Três mães judias estavam sentadas em um banco discutindo o quanto seus filhos as amavam.

“Você conhece a pintura de Chagall pendurada na minha sala de estar?”, indagou Bety. “Meu filho comprou isso para meu aniversário de 75 anos. Que bom menino, ele realmente ama sua mãe.”

“Você chama isso de amor?”, zombou Doroteia. “Você já viu meu BMW que acabei de ganhar? Foi meu filho Marcos que quis demonstrar sua gratidão por mim!”

Ao que Renata respondeu: “Isso não é nada! Você conhece meu filho Renato? Ele paga muito dinheiro por uma sessão com um psicólogo toda semana. E adivinhem sobre quem ele fala? De mim!”


Lembrei-me desta velha piada judaica ao ler a porção da Torá desta semana. Rivka ouve seu marido cego e idoso, Yitschac, dizendo a seu filho Essav para lhe trazer um pouco de carne de sua caçada para que ele possa abençoá-lo antes de morrer. Rivka instrui Yaacov a personificar seu irmão gêmeo Essav, e lhe prepara a comida que Yitschac aprecia, para que ele, em vez do perverso Essav, receba suas bênçãos.

Mas Yaacov protesta. “Meu irmão Essav é uma pessoa peluda, e eu tenho a pele lisa. Se meu pai me tocar perceberá que sou um impostor, trarei sobre mim uma maldição e não uma bênção.”

“Que sua maldição esteja sobre mim, meu filho…”1 sua mãe responde.

E de fato, Rivka deu a Yaacov a comida e as roupas de Essav para vestir, e o resto é história. Yitschac sentiu as peles peludas que ¥aacov havia colocado em seus braços e ficou confuso, proferindo a agora famosa frase: “A voz é a voz de Yaacov, mas as mãos são as mãos de Essav.”2

No final, Yaacov recebeu as bênçãos, Essav ficou furioso e ameaçou matar seu irmão, e Yaacov foi obrigado a deixar a cidade.

Mas minha pergunta é: Yaacov não amava sua mãe? Ele estava com medo de incorrer na ira de seu pai, mas assim que sua mãe disse: "Sua maldição esteja sobre mim, meu filho", Yaacov concordou em seguir com o estratagema! Você não quer ser amaldiçoado, mas está feliz que sua mãe seja?! Esse comportamento seria adequado vindo de Yaacov, um dos três patriarcas da nossa fé?

Uma abordagem direta que reuni dos comentários é esta:

Quando Yaacov viu que sua mãe estava preparada para assumir tamanha responsabilidade ao arriscar ser recipiente para uma maldição potencialmente letal de Yitschac, ele percebeu que essas não eram bênçãos comuns. Essas bênçãos efetivamente designariam o destinatário como o próximo elo na cadeia de liderança do povo judeu. Qualquer filho que as recebesse determinaria o próprio destino e sorte do povo judeu.

Você consegue imaginar se em nossas orações de todos os dias entoássemos "o D'us de Avraham, Yitschac e... Essav"? Nossa nação teria se tornado quem somos se Essav, em vez de Yaacov, fosse o sucessor espiritual de Yitschac?

Se sua mãe estava preparada para arriscar ser amaldiçoada pelo santo Yitschac, isso era prova suficiente para Yaacov de quão absolutamente crítico era que essas bênçãos fossem conferidas a ele e não a Essav. E então, ali mesmo, Yaacov concordou com o pedido de sua mãe.

Isso também explica como o patriarca Yaacov pôde se passar por seu irmão, diante de seu pai cego.

Todo ano na sinagoga alguém me faz a pergunta óbvia: Como Yaakov Avinu, , pôde mentir?! Como ele pôde dizer a seu pai que era Essav? Mas para salvar uma vida, o engano é justificado. E para salvar a vida e o legado de uma nação inteira, certamente é justificado.

De fato, quando Yitschac percebe o que aconteceu, o que ele diz? Ele não repreende Yaacov de forma alguma. Em vez disso, ele afirma: “De fato, [Yaacov] permanecerá abençoado.”3

Yaacov, como todos os meninos judeus, amava sua mãe. Mas ele e sua mãe amavam a Dus e estavam totalmente cientes da responsabilidade sagrada sobre seus ombros de serem guardiões de nossa fé e de nosso povo. Isso não era um jogo. Não era uma charada. Yitschac, em sua cegueira, ou por qualquer razão, sentiu que Essav deveria receber as bênçãos. Rivka, com sua intuição feminina, porém, compreendia o papel de liderança que deveria ser herdado por Yaacov. Tanto mãe quanto filho estavam totalmente cientes de sua missão de perpetuar o judaísmo e nossa gloriosa nação. E graças à sua coragem, comprometimento e preparação para o sacrifício, a continuidade judaica estaria assegurada pela eternidade.