"E amarás ao Senhor teu D’us… com todo teu ‘meod’". - Versículo 6:5

A palavra meod tem muitos significados. Serve como a raiz etimológica para medida (midá), obrigado (modê) e muito (meod). Usando estes três significados na interpretação do versículo acima, o Talmud declara:

"Uma pessoa está obrigada a bendizer D’us tanto pelo mau como pelo bom, pois assim está escrito: ‘E amarás ao Senhor teu D’us… com todo teu meod – pois a cada medida com a qual Ele te mede, agradeça-Lhe muito, muito." - Talmud, Brachot

Uma Questão de Perspectiva

Um homem certa vez procurou Rabi DovBer, o Maguid de Mezeritsh com esta pergunta: "O Talmud nos diz que deve-se ‘louvar a D’us pelo que acontece de mal, assim como O louva pelo que acontece de bom.’ Como isso pode ser humanamente possível? Se nossos sábios dissessem que devemos aceitar sem amargura ou reclamações tudo aquilo que nos é mandado pelos Céus – isso eu posso entender. Posso até mesmo aceitar que, no final, tudo que ocorre é para o bem, e que devemos louvar e agradecer a D’us também pelos acontecimentos aparentemente negativos de nossa vida. Mas como pode um ser humano reagir ao que lhe acontece de mau da mesma forma ao que é bom? Como pode alguém ser tão grato pelos seus problemas como é por suas alegrias?"

Rabi DovBer replicou: "Para encontrar uma resposta para sua pergunta, você deve procurar meu discípulo, Reb Zusha de Anipoli. Apenas ele pode ajudá-lo neste assunto."

Reb Zusha recebeu calorosamente o hóspede, dizendo-lhe que ficasse à vontade. O visitante decidiu observar a conduta de Reb Zusha antes de apresentar sua dúvida. Logo concluiu que seu anfitrião exemplificava o dito talmúdico que o havia intrigado tanto.

Não conseguia pensar em ninguém que tivesse sofrido mais na vida que Reb Zusha; de uma pobreza assustadora, nunca havia o suficiente para comer em casa, e sua família era assolada com todo tipo de aflições e doenças. Mesmo assim, este homem estava sempre bem-humorado e alegre, expressando constantemente sua gratidão ao Todo Poderoso por toda Sua bondade.
Qual era seu segredo? Como conseguia?

O visitante finalmente decidiu apresentar sua pergunta.

Um belo dia disse ao seu anfitrião: "Queria perguntar-lhe algo. Na verdade, este é o propósito de minha visita, nosso Rebe aconselhou-me de que você pode fornecer-me a resposta."
"Qual é sua dúvida?" perguntou Reb Zusha.

O visitante repetiu o que havia perguntado ao Maguid. "Sabe," disse Reb Zusha, "agora percebo que você tocou no ponto certo. Mas por que o Rebe mandou-o a mim? Como poderia eu saber? Ele deveria ter mandado você a alguém que já experimentou sofrimento…"