Até recentemente, eu estava certo de que as únicas pessoas nas quais você podia confiar por informações sobre o mundo eram os caras antigos com barbas brancas e enormes sombreros negros. O tipo de sujeitos que liam livros grossos em aramaico, tinham um olhar sério enquanto estalavam os dedos, e falavam sobre conceitos cósmicos e mistérios miraculosos.

Bem, tenho algumas novidades para eles, e espero que consigam aceitá-las. Acabo de descobrir uma nova fonte de informação profunda, super-legal. Do tipo que vai agitar a sua mente. Quem poderiam ser estas pessoas, para competir com nossos gênios, nossos fulgurantes pedestais de sabedoria?

Talvez você se surpreenda ao saber que as pessoas sobre as quais estou falando não têm três metros de altura nem usam chapéus pretos que enchem a sala. Não, essas pessoas são, na verdade, bem pequenas. Baixinhos e baixinhas com vozinhas estridentes.

É claro que estou falando de crianças. As mesmas que correm para lá e para cá gritando quando você tenta tirar uma soneca, ou que começam a falar sobre bobagens quando você está tentando ensinar-lhes o “Alef-Bet”. Isso mesmo. Elas.

Meu entendimento veio depois de ter uma conversa com alguém que cursa a primeira série. Ele estava me dizendo que os cactos têm água dentro (informação útil na atual conjuntura). Perguntei a ele o que mais tinha água.

Aparentemente, as árvores da Amazônia também conservam água dentro.

E então ele disse que as árvores também possuem papel dentro delas.

Vou ser sincero. A princípio fiquei um pouco confuso com essa declaração. Ou seja, eu sei que as árvores podem ser transformadas em papel. Porém elas não têm papel dentro, da última vez que chequei. Tenho vergonha de admitir, mas quase o corrigi. Você consegue acreditar nisso?

Mas então comecei a pensar. Talvez fosse eu que precisasse ser corrigido. Afinal ele parecia bem seguro de si. E realmente empolgado pela ideia. Não sei quando foi a última vez que o papel me empolgou, a menos que fosse verde e eu pudesse comprar coisas com ele.

Portanto, pensei um pouco mais. Seria realmente possível que eu estivesse errado o tempo todo? Quando você corta uma árvore, o papel sai voando de dentro do tronco? Eu estava certo de que não era esse o caso.

Talvez o guri quisesse dizer alguma outra coisa. Seria possível que eu tivesse escutado mal? Não, ele queria mesmo dizer que as árvores têm papel dentro delas, assim como os cactos têm água em seu interior. Como se fosse a mesma coisa. A essa altura, minha cabeça começou a doer.

Porém à medida que eu pensava a respeito, algo se tornou claro para mim. Por que estávamos falando sobre isso? Porque a maioria das pessoas não sabe que um cacto tem água dentro. Quem pensaria que um cacto, lá no deserto, teria água dentro dele? Não eu.

Então talvez fosse possível que as árvores realmente tenham papel dentro – porém num nível mais profundo? Como, está ali, mas precisamos apenas saber como tirá-lo? Perguntei o que ele achava a respeito, mas ele começou a falar sobre outras coisas que nada tinham a ver.

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais fazia sentido. Ou seja, dizemos que nossos computadores têm toneladas de informação dentro deles, mas temos de ligá-los e permitir que o equipamento passe por vários processos para acessar a informação. Porém você, eu e toda criança sabemos que um computador tem informação. Precisamos apenas saber como extrair aquela informação. Assim como a madeira contém fogo, o carvão contém diamante, e a água contém vida.

Quanto mais eu pensava sobre aquilo, mais percebia que esse negócio poderia ser aplicado a você e eu. Ou seja, não dizemos que todos têm pensamentos? Porém se você perguntar a um cara de avental branco se isso é verdade, ele vai dizer que não temos pensamentos, mas nervos dentro da massa cinzenta em nosso crânio que dispara eletricidade em volta. Esta é parte do motivo pelo qual parei de dar ouvidos aos caras de aventais brancos.

E há muitas pessoas, vestidas com todos os tipos de roupas, que gostariam que você acreditasse que sua essência é apenas um saco de ossos. Elas pensam que você – o magnífico, maravilhoso, surpreendente você – é apenas um amontoado de átomos e reações químicas.

Sim, talvez eles estejam certos, sob uma determinada perspectiva. Porém sob um modo de pensar mais profundo, mais verdadeiro, o tipo de raciocínio que somente um aluno da primeira série poderia ter, nossos corpos, assim como computadores e fósseis e madeira, são na verdade ferramentas para chegarmos a algo muito mais verdadeiro, para desvelar nosso supremo propósito.

Portanto, aquele saco de ossos tem algo muito mais oculto dentro dele. Tem você. E você é aquele algo esperando para sair, esperando para ser revelado. Não importa se você usa um chapéu preto ou um boné de beisebol, se é grande ou pequeno. Assim como o tronco grosseiro de uma árvore esconde papel lá dentro, os seus 248 membros e 365 tendões estão na verdade apenas esperando para expor o verdadeiro você por dentro.

Tudo que você precisa fazer é encontrar o botão de ligar, esfregar dois gravetos um no outro, e pressionar aquele carvão até surgir o diamante.