Jamais esquecerei de uma passagem nos tempos em que estudava na Yeshivá Chabad no Brooklyn. Era época de Chanucá. Nosso grupo de dez brasileiros foi para Queens, visitar apartamentos de judeus para difundir a alegre festa de Chanucá.
Havia dois tipos de residências. No primeiro, as luzes de Chanucá estavam acesas, a felicidade reluzia, éramos recebidos com alegria e convidados a entrar. O segundo era como uma prisão domiciliar com vários trincos e ferrolhos. Antes de abrir, perguntavam várias vezes "Quem é?". A porta aberta, dávamos de cara primeiro com um pastor alemão e depois com o dono. Não havia o clima alegre das crianças em torno das velas de Chanucá mas sim, medo.
Mas o que isto tem a ver com Pêssach? A ligação é simples. Liberdade é algo que todos almejam na vida: liberdade de pensar, falar, financeira, etc. As manchetes dos jornais mostram guerras por toda a parte, assaltos, sequestros. Dá pavor sair às ruas; há insegurança até mesmo dentro de nossos próprios lares. Hoje, mais do que nunca, liberdade e tranquilidade são muito cobiçadas. Porém, como conquistá-las?
Pêssach, como todos sabem, leva a mensagem de liberdade, pois é também chamada de zeman cherutênu, época de nossa liberdade. Liberdade de todas as preocupações e angústias.
A saída do Egito, (em hebraico, mitsráyim, limitações), teve como objetivo o recebimento da Torá. Não saímos como se fossemos para o Havaí surfar. No seu amplo sentido, foi a saída das limitações físicas e materiais para uma atmosfera espiritual.
Este Pêssach, mais do que nunca, devemos nos conscientizar que para nos libertar do pânico e delírio devemos levar uma vida mais rica de valores espirituais. Quando você abrir a porta para Eliyáhu Hanavi entrar ao término do sêder (como manda a Tradição) não o receba com um pastor alemão; abra a porta com alegria e tranquilidade.
Clique aqui para comentar este artigo