinhão. Estamos testemunhando o resultado dos versículos proféticos na porção desta semana na Torá: "Comerás e não ficarás satisfeito" (ibid. 26:26), e "Lançarei confusão sobre ti… fazendo os olhos desejarem e as almas sofrerem" (ibid. 26:16).

Mas tudo isso não se aplica ao judeu da Torá. O judeu, buscando riqueza espiritual e usando o mundo materialista como um meio para aquele fim (como foi feito para ser usado), santifica o mundo físico em um Mishcan, Santuário, para D'us.

A escolha é nossa e a fórmula é e tem sempre sido a mesma: "Se cumprires Minhas mitsvot...", então você apreciará este mundo e o vindouro.