Os pastores só levam as ovelhas e cabras a pastarem o mais perto possível de casa. Moshê, ao contrário, não fazia assim. Todos os dias levava as ovelhas de Yitrô muito longe, longe das cidades povoadas, pois temia que os animais comessem pasto de alguma outra pessoa, e isso seria roubar. Moshê somente ia com o rebanho em campo aberto, onde a terra não pertencia a ninguém.

Estava chegando a hora de liberar o Povo de Israel do Egito. Apenas D’us sabia quando chegaria este momento. Pois como Moshê era um tsadic (justo) tão especial, D’us decidiu elegê-lo líder dos judeus.

Certa vez Moshê conduzia as ovelhas por um campo deserto, e viu um fato inusitado: numa colina havia um arbusto espinhoso que estava se incendiando, sem que os ramos fossem destruídos pelo fogo. Moshê olhou com mais atenção e viu um segundo milagre: apenas parte do arbusto estava se incendiando, e o fogo não tocava a outra parte de jeito nenhum.

Moshê ficou admirado pelo maravilhoso espetáculo. Havia outros pastores junto a Moshê, mas apenas o tsadic (justo) Moshê podia ver o maravilhoso arbusto, e somente ele escutou um anjo de D’us que o chamava para que se aproximasse do arbusto.

Quando Moshê chegou perto, D’us lhe ordenou: "Não chegue muito perto! Tire os sapatos, pois estás parado em terra santa!."

A colina era santa pois a shechiná (Divindade) de D’us estava sobre ela. Voltaria a ser sagrada no ano seguinte quando D’us entregaria os Dez Mandamentos ao Povo de Israel sobre esta colina. (Pois a colina onde Moshê vira o arbusto ardente não era outra senão o Har Sinai -Monte Sinai).
D’us disse a Moshê: "Escutei o Povo de Israel chorando por causa do duro trabalho no Egito. Vi que fizeram teshuvá (arrependimento) em seus corações. Vou libertá-los. Vá ao faraó e ordene-lhe: "Deixe partirem os judeus. Você os guiará para fora do Egito."

"Sou uma pessoa muito insignificante," protestou Moshê. "Por que haverias Tu, D’us, de eleger-me o líder que tirará os judeus do Egito? Elege um homem mais importante! Quem sou eu para que o faraó me escute e me permita sair para a terra Santa? Pode estar furioso comigo por ter matado um egípcio – pode até prender-me ou executar-me!"

"Não temas!" tranquilizou D’us a Moshê. "Estarei a teu lado para assegurar teu êxito em liberar o Povo de Israel do Egito. Prometo que o faraó não te fará mal. Esta é uma das razões por que te mostrei a sarça ardente. Foi um sinal: assim como o arbusto não sofreu dano por causa do fogo, não serás prejudicado pelo faraó."

Moshê fez outra pergunta: "Se eu disser ao Povo de Israel que me ordenastes tirá-los do Egito, não me acreditarão. Dirão: ‘D’us nunca apareceu para você! Não acreditamos em você!’"

D’us ficou irado com Moshê por não confiar nos judeus; por pensar que não lhe dariam crédito. D’us esperava que Moshê compreendesse que os judeus eram um povo santo que confiaria nele, pois haviam aprendido de seu antepassado Yaacov e de Yossef, sobre o redentor que D’us enviaria.’
"Como temes que o Povo de Israel não confie em ti, dar-te-ei três sinais", disse D’us a Moshê.
"Estas serão as provas para o Povo de Israel de que foste enviado por Mim."

O Primeiro Sinal

D’us perguntou a Moshê: "Que levas nas mãos?"

"Um cajado," disse Moshê.

"Joga-o no solo!"

Quando Moshê jogou o cajado, este se transformou em uma serpente. Moshê se assustou tanto com a perigosa serpente que se movia em sua direção que começou a correr.

Mas D’us ordenou-lhe: "Pega a serpente pela cabeça!"

Quando Moshê fez o que D’us lhe ordenava, a serpente transformou-se em cajado novamente. Era sem dúvida um sinal maravilhoso que convenceria os judeus de que deveriam crer nas palavras de Moshê. Porém, D’us havia também escolhido este sinal para demonstrar a Moshê que estava aborrecido com ele, por haver falado mal de Bnei Israel ao dizer: "Não crerão em mim!" Desse modo, Moshê havia agido como a serpente no Gan Eden (paraíso) que havia falado lashon hará (calúnias) sobre D’us a Chava. Para que Moshê tomasse consciência de seu erro, D’us utilizou uma serpente como primeiro sinal.

O Segundo Sinal

D’us ordenou a Moshê: "Põe tua mão sobre o peito!"

Moshê pôs a mão dentro da túnica. Quando a retirou, estava branca como a neve. Estava coberta da doença cutânea conhecida como tsara’at. Quando uma pessoa contraí essa doença, a pele fica toda branca.

Logo D’us ordenou a Moshê: "Coloca novamente tua mão dentro da túnica."

Desta vez, quando Moshê a tirou, a mão estava com sua cor normal novamente.
D’us disse: "O sinal de tua mão doente será o sinal que mostrarás ao Povo de Israel."

Este sinal era uma nova prova de que Moshê não deveria ter falado sobre Bnei Israel; "Não me acreditarão!" Como Moshê havia falado mal dos judeus, D’us o havia castigado com uma enfermidade com que D’us castiga as pessoas que falam calúnias.

O Terceiro Sinal

D’us deu a Moshê outro sinal para que mostrasse ao Povo de Israel. Disse-lhe: "Toma um pouco de água do Rio Nilo e joga-a sobre o solo e se transformará em sangue."

Mesmo depois de receber estes três sinais do próprio D’us, Moshê não estava pronto para ir até o faraó.

"Meu irmão Aharon sentir-se-á mal se eu me transformar no líder do povo judeu, e não ele! Ele é um navi (profeta) a quem Tu tens falado e enviado mensagens ao povo judaico. Não sou digno de comparecer perante o faraó, pois tenho dificuldades para falar."

Mas D’us insistiu que Moshê fosse o líder de Bnei Israel. "Teu irmão Aharon te acompanhará na visita ao faraó e ao povo de Israel," disse-lhe. "Ele falará diretamente com o faraó. Tu falarás lashon hakôdesh (hebraico) e ele traduzirá tuas palavras para o egípcio.Leva contigo o cajado, pois com ele farás milagres!